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Você deve estar se perguntando "se queria tanto me ver e ter momentos comigo, por que me deixou? Por que seguiu com a gravidez? Ah minha pequena Beatriz, eu nem sei como contar isso para você.

O cafuné de Joshua era algo maravilhoso, e que eu nem se quer me dava conta que sentia falta daquilo. Estar em seus braços novamente era reconfortante, me sentia pronta para enfrentar qualquer coisa.

— O que acha de sairmos para comer?

— Péssima ideia.

O modelo riu, me tirando de sua perna para levantar-se. Olhei-o com ódio, eu estava gostando de ficar assim.

— Estou começando a achar que você não quer ser vista comigo, coração.

— Droga, você descobriu. — ri da sua cara de indignação, sentei-me no sofá, tentando inutilmente arrumar meu cabelo.

— Você ainda continua linda com os cabelos bagunçados.

— E você fica lindo de boca fechada.

— Por que tão agressiva? — sorri para ele, me levantando do sofá. Olhei para a janela no apartamento, a noite já havia caído ao lado de fora. Quanto tempo ficamos ali?

Segui para o quarto de Beatriz, a bebê brincava quietinha com seu urso no berço, olhei para ela surpresa. Era a primeira vez que a via quieta sozinha, principalmente depois de acordar.

— Oi meu amor. — disse pegando ela no colo — Vamos tomar banho? Você está precisando de um.

A mais nova continuava alheia ao que eu dizia, seus dedos gordinhos pareciam mais atrativos do que qualquer coisa. Eu poderia considerar uma traição aquilo? Afinal ela estava me trocando.

— Vou comprar nosso jantar. — Joshua disse, se encostando no batente da porta do banheiro — Talvez eu demore um pouco, irei passar em casa para pegar algumas roupas.

— Pensando em dormir aqui pequeno gafanhoto?

— Esse é definitivamente um péssimo apelido coração, mas sim, irei dormir aqui.

— Quem disse? Não te convidei.

— Mas Beatriz sim, né princesa do tio.

Beatriz olhou para o rapaz, bocejando em seguida. Deixei-a no tapete do banheiro, enquanto enchia sua banheira. Entreguei seus sapinhos de borracha que usávamos durante o banho.

— Alguma preferência?

— Apenas que volte logo com a comida.

Joshua riu, saindo do banheiro rapidamente. Segundos depois ouvi a porta principal se abrir e fechar, voltei-me para Beatriz, que ainda se mantinha encantada com suas mãozinhas. Testei a temperatura da água, estava perfeita. Despi a bebê, colocando a mesma dentro de sua banheira com os sapinhos. Beatriz bateu as mãos na água, fazendo ondinhas na banheira. Puxei seu sabonete e bucha, passei a esfregar seu corpinho enquanto a bebê brincava com os sapinhos na água. Enquanto enxugava a menor acabei me distraindo, voltando a realidade apenas quando Beatriz jogou água em meu rosto. Olhei para ela, sua gargalhada me impediu de gritar brava com ela, o sapinho em sua mão denunciava ser a arma do crime.

— Beatriz, Beatriz.

Espalhei o shampoo por seus fios loiros, esfregando um pouco antes de retirar e repetir o processo com o condicionador. O cheiro gostoso aquele produto me fazia amar ainda mais Beatriz, retirei todos os produtos de seu corpo e a deixei brincar com os sapinhos enquanto buscava sua toalha na porta do banheiro.

— Vamos sair bebê? A água está ficando gelada.

Beatriz bateu as mãos na água mais duas vezes antes de estender os bracinhos para cima, peguei-a enrolando na toalha de ursinho. Levei-a para seu quarto, escolhi um macacão azul bebê sem desenho, lembrava de ter comprado aquela peça de roupa na última compra que fiz para Beatriz, iria modificar a peça, mas acabei não tendo tempo para fazer. Coloquei sua frauda, e vesti-a com o macacão, tentei inutilmente arrumar seu cabelo, mas nada o deixava arrumado.

— Vem princesa, vamos assistir um pouco de desenho.

Peguei-a no colo, caminhando para a sala. Deixei Beatriz sentada sobre o sofá, enquanto organizava a bagunça do cômodo. Joshua havia feito pipoca enquanto ainda estávamos vendo filme, e acabou derrubando uma boa parte dela no chão. Liguei a televisão, procurando pelos canais infantis.

— O que quer assistir pequena? Patrulha canina ou masha e o urso?

Olhei as sinopses dos episódios que estavam passando, já havíamos assistido mais de uma vez. Conectei o YouTube, buscando pelo canal do mundo Bita, coloquei a música "fazendinha". Beatriz bateu palminhas quando começou a canção.

— Bom dia, o sol já nasceu lá na fazendinha. — cantei junto, enquanto terminava de organizar a sala — Acorda o bezerro e a vaquinha que já cocoricou dona galinha.

— Linda canção coração.

Assustei com a voz repentina de Joshua, estava tão distraída com a música e a arrumação que nem se quer ouvi a porta se abrir. O modelo deixou as sacolas sobre o balcão, e sua mochila perto da porta.

— Ótima maneira de testar meu coração, obrigada Josh, agora sei que não tenho problemas cardíacos.

— Não foi minha intenção. — riu — Quer ajuda para arrumar as coisas?

— Não, já terminei. O que trouxe? — olhei curiosa para as sacolas, logo identificando o logotipo do Mcdonald's. Voltei minha atenção para o modelo com uma linda careta — Lanche de novo Joshua?

— Desculpa coração, é que o brinquedo do McLanche feliz era do Super Mario, não resisti.

Prendi a risada ao ver o modelo tirar sete McLanche feliz da sacola, olhei-o surpresa. Joshua conseguia ser pior que uma criança "viajar pelo safari" passou a tocar na televisão, fazendo Beatriz resmungar e bater palminhas. Não duvidaria se a primeira palavra dela fosse alguma parte das músicas do mundo Bita.

— Quantas vezes ela assiste por dia?

— O dia inteiro meu pequeno gafanhoto.

— Vai realmente me chamar assim?

— Sim. Agora diga-me, qual é o meu?

— Três seu, três meu e um da Beatriz.

— Lanche para Beatriz? Joshua!

— O que? Não pode?

— Não.

— Mas olha esses olhinhos pedintes, coração.

— Joshua Beauchamp, não.

— Vamos lá amor, só um pedaço.

Revirei os olhos, mesmo com o coração levemente acelerado. Ele havia mesmo me chamado se amor? Que momento da nossa vida eu havia perdido? Respirei fundo, antes de voltar a falar.

— Certo, apenas um pedaço.

Joshua sorriu. O modelo desembrulhou um dos lanches, levando a comida até a boca de Beatriz. Peguei o celular de seu bolso, tirando diversas fotos enquanto a bebê se deliciava com o lanche. Sabina me mataria depois por isso? Provavelmente, mas a satisfação de Beatriz me traria uma morte satisfatória.

DRM • de repente mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora