Capítulo 07

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Ao chegar em casa, fui recebida pela euforia de Miles por me ver. Ele arranhou minhas pernas em várias partes.
Tia Dora estava, como sempre, sentada no sofá e comendo uma coisa qualquer.

– Como foi? – Dora perguntou, com a boca cheia. Sinceramente eu não queria responder, na verdade eu não queria nem que ela falasse comigo, tenho que ter cautela para lhe dizer uma coisa sequer. Tenho certeza que mais tarde ela usaria tudo o que eu disse contra mim, me criticando... para variar.

– Bem legal, na verdade. Eu fiz amizade com duas pessoas e isso já me espanta. As aulas são legais também, e eu me saí muito bem em um debate em filosofia – tirei meus sapatos e os peguei para levar no meu quarto, ou lavar depois, eu só estava muito cansada e tinha um trabalho de linguagem para fazer e entregar amanhã.

– Que bom. Sua mãe me contou sobre aquele garoto que te entregou um desenho, você viu ele? – mamãe olhou para mim imediatamente e em seus olhos vi que eles pediam para que eu não tratasse Dora mal. As vezes é até chato ser uma pessoa educada.
Para falar a verdade, não gostei nem um pouco disso.

– Não o vi. Deve ser só um otário qualquer, ninguém que importe – ela sorriu e encaro isso como uma brecha para eu ir para o quarto.

Miles me acompanhou até eu entrar e fechar a porta. Me desloco até a cama e deixo a mochila em cima.

Eu não estava tão suada, então decidi começar a escrever sobre o tema que foi passado.
Prendo meu cabelo em um coque desleixado, que logo iria se desmontar.
Ajeitei minhas coisas em cima da cama e deitei de barriga para baixo.
Deixo minha mente fluir para que eu possa escrever sobre o tema Racismo. Coloco uma música para tocar ao fundo dos meus pensamentos e começo a escrever.

Meus olhos começam a pesar depois de ler e reler minha redação para confirmar que não tivesse nenhum erro de gramática. Me espanta ter tanto sono de repente, mas decidi usar isso como desculpa para mim mesma e ir tomar uma ducha para relaxar os músculos e tentar esfriar a mente, que trabalhava constantemente pensando no dia seguinte.

Decido derramar sobre meu corpo desnudo uma água extremamente fria, o que não fez que eu despertasse, já que estava fazendo bastante calor.
Meu corpo amoleceu de vez e eu apenas penso em dormir.

Ao me vestir com um short de malha fina e uma camiseta cor de rosa, tão velha que nem se podia perceber a estampa, deitei-me na cama e acabei pegando no sono.

Acordei em um lugar bonito que cheira a algodão doce e chocolate. Havia casas de cores de alto destaque, como um verde combinado com a grama maravilhosamente aparada e vistosa, como o vermelho e amarelo das mais variadas flores, e a cor azul como o céu que parecia ter coberto todo o mundo com esperança e passividade.
As casas eram baixas e muito bem estruturadas e se localizavam no centro de uma floresta encantada, onde não parecia haver maldade.
Havia coelhos, veados e outros animais de diversos tipos e espécies. Alguns estavam ao redor do lagoa que flutuava vitória-régias, e no interior de algumas germinava-se uma linda flor branca.

Avistei um rapaz pela janela, sentado em um sofá marrom, ao redor de uma lareira. Ele apertava os olhos e passava a mão nos cabelos castanhos claros.

Caminho até a janela e ele percebe minha presença e minhas fitagens.
Ele me olha com desdém, revelando seus olhos e suas sobrancelhas acirradas. Ben Parker.
Seus olhos mudavam constantemente de cor, ora verdes como as árvores vivas ao nosso redor, ora âmbar, que nem a melhor abelha do mundo poderia fazer algo tão perfeito.

Meus olhos correm sorrateiramente a procura do restante do seu corpo branco.
Solto um suspiro repentino ao ver o que não devia, ou apenas por surpresa. Ele estava nu.

O Preço do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora