☠ XVIII - Despedida ☠

405 83 380
                                    

Elisa não fazia ideia do que vestir. Nas últimas duas horas, já tinha experimentado metade do seu guarda-roupa, mas nada lhe parecia realmente bom. Jogada na cama, Nadine a assistia, entediada.

— Ah, meu Deus, o que eu faço? — desesperou-se Elisa, erguendo duas blusinhas para avaliá-las. Uma era rosa, de babados na parte de cima, e a outra azul, de um tecido fino e sem mangas. — Essa ou essa?

— Não olhe para mim — Nadine deu de ombros. — Não entendo nada de moda moderna.

— Você podia pelo menos tentar me ajudar. Para o que serve uma amiga, afinal?

Assim que disse aquilo, Elisa congelou. Amizade sempre foi um tema delicado em sua vida e ela não queria pressionar Nadine. Mas apesar disso, sentia-se a vontade com a pirata, o que era estranho. Talvez por ela pertencer a um mundo diferente do seu, Elisa sentia que podia falar sobre qualquer coisa sem que fosse julgada. Será que isso era o suficiente para que as duas fossem amigas?

— Bem, eu não sei... — Nadine apoiou-se sobre os cotovelos, erguendo o corpo da cama. — Nunca tive uma.

Elisa sentiu algo formigar em seu estômago.

— Podemos descobrir juntas, se você quiser — disse ela com um olhar vacilante. Então ergueu as blusas até a altura do rosto, ansiosa para mudar de assunto. — A começar pelas roupas! Qual dessas você usaria?

Nadine suspirou, voltando a atirar-se na cama.

— Por que isso importa? Quer dizer, se esse tal Rafael gostar mesmo de você, não vai se importar com a roupa que está vestindo, então não precisa ficar tão obcecada com isso.

— Bem, normalmente eu visto qualquer coisa, mas hoje é uma ocasião especial... não queria ir vestida de qualquer jeito...

— Nossa! — exclamou ela, sentando-se de repente na cama para encará-la com um olhar malicioso. — Quer dizer que esse Rafael é mesmo especial para você?

As bochechas de Elisa coraram.

— Bem, é claro que gosto dele, se vamos sair juntos...

O olhar de Nadine tornou-se nublado. Elisa a encarou, sem entender.

— Eu só lamento por Henrique.

— O que tem ele? — tornou ela, na defensiva.

— Ora, vai dizer que não reparou em como ele ficou incomodado quando você aceitou o convite do Rafael?

— Eu não sei o que deu nele. De repente começou a me tratar como se eu tivesse feito algo de errado.

— Vamos, Elisa, não é possível que seja assim tão cega — provocou ela, com um sorriso nos lábios. — Está na cara que Henrique gosta de você.

— O que? Não, ele não gosta de mim!

Elisa sentiu o sangue subir para a cabeça, fazendo suas bochechas corarem ainda mais, se é que era possível. Seu corpo foi tomado por uma corrente elétrica e ela começou a atirar de volta as roupas que havia tirado do guarda-roupa. Seus olhos percorreram o quarto todo, evitando o olhar crítico de Nadine.

— É claro que gosta! — contestou a pirata, levantando-se da cama para acompanhá-la de perto. — Você não percebeu o quanto ele ficava incomodado toda vez que Eric começava a se aproximar de você? E a postura protetora dele sempre que estavam em perigo?

— Isso... isso não quer dizer... ele age assim porque se sente culpado por termos ido parar em Libertália juntos. Sua missão era para ser solitária, então ele se sente responsável pelo que acontece comigo. O que é normal.

Libertália: Raízes PiratasOnde histórias criam vida. Descubra agora