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— Podemos conversar? — Joshua levantou os olhos de seus papéis para mim, estava surpreso.

— Claro, aconteceu algo? — sentei-me de frente para ele, tomando fôlego.

— Não exatamente. — o modelo me encarou, esperando que eu continuasse — Quando te pedi para ir embora pela primeira vez, doeu, e muito, mas algo em mim dizia que era o certo, a segunda, eu nem precisei sentir, você permaneceu aqui. Mas agora...

— Agora...?

— Eu não sei Joshua, não consigo apenas... te deixar ir.

— E o que você quer Any? Que eu me senta nesta cadeira, e espere você decidir o que quer fazer? Que eu espere você me chamar de volta? — seu tom neutro me fez gelar, odiava quando ele o usava, nunca conseguia interpretar ele.

— Não, eu não...

— Fala Any, o que lhe trouxe aqui?

Respirei fundo. Nem eu sabia o que fazia ali, poderia pedir para que ficasse na minha vida, que me amasse, mas não conseguia dizer em alto e bom som. Suplicar amor é humilhante e nenhum ser humano devia se humilhar a tal ato, porém, ainda assim, eu queria me humilhar naquele momento.

— Eu não sei. — Joshua olhou o relógio em seu pulso.

— Certo, tem duas horas para pensar, até meu turno acabar.

— É dez da manhã Joshua.

— Duas horas Soares.

— Esquece que estivesse aqui. — Joshua riu, olhei para ele confusa — Qual a graça?

— Você.

— Como?

— Não é difícil dizer o que sente, ou pensa, apenas fale.

— Para você é fácil.

A porta se abriu em um baque.

— Desculpa interromper. — Alex falou — Seu pai solicita sua presença, senhor Beauchamp.

Joshua se levantou, organizou rapidamente os papéis em sua mesa.

— Vejo você lá em cima, daqui a duas horas.

Encarei confusa o modelo sair da sala junto com Alex.

(...)

— Eu não sei o que significa Jojo. — revirei os olhos, mesmo que ela não pudesse ver.

— Como não? Any Gabrielly, você tem que saber.

Depois de ser deixada na sala do Beauchamp mais novo, acabei voltando para minha e liguei para Joalin. A fala de Joshua ainda rondava minha mente, não fazia ideia do que ele se referia.

— Acontece que eu não sei. — suspirei cansada, minha mesa estava uma bagunça, diversos desenhos espalhados ali.

— Pense es alguma coisa que seja apenas de vocês.

— Joalin, não temos uma coisa só nossa há anos.

— E o que tinham?

Como um estalo em minha mente.

— A cobertura.

— O que? Que cobertura mulher?

— Nos vemos mais tarde, tchau Jojo.

Desliguei rapidamente, não dando a chance para ela me responder. Chequei o relógio, ainda me restava uma hora e meia até vê-lo. Tentei focar nos papéis em minha mesa, mas não conseguia. Minha mente gritava por ele.

— Isso aí é fumaça? — me assustei ao ouvir a voz de Lamar. Levei o olhar para a porta, aonde o rapaz se encontrava encostado no batente, ele riu — No que está pensando?

— O que faz aqui?

— Me responda primeiro.

— Nos desenhos.

— Any você não sabe mentir.

— Joshua Beauchamp, feliz agora?

— O que aconteceu?

— O que faz aqui? — perguntei novamente.

— Trabalho para os Beauchamp agora, esqueceu?

— Pensei que fosse representar Sofya.

— Sim, é isso que eu estou fazendo. Agora me diga, o que aconteceu?

— Eu mandei ele embora novamente, mas ao que tudo indica, meu coração não aceitou isso dessa vez.

Lamar riu.

— E está esperando o que para ir falar com ele?

— Hora marcada.

— Pensei que fosse vip. — zombou, revirei os olhos. A audácia do ser humano é inacreditável — Quer ajuda com os papéis? — sorri com a sua proposta.

— Eu adoraria.

Lamar se sentou na cadeira em minha frente. Expliquei para ele o que deveria ser feito, e minutos depois estávamos separando os desenhos, escolhendo os melhores tecidos e cores. A hora passou rapidamente, apenas me dei conta disso quando Alex entrou em minha sala, avisando que a reunião dos Beauchamp havia acabado, e que eu havia sido liberada mais cedo. Sabia bem quem havia me dado o resto da tarde de folga. Me despedi de Lamar e Alex, segui para a escada de emergência, era a única maneira de chegar lá em cima. Ao abrir a porta, meu coração saltou pela boca, minha mente se perdeu em lembranças. Aquele lugar era completamente nostálgico para mim. E como esperado, Joshua estava lá. O modelo apreciava a paisagem.

— Pensei que essa área fosse restrita para os funcionários.

Ele não precisou se virar para mim, mas eu sabia que ele estava sorrindo.

— Poderia ter feito uma entrada mais triunfante.

— Desculpa não deu tempo de encomendar elefantes.

— Eu agi por impulso. — confessei — Pensei estar fazendo o certo, mas a verdade é que, eu fiz exatamente o que Marie queria.

— Porque não contou para o Lamar sobre Marie?

— Contou para ele?

— Pensei que ele soubesse.

— Joshua! — respirei fundo, porque ele sempre testava minha paciência? — Quem mais sabe?

— Além de Lamar? Meu pai e Sofya.

— Joshua Beauchamp, pedi para ficar fora disso.

Ele sorriu, virando-se para mim.

— Sabe que nunca te deixei desprotegida, e não será agora que deixarei.

— Falei que daria um jeito nisso sozinha.

— E olha só onde estamos agora. — revirei os olhos — O que quer fazer agora?

Encarei ele, estava sério, por mais que eu gostasse de vê-lo daquele modo, aquele não era um bom momento para apreciá-lo.

— Eu não sei. — confessei.

— Coração, você precisa se decidir. Apesar de eu sempre estar aqui, ainda irei me cansar desse vai e volta.

Suspirei. Eu o amava, mas porque era tão difícil pedir para que ficasse comigo? Para que tentássemos algo novamente, porque era tão complicado?

DRM • de repente mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora