Arrumo o meu cabelo pela quarta vez em menos de 5 minutos, um hábito comum quando estou preocupada e esta ventania não ajuda. Já estou andando o dia todo a procura de um emprego, mas todas as lanchonetes que eu tento já estão sem vagas, me sinto perdidamente um caos. Eu deveria ter procurado uma cidade menor – penso enquanto decido me sentar um pouco para descansar os meus pés que já estavam latejando na minha sandália.
Passo os meus currículos pelos meus dedos me sentindo mal por não ter conseguido deixar nenhum em qualquer lanchonete.
Não sei exatamente por quanto tempo fiquei lendo e relendo os papéis que estavam em minhas mãos, mas o clima fechou bastante e a ventania piorou, tanto que os papéis voaram, espalhando alguns pelo chão que logo foram pisoteados.Um deles foi direto para o rosto de alguém, eu não pude ver a sua face pois acabei tampando os olhos por um segundo, devido a vergonha. Ouvi uma gargalhada e olhei na direção dos homens altos que provavelmente estavam passando por ali, vi que um dos meus currículos estava no rosto do homem que estava de terno azul escuro e abri a boca sem ter o que dizer. Não sabia se estava sem fala por vergonha ou por estar admirando os longos cabelos do homem que estava rindo, aparentemente do outro.
– M-me desculpe, senhor... – Tento falar, sendo impedida pelo homem, que era exatamente igual ao outro, o que os diferenciava era a barba de um e o cabelo longo do outro.
– Você não podia ter segurado esses papéis com mais firmeza!? – pergunta com frieza na voz, retirando o papel do seu rosto e me deixando admirar, por um mísero segundo, a sua barba recentemente feita.
— Eu... sinto muito. Eu acabei me distraindo e não conheço muito bem a cid... – sou impedida de terminar a minha frase.
– Me perdoe, eu não deveria ter sido rude com você. É claro que não foi culpa sua. Está perdida? Precisa de ajuda para encontrar algum lugar? Eu e meu irmão podemos... – ele para por breves segundos antes de continuar a falar, com sua incrível voz rouca – Poderia nos dizer o seu nome, senhorita?
– Angeline, senhor. – falo um pouco tímida por suas palavras e olho para os meus pés, certamente irão ficar com bolhas.
— Você é nova na cidade, gatinha? – agora quem pergunta é o de cabelo longo, não sei como diferenciei pois estava de cabeça baixa. Acho que pode ser pela direção de onde a voz veio ou então por ser um pouco menos grave do que a do outro.
— Sim, eu sou de uma cidade pequena e bem distante daqui. – falo dando ênfase no "bem".
– Onde estão meus modos!? Eu sou o Nikolai e meu irmão é o Francis. – o de cabelos longos e com as pontas encaracoladas, nomeado por Nikolai os apresenta e eu dou um dos meus melhores sorrisos, estendendo minha mão como um jeito amigável.
– Muito prazer! Sinto muito por ter deixado meu currículo bater no rosto do senhor, eu acabei me distraindo, andei o dia todo. – falo dando uma risada sem graça, que cessa assim que Francis segura a minha mão. Sinto um frio correr na minha espinha e o meu coração parar por um mísero segundo, por instinto acabo elevando o meu olhar para os seus olhos incrivelmente azuis, porém com alguns traços finos de verde e um deles sendo castanho em uma parte, não sei como explicar, só posso dizer que nunca vi olhos tão penetrantes.
– O prazer é todo nosso... – Nikolai fala atrás de mim, me fazendo dar um pulo e soltar a mão do irmão dele. Me sinto um pouco confusa por sua fala, mas decido apenas sorrir e acenar a cabeça.
– Eu... Preciso ir para casa, já está escurecendo e eu... – decido não falar – enfim, eu tenho que ir. Até qualquer dia, senhores! – falo, dando um breve aceno enquanto me afasto aos poucos. Ainda consigo ver Nikolai prender seus cabelos num coque bagunçado e falar algo para o irmão, que concorda freneticamente.
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Brothers Must Divide
FanficNa qual uma garota nova em Los Angeles acaba se esbarrando com os gêmeos Gorky Petrov. Mal sabia ela que eles seriam a sua perdição, mas também a sua salvação.