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Respirei fundo ao sair do elevador. Joalin me convenceu de ir ver Carlos Soares, eu estava contente em fazer isso? Não. Desejei com todas as minhas forças que minha mãe não estivesse com ele, algo que era praticamente impossível, já que eles não ficavam longe um do outro. Me contive na porta. Priscila dormia no ombro dele, seu sono parecia conturbado, e naquela posição que ela estava, imagino que ficaria com uma dor insuportável depois, mas suas mãos estavam unidas. Me encostei no batente da porta, apenas observando o casal. Eles não havia mudado quase nada, apenas o cabelo do meu pai, que agora estavam totalmente branco, e minha mãe com um pouco mais de ruga em seu rosto, mas ainda pareciam os mesmos. Pensei em sair dali, era o momento deles, porém Carlos me viu. Abriu um sorriso ao olhar nos meus olhos, me chamando com um leve balançar de cabeça, no qual não consegui recusar.

— Oi. — disse após um longo silêncio.

— Oi. — sorriu — Você está linda.

— Obrigada, adorei o cabelo. — deu uma leve risada.

— Sua mãe não muito. — sorri, eles não mudaram nada. — Como você está?

— Estou bem e vocês?

— Também, e como vai Sina?

Travei por instantes, certo como contaria que minha melhor amiga estava morta e que agora eu era mãe da filha dela, ou melhor, como eu contaria que a bebê era filha de Noah que já está morto a dois anos e meio? Ah, e ainda tinha o lance com o Joshua.

— Bom. — respirei fundo — Sina morreu.

— Uou, eu sinto muito. — sua mão tocou a minha, fazendo um leve carinho — Eu não fazia ideia.

— Tudo bem, ela teve uma filha.

— Nossa, deve estar sendo difícil para os Deinert.

— Na verdade...

Fiz uma pausa, procurava a palavra certa, mas nada que vinha parecia bom o bastante. Carlos me encarava, esperando que terminasse.

— A bebê está comigo, tecnicamente... Eu sou a mãe de Beatriz.

Seu queixo caiu, seus olhos encheram de lágrimas, certo esse não era o reencontro que eu havia planejado, para ser sincera, eu nunca havia planejado um reencontro com eles.

— Vo-você é mãe.

— Bom, perante a justiça sim, eu sou mãe. — ele sorriu.

— Quantos anos ela tem?

— Seis meses. — sorri.

— Tem uma foto dela?

A felicidade estava estampada em nossos rostos. Procurei em meu celular, uma foto de Beatriz. Mostrei para ele a primeira que achei. Beatriz inteiramente lambuzada de papinha e eu ao seu lado, totalmente brava. Lamar havia tirado aquela foto, me deixando totalmente irritada com aquilo.

— Ela é perfeita.

— Sim, ela é.

— E como está o seu trabalho?

— Muito bem, eu tenho uma coleção de roupas no meu nome... no nome do senhor. — ele sorriu orgulhoso.

— Ainda está na Beauchamp's?

— Sim.

— Acho que algo vai te prender lá por muitos anos.

Sorri envergonhada. Meu pai sabia do meu romance com Joshua na adolescência. O que me surpreendia era eles não saberem da minha vida, após o namoro falso com o Joshua, e toda a polêmica envolvendo nós dois, mas sabia que ambos nunca se deram tão bem com a internet.

DRM • de repente mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora