11. A (o)missão

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As mãos enluvadas tocam no pequeno recipiente, sobre o qual pousa uma pequena camada de fungo. Tem uma cor estranhamente alaranjada, a aparência macia. As mãos pegam uma haste de metal, com a qual separa uma pequena porção do fungo. Observa, enquanto a parte menor se contorce, e se move na direção da maior.

Lucas tira as mãos da caixa de vidro na qual está o fungo. Ele olha em volta e apoia os cotovelos na mesa, enquanto abaixa a cabeça até ela tocar o aço frio do objeto. Suspira. Por que ele não dissera? Quais eram suas reais opções? Ou ele era apenas um covarde? Ele, covarde? E Sol, que havia se matado... Ela tinha mesmo se matado?

"Doutor Lucas, abra o Laboratório", a voz da Capitã. "Estou chegando".

Lucas engole em seco enquanto se endireita.

 - Mas que merda...

Minutos depois, estão frente à frente. Sara olha em volta, para as cápsulas com os colonos, de vidro escurecido que impede que estes sejam vistos.

 - Posso ajudar? - pergunta Lucas.

 - Eu vou direto ao assunto. - diz Sara. - O navegador veio até aqui e vocês conversaram sobre algo envolvendo a morte da Capitã Sol. 

Ela o encara.

 - O que era?

Lucas olha para as próprias mãos, que começam a tremer. Ele olha para Sara.

 - Eu... Não sei do que está falando.

 - Doutor. - Sara se aproxima dele. Lucas dá vários passos para trás, como se quisesse manter a distância segura entre eles. - Wilson está certo de que o exército está envolvido em alguma... Conspiração para tomar a nave. Minha equipe tem plena confiança em mim, mas os seus colegas não. Se Sol lhe disse algo que explique o porquê de ela ter se matado você tem o dever de me contar.

Lucas engole em seco e olha ao redor, até abaixar a cabeça.

 - Eu não posso dizer nada. - diz.

 - Eu estou lhe dando uma ordem.

 - Eu não vou comprometer a missão. - diz Lucas. Ele levanta o rosto, sem tremer, a indecisão não existe mais em sua expressão. Ele encara Sara. - Se você quer respostas, Capitã Sara, eu tenho certeza de que Sol as deixou. Ela pode não ter comprometido sua carreira, mas comprometeu a missão. Eu não comprometerei nenhuma das duas.

 - Do que você está falando? - pergunta Sara.

Enquanto isso, fora do Laboratório, Laura está parada em frente às portas fechadas. Os braços cruzados, ela observa o corredor. A Capitã a chamara pessoalmente, não pelo comunicador, e parecia tensa. Laura gostaria de saber o porquê.

Wilson aparece no corredor. Ele franze as sobrancelhas ao ver Laura parada protegendo a porta.

 - Eu... Vou falar com o Doutor. - diz Wilson, se aproximando.

 - A Capitã e o Doutor estão em reunião. Proibida a entrada de qualquer outra pessoa. - diz Sara. - Você pode voltar mais tarde.

Wilson, já na frente dela, a encara.

 - Não. Eu vou entrar agora.

Ele avança. Rápida, Laura o segura, virando-o e imobilizando os seus braços às costas.

 - Não quero machucá-lo, Wilson. Por favor, volte mais tarde.

Ela o solta, empurrando-o para a parede.

 - A missão é levar os colonos para Marte em segurança, e você pode estar colocando isso em risco. - diz Sara, para Lucas.

Lucas nega com a cabeça:

 - Risco? A minha carreira é um risco. Você perderia todo o seu futuro numa conversa, Capitã? - ele a encara, enquanto Sara fica em silêncio. - Eu também não. Eu sigo ordens, assim como você. Não as questione. Agora, por favor, eu estou lidando com elementos de risco biológico... Saia do Laboratório.

Sara o encara, em silêncio.

"Capitã, por favor", é Laura. "Eu preciso de ajuda".

Sara observa Lucas por poucos segundos mais, antes de se virar e seguir para a porta. No momento em que a abre, vê Laura e Wilson numa luta corpo a corpo no corredor. Laura está tentando não machucá-lo, mas Wilson não segue o mesmo pensamento. Ele a acerta na boca do estômago, o que a faz perder o ar por alguns segundos. Quando ele se vira para Sara, porém, ela o acerta com força, um único golpe que o faz cair desacordado.

 - Laura.. - chama Sara. - Você está bem?

Na Comunicação, Léo observa as mensagens em vermelho nas telas. Ele para por alguns segundos e suspira, colocando a cabeça entre as mãos.
Na sala da Segurança, Hugo vê algo pelas câmeras e inclina a cabeça, intrigado.
No corredor do Laboratório, Lucas fecha as portas, com uma expressão sombria, enquanto Sara ajuda Laura a se levantar. Wilson está caído no chão. Ruth, longe, observa a cena, em dúvida.

[RECADO DO AUTOR: .... sinto que não tenho nada a dizer. Apenas gostaria de saber se tudo está disposto de forma clara e se está dando para acompanhar? 👀

Lucas vendo que todo mundo sabe da conversa com Sol: 👁️👄👁️ ]

AMONG US - A tramaOnde histórias criam vida. Descubra agora