25

10.9K 1.1K 363
                                    

— Já está pronta? — me virei para Joalin, parada no batente da porta com Beatriz em seu colo.

— Sim.

— Vamos então, Sabina está nos esperando lá embaixo.

Assenti seguindo as duas. O almoço com meus pais era hoje, e claro, eles convidaram Joalin também, haviam simpatizado com ela.

O caminho inteiro foi silencioso. Era a terceira vez que eu o pedia para ir, e a cada ida dele doía mais. Pensei que seria mais fácil vê-lo partir, mas não foi, e lidar com isso estava sendo complicado.

— Filha! — a voz de meu pai acabou com o silêncio instalado entre mim e Joalin por todo o caminho. O mais velho estava na porta de sua casa, e como em toda minha infância e adolescência, ele usava um avental.

— Pai. — meu corpo foi puxado para si, sorri, mesmo sendo massacrada.

— Vem, entrem.

Seguimos ele para dentro da casa, já muito conhecida por mim. Priscilla logo apareceu, levando Joalin para um pequeno tour, me deixando sozinha ali. Acompanhei meu pai para a cozinha, ele estava concentrado demais para conversar, e agradeci por isso.

Doze anos antes

— O que você está fazendo?

— Vou cozinhar para você coração.

— Ao menos sabe fazer isso Josh? — o rapaz sorriu, e naquele momento me perguntei se precisava esperar para ligar para os bombeiros.

— Você vai queimar minha casa.

— Eu não vou coração.

Revirei os olhos. Sentei-me sobre o balcão da cozinha, observando Joshua organizando os ingredientes que usaria.

— Ao menos posso saber o que irá fazer?

— Surpresa coração.

— Para de me chamar assim.

— Você me chama de "Josh".

— Todo mundo chama você assim. — ele revirou os olhos, voltando sua atenção para o que fazia.

A demora dele para ligar o fogão, me deu a confirmação que ele não sabia o que estava fazendo.

— Não coloque fogo na minha casa!

— Não irei.

Gargalhei ao vê-lo jogar uma cebola inteira na panela.

— Preparando uma refeição para matar vampiros?

Ele me ignorou, focando na panela. Mesmo com toda sua concentração, queimou a cebola.

Revirei os olhos, descendo do balcão.

— Sai, me deixa fazer isso.

— Não, eu consigo.

— Não irei pagar para ver.

Atualmente

Sorri com a lembrança, deixamos tanto tempo a panela no fogo, que por mais que limpássemos ainda haveriam marcas no fundo da panela.

— No que está pensando?

— Hm? — meu pai sorriu, em suas mais estava uma enorme travessa de lasanha.

— No que está pensando?

— Nada.

— Any.

O olhar de meu pai me trouxe uma onda de carinho e saudade. Ele sempre usava o mesmo olhar para mim quando desconfiava de algo, e sempre, sempre mesmo, conseguia a verdade, por mais que demorasse a vir a tona, ele sempre descobria.

DRM • de repente mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora