Capítulo 08

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É estranho vestir essa roupa outra vez. O corpo magro pelas tristezas da vida até que fica bem nesse vestido preto decotado em v-neck. Deslizo a mão para baixo dos seios quase aparecendo e sinto minhas costelas sumirem com o descer de meus dedos até a cintura.
Será que alguém mais vê isso que eu vejo?
Meus dedos sentem a seda do vestido. A alça cai pelo meu ombro esquerdo e levo meus dedos até ela para a regular.

– Acho que está bom assim – olho para o espelho e repito isso para o meu reflexo. Minha boca pintada por um vermelho extremamente vivo, transmitia poder e sedução. Não era a minha intenção, já que não tenho quem seduzir, mas eu amo cobrir meus lábios por vermelho. Talvez pela conotação de exalar poder, mas algo aqui dentro diz que essa cor fica muito bem em mim, algo autocrítico.
Tento não reparar em tantos detalhes próprios, para não cair no meu próprio sofrimento, já que minha autoestima não está as melhores, mas reparei na sombra quase mal feita. Tentei fazer algo mais simples, como uma sombra clara brilhante, cobrindo a pálpebra, já que meus lábios carregavam uma cor tão impactante, mas fico satisfeita por não ter estragado tudo.

– Faz tempo que não a vejo tão arrumada. Está linda, Meg – mamãe diz. Pelo espelho posso a ver sentada na cama, me analisando dos pés a cabeça. Ela carregava em seu rosto um sorriso sinceramente orgulhoso do que estava a ver.

– Acho que vou ligar para o Tyler e cancelar tudo. Está tudo indo rápido demais, eu não sei se dou conta de tantos acontecimentos – tenho a impressão que ninguém quer que eu vá, de verdade. Não consigo me imaginar em uma festa com todos aqueles alunos da Cauirton me olhando.

– Megan, você mesma sempre diz para viver intensamente. Seus amigos vão estar lá. Você não estará sozinha – disse ela. Sorri com a tentativa dela.

– Eu posso beber?

– Não abusa da minha bondade humana.

Acabamos rindo e me dou conta que sou bem parecida com a minha mãe, e tenho muito orgulho disso. Admiro tudo referente a ela.

Escuto alguém me chamar do lado de fora e, logo após os gritos, buzinou, ecoando por toda casa o som terrível.
Inspiro com a tentativa de pegar todo o oxigênio que posso e o solto rápido, já que minha caixa torácica se mostrou não ser tão grande, mas agradeço por ainda me manter viva.

Caminho até a cama e pego uma bolsa que já aconchegava meu celular.

– Está na hora da estrela – mamãe brinca. Essas palavras só me deixaram mais nervosa, embora não fosse a intenção.

Eu vou até a porta da sala, para sair.

Dora estava a conversar com alguém pelo telefone, ela dava altas risadas e dizia coisas que eu preferia não ouvir, não naquele momento. Ela estava estirada no sofá com os pés para cima, mas decidi não me importar tanto com isso, já que tinha problemas maiores para resolver. Como o nervosismo.

Caminhei até o carro branco. Não era luxuoso, era apenas um carro popular, mas aparentemente muito bem cuidado.

Abaixei, encostando o braço na porta, olhei para Anna no banco da frente. Quis parecer sensual, mesmo que tivesse falhado vergonhosamente.

– Meu Deus! Olha essa garota! – Kathy diz, sua voz vinha do banco de trás.

Vou até a porta traseira e quando a abro, adentro no carro. Observo mamãe do lado de fora, enquanto eu bato a porta. Ela segurava os braços, o que fez com que eu entendesse que ela possivelmente estaria mais nervosa do que eu.

– Obrigado por deixá-la ir conosco essa noite, senhora... Mãe da Megan – Tyler diz, sorrindo por se envergonhar.

– Espero que cuidem bem dela. Ah... Me chamem de Elisabeth, ou Beth – ela sorri. O carro finalmente começa a dar sinais que partirá.

O Preço do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora