DRM • de repente mãe

17

Esperar estava me matando.

A audiência sobre a adoção de Beatriz estava acontecendo nesse momento. Infelizmente não pude comparecer, Lamar me garantiu que não havia necessidade.

Beatriz estava dois andares abaixo do meu, junto com Débora. O pessoal estava levando a sério o "operação babá", íamos terminar a semana sem que os Beauchamp percebecem a existência de um bebê no prédio. Ao menos era o que acreditávamos, já que os dois não falaram nada sobre o assunto.

Chequei novamente meu celular, e como antes, não havia nada. Lamar prometeu que me ligaria assim que terminasse, mas e se ele tivesse esquecido? E se precisou fazer algo mais importante? Quis jogar o trabalho pro ar e ir até o tribunal, precisava saber o que havia sido decidido. Necessitava de uma resposta.

— Se continuar estressada desse jeito não chegará aos trinta.

Revirei os olhos, ele poderia ser mais educado e bater na porta antes de entrar? Iremos esquecer por segundos que ele é o dono desse prédio e que tem direito ao lugar todo.

— O que você quer Joshua?

— Uau, agora eu sou apenas o Joshua?

Tudo o que eu precisava, Joshua Beauchamp me infernizando. Desejei tê-lo visto antes de entrar em minha sala, assim poderia ter trancado a porta.

— Irá me contar o que está fazendo você soltar fumaça pelos ouvidos?

— Não estou soltando fumaça pelos ouvidos.

— Está parecendo. — respirei fundo. Deus, me dê paciência antes que eu cometa um assassinato.

— A audiência é hoje.

— E está nervosa por qual motivo? — olhei para ele como se a resposta fosse óbvia, e definitivamente era.

— Pelo visto ainda não sabe.

— Não sei o que? — ele sorriu.

— Parabéns Any Gabrielly Soares você é oficialmente a mãe de Beatriz Deinert Urrea.

Olhei para ele surpresa, ele estava brincando certo? Quais as chances dele saber disso antes de mim? Ok era muitas.

— Não brinque com isso Joshua.

— Não estou. — seu tom calmo me fez sorrir — Vim te parabenizar.

— Como soube?

— Tenho meus contatos.

— Joshua. — ele sorriu.

— Parabéns mamãe.

Ele se retirou da sala, sem ao menos me explicar como descobriu primeiro. Segundos depois meu celular tocou, era Lamar, que Joshua não tenha mentido.

— Any está sentada?

— Sim, o que aconteceu?

— Você conseguiu você é oficialmente a mãe de Beatriz.

Olhei para a porta do elevador no fim do corredor que se fechava, Joshua sorria diretamente para mim. Não gostava nenhum pouco do modo como pessoas ricas como os Beauchamp ganhavam tudo o que queriam, mas naquele momento não me importei. Sabia que havia dedo de Joshua naquele processo, ele não me deixaria perder Beatriz, mesmo que para isso tivesse que gastar milhões.

— Temos que comemorar. — a voz de Lamar me trouxe de volta a realidade.

— Claro, nós vamos comemorar, agora preciso ir, nos falamos mais tarde.

Encerrei a ligação. Precisava ver Beatriz, minha filha. Apenas o peso dessa palavra me fez sorrir. Eu era mãe agora, não do jeito que planejei, mas era, e não podia estar mais feliz.

Ao chegar na sala de Débora encontrei o lugar vazio, chequei o grupo de mensagens que tínhamos, ainda era o horário dela, mas não havia nada ali além de um bilhete.

"Débora está em reunião coração."

Gelei. O apelido já entregava.

Como pude ser tão ingênua em pensar que os Beauchamp não saberiam o que se passa na própria empresa. Me dirigi de volta para o elevador, indo direto para o penúltimo andar do prédio. Não precisei de muito para saber que o cretino estava com a minha filha. A risada dela preenchia todo o ambiente. Entrei na sua enorme sala, ambos estavam sobre o sofá. Beatriz ria enquanto Joshua fazia cosquinha nela.

— O quanto ganho se te processar por sequestro?

— Olha só Bia, sua mamãe está aqui.

— Bia?

— Sim, melhor do que chamá-la de Beatriz.

— Mas é o nome dela Joshua.

— E daí? O que impede dê ter outro?

— Desde quando sabe?

— Desde o primeiro dia.

— Por que não falou nada?

— Queria ver o que faria com ela, apenas isso.

— Certo, aonde está a carta de demissão?

— O que faz pensar que eu a demitiria?

— Escondi algo dos meus chefes, e esse algo é um bebe que pode muito bem manchar a imagem da empresa.

— São bons motivos coração, mas ainda assim não seria capaz de demiti-la, afinal quem me desafiaria em uma reunião.

— Você é o chefe, todos iram abaixar a cabeça, não querem perder o emprego.

— Mas você não.

— Não sou eles.

— Eu sei coração.

— Poderia devolver minha filha?

— Humm... Não.

— Joshua!

— Deixa de ser chata Gabrielly, todos nessa empresa já passaram um tempo com ela, agora é minha vez.

— Não.

Joshua me ignorou, voltando toda sua atenção para Beatriz.

— Terá tempo o suficiente para brincar com o seu filho quando ele nascer, agora devolve Beatriz.

— Filho?

— Sofya, gravidez. — encarei ele com tédio.

— Ah, isso.

— Pensei que estivesse feliz, será papai.

— O filho não é meu, coração.

— O que? Mas...

— Eu sei, foi noticiado pelo mundo inteiro que serei pai do filho de Sofya, mas não serei, não é meu.

— E como tem tanta certeza disso?

— Simples, não transei com ela desde que terminamos a meses atrás.

— E porque aceitou tudo isso? Você foi na minha casa pedir perdão.

— Minutos de fama, e para sua próxima coleção.

— Próxima coleção? Joshua eu não tenho outra.

— Vi seu caderno de desenho, as roupinhas e acessórios de bebê.

— São apenas esboços.

— Que logo mais terão seu nome, e estarão em todas as lojas infantis.

— Joshua...

— Sei que deveria ter contato antes, mas você me conhece, sabe que eu amo um holofote.

— Então Sofya não está...

— Está, mais não de mim.

Olhei para ele, tentando assimilar tudo o que ocorreu recentemente.

— Deveria seguir carreira de ator, se daria bem.

Ele riu. Me sentei ao seu lado no pequeno sofá de sua sala. Acariciei as enormes bochechas de Beatriz. Pensei em Sina, e em como estaria feliz pela minha recém conquista. Agora Beatriz era completamente minha. Minha eterna lembrança dos meus melhores amigos, estaria ali comigo, para sempre em meus braços.