Entrei em meu quarto em silêncio para não acordar Joshua, o que não faria muita diferença, já que o rapaz ainda se encontrava acordado. Havia colocado Beatriz para dormir, e Joshua disse que faria o mesmo, porém, ali estava ele com o celular em mãos e olhos bem abertos.
— Pensei que estivesse dormindo.
— Comecei a ver um filme estou aqui.
— Fico feliz que ainda esteja acordado, queria falar com você.
— Se já está pensando em expulsar a sua casa a hora é agora, mas levarei Beatriz comigo.
— Beatriz fica, e não, não tem nada a ver com isso.
— Tudo bem, sou todo ouvidos.
Joshua se sentou na cama, me deixando ainda mais nervosa. Já estava com a ideia na cabeça a algumas semanas, porém, ainda não havia contado para ninguém, e compartilhar aquela ideia, principalmente, com Joshua era um grande risco, afinal, ele ainda era meu chefe.
— Estou pensando em deixar a Beauchamp's.
Diferente do que pensei, Joshua se mantinha calmo. Ele estava sendo apenas o homem que estava comigo, não o meu chefe, aquilo era bom.
— Para onde irá?
— Bem.. — respirei fundo, criando coragem para contá-lo — Estou pensando em criar um site.
— Um site?
— É. — mordi o lábio inferior, analisando seu rosto, ele estava calmo — Estive conversando com Bailey, e talvez seja uma boa ideia.
— E sobre o que será o site?
— Moda. — disse como se fosse óbvio, que realmente era — Estou pensando em vender algumas roupas da minha própria coleção, dar dicas sobre como combinar as roupas e coisas do tipo.
— Sabe que tem todo meu apoio e caso isso não der certo as portas da Beauchamp's ainda estarão abertas para você.
— Obrigada.
— Agora podemos dormir? Estou realmente cansado.
(...)
Nunca pensei que seria fácil, no entanto, não imaginava que seria tão difícil. Bailey estava me ajudando com a criação do site, e Alex me ajudava a entrar em contato com os fornecedores da Beauchamp's. Uma semana e meia havia se passado e tudo parecia uma bagunça ainda maior para mim, o site estava quase todo pronto, falta poucos detalhes apenas, os tecidos estavam para chegar. Ainda assim, eu me sentia perdida. Por onde eu começaria?
Trabalhando de casa, pensei que seria mais justo dispensar Joalin, afinal, eu estaria em casa, porém não consegui. A mulher havia se tornado uma parte importante da minha vida e de Beatriz, até mesmo na de Sofya.
— Está ocupada? — a voz de Sofya preencheu o cômodo.
— Não muito, do que você precisa?
— Joalin e eu vamos andar na praça com os bebês, que vir com a gente?
Pensei em recusar, ainda tinha uma lista de coisas para fazer. Mas há quanto tempo eu não saia de casa? Havia até mesmo me esquecido como era a luz do sol.
— Um minuto e já me encontro com vocês na sala.
Calcei um sapato, desliguei os aparelhos que usava e corri para sala. Beatriz me deu a mãozinha, caminhando lentamente ao meu lado.
Demoramos mais tempo para chegar ao parque do que normalmente, vamos acompanhando os passos da bebê, que não eram tão rápidos. Ao chegarmos, Beatriz me trocou pelos poucos brinquedos do lugar junto com Joalin. Observei-as por um tempo, até Sofya me chamar a atenção.
— Como está indo o projeto?
— Bem, eu acho.
Sofya passou a mexer as mãos sem parar, seus olhos evitavam os meus. Deixei-a assim por alguns minutos, lhe dei tempo para falar, no entanto, só piorou. Segurei suas mãos, fazendo-a me olhar.
— O que aconteceu?
— Estou procurando trabalhos para fazer, não posso simplesmente morar na sua casa de graça e deixar que Joshua pague as coisas para meu filho, porém não consegui nada até agora. — suspirou — Estava com medo de que isso acontecesse. Não sei se consigo voltar ao meu corpo de antes, e caso isso não aconteça, poucas pessoas ainda não me aceitaram.
Abracei-a de lado, deixando sua confissão preencher meus pensamentos. Eu não havia percebido seu medo e incomodo sobre aquele assunto.
— Sabe, eu preciso de uma modelo para meu site e adoraria tê-la.
— Eu?
— Sim. — sorri — Preciso que alguém use as minhas criações para que eu possa divulgar as peças em um corpo real, e claro, irei te pagar para isso caso aceite.
— Aonde eu assino? — sorriu, secando as poucas lágrimas em seus olhos.
— Vemos isso depois, agora vamos andar um pouco, não saí de casa para ficar sentada novamente.
(...)
O pouco tempo no parque havia me feito bem, me sentia regenerada em todos os sentidos. Desliguei os aparelhos eletrônicos, estava cansada demais para trabalhar naquele momento. Aproveitei para pegar um copo de água na cozinha.
O silêncio na casa era algo novo para mim, visto que agora morávamos em cinco pessoas. Joalin já havia ido embora, Joshua estava preso em uma reunião na empresa, e Sofya estava em uma consulta com Jacob. Beatriz estava adormecida desde que a babá saiu.
Seguir para o quarto da bebê, abrindo a porta devagar para não a acordar. Me aproximei de seu berço, vendo o quão grande Beatriz já estava. Em duas semanas ela completaria um ano, e claro, todos estavam animados com aquele momento. Meus pais e amigos estavam comprando diversas coisas, queriam uma bela festa para a bebê.
Um ano. Um ano desde que Sina morreu e Beatriz nasceu, era uma data importante e que infelizmente, eu não sabia como reagir. Queria muito passar o dia no cemitério, como fazer todos os anos com Noah, no entanto, era mórbido demais levar uma criança até lá, principalmente em seu aniversário.
Passei bastante tempo olhando-a, até que ela acordasse. Sorri para Beatriz, que retribuiu de imediato. Passei as mãos nos fios loiros, que agora já estavam grandinhos. A bebê se sentou em seu berço, ainda me olhando com seus enormes olhinhos.
— Ma-ma.
Arregalei os olhos, ela havia falado? Me mantive sem reação até Beatriz repetir, me causando uma enorme dúvida se estava tentando dizer mãe ou mama.
— Está com fome pequena?
Peguei-a no colo, levando para a cozinha e deixando-a sobre o balcão. Coloquei sua mamadeira ao seu lado, esperei que fizesse algo. Eu precisava saber o que aquilo significava.
— Ma-ma. — Beatriz repetiu, olhando fixamente para mim e com seus bracinhos estendidos.
Senti meus olhos marejarem, ela havia me chamada de mamãe.
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DRM • de repente mãe
Fanfiction𝗕𝗘𝗔𝗨𝗔𝗡𝗬 𝗙𝗔𝗡𝗙𝗜𝗖𝗧𝗜𝗢𝗡 Any Gabrielly Soares é surpreendida com o testamento de sua melhor amiga, a qual lhe concedia a guarda da pequena Beatriz. Nunca havia pensado em filhos, muito menos naquele momento de sua vida mas não podia recu...