2. Dois milímetros

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Onyx mexe em alguns frascos num pequeno armário na Enfermaria. Ela observa suas informações, antes de colocá-los novamente no lugar.

- Nada para vômito aqui...

Para ao lado de uma base grande e circular no chão, com um aparelho mecânico no mesmo formato no teto. Ali é a Cápsula, um sistema inteligente de análise do corpo, criado pelos cientistas médicos da NewSpace para cada nave que lançavam no espaço. Onyx fica de pé sobre a parte inferior e segundos depois todo seu corpo se ilumina com o brilho verde das luzes na parte superior. A tela presa à parede começa a apresentar os dados do seu corpo, conforme a Cápsula faz as leituras. Onyx assente. Ela está muito bem.

- Dá licença, menino menina.

Onyx olha para a porta, onde Wilson está. Faz sinal para ele entrar e sai do aparelho.

- Tudo bem, Wilson?

Wilson se senta numa cadeira. Passa a mão pela testa.

- Na verdade não estou não... Acho que estou ficando com febre.

- Dor de cabeça?

- Ainda não... Mas tive tontura. E cansaço.

Onyx assente. Vai até o armário, de onde tira um termômetro que aponta para a testa de Wilson. O pequeno aparelho apita com o resultado.

- Você está febril...

Léo aparece à porta, puxando um carrinho de ferramentas. Ele bate, levemente:

- Dá licença...

Onyx assente para ele. Léo dá um meio sorriso para Wilson e vai direto até a tela na parede, apertando alguns botões. Enquanto isso, Onyx pede para Wilson abrir a boca, observando e molhando um pequeno cotonete em sua saliva.

- Tudo indica que são só reações do seu corpo, Wilson. Mas vou dar essa amostra de saliva para o Lucas, ver se pode ser algo, tá?

Wilson assente.

- Tudo bem.

Léo está abaixado ao lado da parte inferior da Cápsula. Onyx olha para ele de relance.

- A Cápsula está funcionando normalmente, eu acabei de usar.

- Vou dar uma olhada mesmo assim. - diz Léo.

Onyx dá de ombros.

- Pode dar alguma coisa que me ajude a dormir, Onyx? - pergunta Wilson. - Eu provavelmente não vou conseguir descansar sem alguma coisa.

Onyx o encara.

- Bom... Eu não aconselharia você dormir tão cedo novamente, mas acho que a capitã não vai deixar você trabalhar assim... Olha - ela vai até o armário novamente, do qual tira um pequeno frasco, um pacote com uma seringa e uma agulha. - Dois milímetros. É o suficiente pra te dar boas horas de sono.

Wilson pega os objetos.

- Dois milímetros... Nada mais, nada menos.

Onyx assente.


- Oi, mãe! Eu espero que esteja bem! Aqui tá tudo bem, com a vovó e a tia Iara. Ela... Ela acha que você vai encontrar alienígenas em Marte mas eu disse para ela que não ia acontecer... E também ganhei um livro sobre aquele lugar antigo...

- NASA, querida.

- Isso... E é muito legal!! Beijo, mãe!

O vídeo passando na tela termina, sumindo com a garotinha de cinco anos que falava. Sol, olhos cheios de lágrima, funga. Ela está na sala de Comunicação, atrás da cadeira de Tomas, que observa o próprio teclado como uma forma de não invadir a privacidade da capitã.

- É sua filha? - pergunta ele.

- É sim. Cinco aninhos minha garota... Você não tem filhos, né?

Tomas sorri.

- Não, capitã... Lá na Terra sou eu e minha charrete velha.

- Bom... O que mais tem aí?

Tomas faz movimentos com a mão na tela. Fecha o vídeo, abre um painel com várias linhas coloridas e nomes e sinais. Aperta um ícone e o símbolo do Alto Comando da NewSpace aparece na tela.

- O regulamento diz que toda mensagem do Alto Comando deve ser vista apenas por você, então...

- Pode transferir para o meu painel pessoal, por favor.

- Sem problemas.

Com um movimento, o texto "Enviando cópia" aparece em tela. O tablet que Sol carrega nos braços emite uma notificação. Ela volta os olhos para ele e vira as costas para Tomas, caminhando para fora da sala.

AMONG US - A tramaOnde histórias criam vida. Descubra agora