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O toque incessante do celular me deixou irada, quem ousava atrapalhar nosso sono? Abri os olhos, me sentando na cama. Joshua mantinha o celular na orelha enquanto suas costas estavam viradas para mim. Sua voz saia completamente baixa me impedindo de entender o contexto da conversa.

Esperei pacientemente o final da ligação, a curiosidade corria em meu corpo. Quem era a pessoa no telefone, que ligou para Joshua antes do sol nascer em um domingo?

— Está tudo bem? — perguntei ao vê-lo retirar o celular da orelha.

— Sim. — suspirou, virando-se na cama para me olhar — Não queria te acordar, desculpa.

— Tudo bem. — mordi o lábio inferior, impedindo que a pergunta quem era no telefone? Escapasse pelos meus lábios sem a minha permissão. Eu estava curiosa sim, porém, não iria invadir sua privacidade, se ele quisesse me contar, ele perguntaria — Vou ver como Beatriz está.

Joshua assentiu, voltando sua atenção para o celular em mãos. Arrumei sua blusa social em meu corpo, e caminhei até o quarto que Beatriz estava dormindo. Se não conhecesse aquela casa a anos, teria, com toda certeza, me perdido com todas aquelas portas. Uma peculiaridade, para mim, daquela casa, era o fato de que todas as portas se mantinham fechadas, sem exceção. Nunca entendi o motivo ou perguntei para Joshua sobre, apenas tentava manter como tudo estava.

Adentrei o cômodo que Beatriz estava, tomei o dobro de cuidado para não pisar em nada no chão. Quando finalmente cheguei ao berço, encontrei-a dormindo calmamente. Arrumei a coberta em seu corpinho, deixei os bichinhos de pelúcia mais próximos de seu corpo para que os achasse mais facilmente, e me retirei do quarto em seguida.

— Beatriz já está acordada? — a voz de Joshua me fez procurá-lo pelo enorme corredor, até achá-lo no final dele.

— Não.

— Precisamos voltar.

— Por que? — era o telefonema, eu tinha certeza que era. Me contive novamente, ele contaria, certo?

— Sofya está no hospital. — suspirou — Parece que Jacob quer nascer.

— Mas o parto era para ser daqui a duas semanas e meia.

— Eu sei, mas o rapazinho está com pressa.

Voltei para o quarto que eu havia dormido no primeiro dia, colocando uma calça rapidamente. Arrumei a mala corretamente, e segui para o quarto que Beatriz dormia novamente. Joshua já organizava as coisas por lá, ajudei-o a ir mais rápido com as coisas. Após arrumarmos as malas, Joshua as pegou, enquanto eu pegava Beatriz ainda adormecida.

Deixei as coisas para o leite de Beatriz em fácil acesso, assim, caso ela acordasse no meio do caminho poderia mamar sem problema algum.

O motivo por termos saído tão apressadamente da casa para irmos ao hospital, era graças ao pedido de Sofya a Joshua. Ela queria-o ao seu lado, havia até pedido para que fosse o padrinho de Jacob e eu madrinha. Não éramos próximas, as poucas conversas que tivemos ao longo de nossa vida, havia sido em salas de reuniões e no meu primeiro desfile, porém de alguma maneira Sofya confiava a vida de seu filho em mim. Um grande motivo para estarmos correndo até eles também, era o fato de Jacob, ao menos no último ultrassom que Sofya havia feito, estar sentado.

Liguei para o meu pai durante o caminho, pedido para que ficassem com Beatriz para mim. Expliquei o motivo para ele, que prontamente aceitou meu pedido. Desviamos o caminho para minha antiga casa, mas não demoramos muito tempo lá, apenas deixamos a bebê ainda adormecida com meus pais e voltamos para nosso objetivo. Joshua dirigia rapidamente, não duvidaria caso ele ganhasse uma multa no final do mês, mas, naquele momento, ele não se importava com as consequências, e eu também não, contando que ele nos levasse sem nenhum ferimento para o hospital.

DRM • de repente mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora