Capítulo 05

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O dia amanheceu caloroso e com o céu mais azul do que nunca, como se naquele dia tudo estivesse maravilhosamente mais vivo. Exatamente como uma manhã de verão escaldante.
As cortinas oscilavam de um lado para o outro pela ventania. As persianas assobiavam pelos movimentos contínuos.
O despertador do celular toca e não fiquei tão surpresa por ter acordado antes dele.

Deixei que a música tocasse por um tempo. Peguei o celular e toquei na tela para desliga-lo. O som parou imediatamente.
Levantei com dificuldade, por estar com o corpo sonolento. A vontade bocejar me invade e eu me contorci em algumas partes.

Meus pés tocam o tapete, e logo me vejo em pé. Enchi minha caixa torácica com todo ar que eu podia e o expirei em um movimento longo e calmo.

Fui até o banheiro e realizei as devidas necessidades particulares.

Puxei o boxe de vidro e me despi.

Logo as dezenas de milhares de gotas de água, como uma chuva tenebrosa, mas bastante quente, caíam sobre meu corpo desnudo.
Ouvia-se o barulho da água com espuma ao ter contato com o chão.
Pendi a cabeça para cima, ao fechar os olhos, e deixei que a água cálida molhasse meu rosto e cabelo por completo.

Depois de um tempo, desliguei o chuveiro e abri o boxe. Peguei minha toalha pendurada no gancho perto da porta de vidro transparente.

Envolvi a toalha azul claro de algodão ao redor do corpo e dei alguns passos. Me vi a frente do espelho retangular.
Olhei para os olhos menos sonolentos, castanhos mas ao mesmo tempo envolvidos com um verde musgo, exaltando a escuridão da pupila em dilatação.
Minha pele estava avermelhada e meus lábios estavam mais hidratados. Sorri para o meu reflexo ao ver o quão linda estava.

Saí do banheiro em um passo e logo estava no meu quarto, que é ao lado.

Decidi cobrir meu corpo com uma t-shirt amarelo claro, com uma escrita na altura do busto, sunshine. Seu acabamento chegava a minha cintura, ou um pouco antes, e não ficava tão agarrada no meu tronco. Na parte debaixo, um short nem tão curto, na cor branca, e um tênis com detalhes em amarelo.

Olhei no relógio e me assustei com o horário, então me apressei ao pentear o cabelo. Passei delicadamente, e o mais rápido que eu conseguia, a escova entre os fios.
Quando percebi que estava bem desembaraçado, peguei o creme capilar, que estava entre algumas prateleiras perto do guarda roupa. O espalhei por todo cabelo e o ajeitei.

Tentei cobrir algumas espinhas que ainda estavam secando com um hidratante e base facial.
Passei um batom leve, só para dar cor aos lábios e alonguei os cílios com rímel.

Caminhei até o outro lado do quarto e resgatei minha mochila. Ela era da cor vinho, e tinha alguns bolsos e zípers na parte da frente, e tinha uma aba para fechar. Peguei meu celular em cima do criado mudo e o guardei em um dos espaços na frente e pendurei a mochila no ombro esquerdo e saí do quarto.

Mamãe e titia estavam tomando café da manhã, e Miles estava brincando de pegar a própria cauda.

– Nossa, como você está bonita – tia Dora me olha e me lança um sorriso. Ela parecia realmente surpresa, e eu deduzi que podia vir a ser um insulto de sua parte, ou talvez desconfiança e insegurança da minha.

– Ela sempre está bonita – mamãe rebateu, o que fez com que eu me sentisse realmente bonita. Eu sorri para as duas.

– Obrigada – foi tudo o que consegui responder.

Me sentei ao lado de mamãe e titia ficou a minha frente.
Mamãe pegou o bule e despejou café na minha xícara dos The Beatles, que alguém havia me dado certa vez, e enquanto isso, fui ajeitando a mochila na cadeira ao lado.

O Preço do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora