Capítulo 12

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Posso ouvir a água em contato constante com o chão do banheiro da suíte, enquanto estou com o corpo esticado sobre a cama extremamente confortável de Anna.
Sinto uma leve fadiga e tento recuperar o meu ritmo respiratório fleumático, inspirando cada vez com mais intensidade e logo após de contar até três, soltei todo ar que havia inalado.
Sinto uma certa angústia afagar a região do busto e a dificuldade em respirar retorna. Minha respiração se torna apressada e me pergunto o porquê de estar acontecendo isso. Sei bem o por quê, mas parece bem mais fácil fugir do que encarar essa coisa sem controle.
Levo os meus pés para fora da cama e empurro o peso do corpo, em uma tentativa de levantar, com a esperança de que esse desconforto acabe.
Decido sair do quarto e esforço-me em ativar o corpo.

O corredor não parecia sombrio e estreito agora que está consideravelmente iluminado.

Meus olhos correm para a porta entreaberta quase ao final do corredor. O silêncio daquela casa começa a se tornar perturbador.
Enquanto meus pés insistem em ir para um destino, meu coração gritava para espiar entre os espaços da matéria amadeirada.

Posiciono a cabeça diante a porta e vou a procura de Benjamin. Seu quarto estava tomado pela escuridão e me vejo em tremenda dificuldade em ao menos saber como ele estava.

Empurrei levemente a porta em minha frente e a observo se abrir em um ângulo próximo a noventa graus.
Decido entrar e rezo para não acabar tropeçando em algo.
A luz que vinha do corredor resulta em certa iluminação para dentro do cômodo, o que me possibilitou enxergar o possível.

Reconheço a extensa prateleira com livros e finalmente meus olhos repousam no corpo estendido sobre a cama.
Caminhei sutilmente até ele e deduzi que estivesse a dormir.
Ele maneou a cabeça e percebe minha presença, enquanto me olhava com dificuldade.

– Q-quem é você? – sua voz entonada deprimida soa por meus ouvidos. Esforcei-me para compreender o que disse.

– Sou Megan. – O via cada vez mais nítido enquanto eu me aproximava do seu corpo esticado.

Sinto a maciez do leito ao me sentar ao lado de Benjamin.
O frio no estômago indica nervosismo, embora não tanto, porque vejo o garoto que, mais cedo tentei acabar com seu egocentrismo, agora tão vulnerável a qualquer coisa. Apenas me pergunto o que o levou a chegar naquele estado tão deprimente.
Percebo sua dificuldade em manter os seus olhos abertos para me olhar.

– O que faz aqui? – Ele praticamente sussurra. Sinto pena em o ver tão debilitado.

– Só queria ver como você estava. – tento manter minha voz calma para que não o assustasse. Começo a brincar com os meus dedos praticamente congelados.
Por mais ciente que estivesse sobre que ele não poderia fazer nada comigo naquele estado, estar perto dele, tecnicamente um desconhecido, me fazia tremer. Não sentia medo, apenas não sabia o que esperar, e, ao mesmo tempo, essa é a melhor parte. A sua imprevisibilidade.

– Ah... Bom, eu estou dopado por três tipos de remédios, então... – em uma tentativa de sorrir, falhou lamentavelmente. Tudo o que escuto é uma melodia dolorida.

– Há algo que eu possa fazer por você? – minha mão esquerda vai até o seu ombro, mesmo que involuntariamente, e logo me repreendo por talvez estar invadindo sua privacidade.

– Penso que ninguém pode, – Ele dá uma pausa para respirar – Mas algo me faz querer ficar perto de você.
Tento disfarçar o riso envergonhado em um movimento de colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Fico feliz por ouvir algo gentil sobre mim saindo por aquela boca polpuda.

– Como você está se sentindo? – tento manter o controle, para que não acabasse sendo levada por minhas emoções.

– Cansado.

O Preço do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora