16

12.4K 1.2K 282
                                    

Sempre pensei em como mataria Joshua. E naquele momento eu tinha uma lista enorme. Suas mãos firmes ainda estavam sobre minha cintura.

— Quase me matou do coração Joshua Beauchamp.

— Desculpa, vocês estão bem?

— Poderia ter dito meu nome, sei lá. — suspirei em partes aliviada. Ainda queria matá-lo, no entanto me controlaria no momento.

— Mas eu disse, Any estou chamando você o caminho inteiro.

QUE?

— Me deixou preocupado.

— Não precisava se preocupar.

— É você Any, eu sempre irei me preocupar — revirei os olhos.

— O que você faz aqui?

— Depois que me ligou e não explicou nada, fiquei preocupado com vocês. — olhei sua roupa, eram muito mais simples do que ele costumava usar no dia a dia. — Quando cheguei no seu prédio, o porteiro me informou que você tinha saído.

— E como me achou?

— Isso foi completa sorte.

Suspirei cansada, eu havia criado uma enorme confusão por apenas uma mamadeira e uma lata de leite.

— O leite de Beatriz havia acabado, precisei sair para comprar.

— Por isso me ligou.

— Sim. — respondi mesmo que não fosse uma pergunta.

— Poderia ter me pedido para comprar.

— Está tarde Joshua, fora que isso é totalmente antiprofissional, você é meu chefe, lembra? — Joshua revirou os olhos.

— Quando você voltou a me rotular como apenas seu chefe?

— Quando você se tornou meu chefe.

— Any...

— Preciso ir, desculpa senhor Beauchamp, não irá se repetir.

— Não faz isso Any, por favor.

Ignorei sua fala. Me livrei de sua mão e fiz o caminho de volta para o prédio que morava. Joshua não me seguiu, mas desejei que tivesse. Ao chegar em casa, fiz o leite de Beatriz. A bebê mamou totalmente feliz. Busquei uma enorme coberta em meu quarto, me deitei sobre o sofá juntamente com Beatriz e adormeci admirando a noite estrelada.

Acordar de bom humor nunca foi mais fácil do que naquele dia. A pouca luz de sol que entrava pela janela, deixava a bebê que dormia sobre mim ainda mais bonita.

Me levantei do sofá, deixando a pequena ali por mais um tempo. Teria que voltar para a empresa, o problema era Beatriz. Não tinha com quem deixá-la, seus avós estavam do outro lado da cidade, os irmãos Hidalgo não poderiam me ajudar, muito menos Lamar. Todos trabalhavam o dia inteiro, e eu não conseguiria deixá-la na mão de algum desconhecido. Pensei novamente na possibilidade de chamar meus pais, mas a ideia logo desapareceu da minha cabeça.

Me arrumei com a roupa social de sempre, organizei a bolsa de Beatriz e depois a própria bebê. O macacão verde-água realçava ainda mais seus fios loiros. Aquela menina nunca saberia o que era ser feia.

Chamei um uber assim que terminei tudo. Peguei a bolsa de Beatriz e a minha, o carrinho de bebê e por fim, peguei a Beatriz. Estava completamente sem jeito, joguei as bolsas no carrinho, e permaneci com Beatriz no colo. Como as mães conseguem fazer isso? Ao chegar no térreo, o uber já me esperava, e para minha sorte o rapaz era muito simpático. Me ajudou a colocar as coisas no carro, e até mesmo cantou para Beatriz, que retribuiu com o seu sorriso banguela.

O andar que sempre permanecia vazio, hoje estava lotado. Diversas pessoas me esperavam assim que cheguei, e claramente a espera não era por mim, mas sim por Beatriz. A bebê estava sendo mais paparicada que nunca.

No final do dia estava completamente cansada, e Beatriz aparentemente também. A bebê passou o dia todos nas mãos de diversas pessoas, parando em minha sala apenas por uma horinha. Todos estavam amando Beatriz, e se revessavam para ficar com ela e realizar suas tarefas. Me fizeram prometer que traria ela pelo resto do mês, e não pude recusar afinal não sabia com quem deixá-la. Ainda não havia falado com os Beauchamp, mas acredito que se Beatriz passar despercebida por um tempo, não me traria problemas. Além de que, mais da metade das pessoas naquele prédio estavam dispostos a me ajudar, estavam até mesmo fazendo um conograma com seus compromissos e tempos livres.

Juntei minhas coisas, deixando Beatriz no carrinho e as bolsas em meu ombro. Sai rumo ao elevador, o andar estava um completo silêncio. Sabia que os únicos restantes no prédio estavam em uma reunião com Ron, por sorte, eu havia fugido de estar lá também.

Entrei no elevador, prestando atenção em Beatriz quase adormecida. O dia havia sido cansativo para nós duas, mas por sorte Lamar estava a nossa espera na recepção.

— Oi.

— Oi. — sorriu — Como foi o dia de vocês?

Lamar pegou as bolsas em meus ombros, enquanto andávamos para o lado de fora do enorme prédio. Seu carro estava estacionado bem à frente da porta.

— Cansativo e o seu?

— Perdido.

Tirei Beatriz do carrinho, permitindo que Lamar guardasse no porta-malas do carro. Não demorou muito para entramos no carro, e Lamar começou a dirigir para o meu apartamento.

— O que aconteceu?

— Um caso difícil.

Lamar sempre me contava sobre seus casos, exceto quando eles eram referentes a alguém de muito poder. Por mais que fossemos amigos e confiávamos um no outro, Lamar não gostava de entrar em nenhum detalhe.

— Político?

— Não, porém com tanto poder igual.

— O caso é muito difícil?

— Sim, mas daremos um jeito de ganhar.

— Lamar!

O rapaz não ousou olhar para trás, sabia que se olhasse para mim, eu o faria falar. Não gostava quando Lamar atendia pessoas com muito dinheiro como os Beauchamp, eles nunca jogavam limpo, sempre tentavam tirar vantagem de tudo e usavam o dinheiro para calar qualquer um. Chegando no prédio em que eu morava, Lamar apenas me ajudou a levar as coisas para dentro antes de ir embora, sabia o quanto eu me incomodava com o que fazia para aquelas pessoas, ele próprio não gostava mas o pagamento era bom, como ele poderia recusar?

Ao entrar no meu apartamento, o cansaço me derrubou. Não havia reparado quão cansada eu estava até pisar em casa. Deixei as coisas no chão, retirei os sapatos e a calça social que eu estava. Peguei Beatriz no colo, indo para o banheiro. Enquanto a banheira se enchia, retirei a roupinha de Beatriz e a sua fralda. Testei a água antes de colocar ela dentro.

Dei um banho rápido na bebê e depois sua mamadeira. Antes mesmo de terminar seu leite a pequena já dormia profundamente. Deixei-a em seu berço, arrumei a babá eletrônica que Bailey havia comprado. Deixei a telinha que mostrava a bebê sobre o balcão da cozinha. Precisava fazer algo para jantar, a ideia de apenas pedir algo era tentador, mas infelizmente não era rica o suficiente para me dar o luxo de ifood todos os dias, agora eu tinha que comprar leite em pó e garanto que não são baratos. Abri os armários em busca de algo simples para fazer, acabei escolhendo fazer crepe. Fiz rapidamente a massa e o recheio, quase colocando fogo na cozinha. O final foi surpreendentemente delicioso, havia me esquecido o quão delicioso era comida caseira.

O cansaço estava me impedindo novamente, mas a bagunça em minha cozinha implorava para ser arrumada, não poderia negar seu pedido. Beatriz dormia o tempo inteiro, provavelmente estava tão cansada quanto eu. Levei uma hora e meia para terminar tudo, a cozinha estava impecável novamente e meu corpo clamava por um descanso. Antes de realizar o pedido do meu corpo, parei no banheiro, tirei minha roupa e entrei no box. A água quente me fez relaxar completamente, poderia passar horas ali, no entanto minhas pernas já começavam a vacilar. Sai do banheiro ainda relutante. Vesti meu pijama, e me joguei sobre a cama. Dando o tão esperado descanso que meu corpo pedia.

DRM • de repente mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora