32. O encontro

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Sara e Hugo haviam tomado a decisão de se separarem na nave e procurarem por Ruth, para encontrá-la antes que Tomas o fizesse. Enquanto Sara segue para a frente da nave, Hugo segue para os fundos. Concordam em não usar os comunicadores, já que Tomas poderia ouvi-los por eles também, e planejam de se encontrar em algum lugar seguro.

- Que lugar poderia ser seguro aqui? - pergunta Hugo, enquanto ainda estão na Administração. - Onde ele não procuraria por nós?

- Ele pode procurar em qualquer lugar. - diz Sara. Ela pensa por alguns minutos. - Vamos para o nosso dormitório. Lá só vamos precisar observar um sentido do corredor e é um local da nave para o qual ele não está acostumado à ir.

E assim, se separam.

Hugo segue pela nave, a lanterna iluminando cuidadosamente corredores e portas. Ele se arrisca a não abrir as portas que estão fechadas, sabendo que pode usar as ventilações para entrar nos compartimentos depois. Mas aproveita a barreira para poder chamar o nome de Ruth na tentativa de ouvir alguma resposta.

Enquanto isso, Ruth para em frente as portas abertas da Navegação, olhando para o espaço pela janela. Seu olhar está perdido e triste. Ela não sabe porque está sozinha, não sabe o que está acontecendo. Desde que acordara, não vira ninguém além dela mesma e o corpo de Laura.

Ruth sai da Navegação, seguindo pelo corredor na direção do Laboratório. Ela ouve passos. Para, por alguns segundos, esperando que os ouvidos confirmem a informação, então ouve novamente. Avança, aumentando a velocidade dos passos:

- Oi?? - chama, alto.

Sua lanterna ilumina as portas abertas do Laboratório. Estão abertas de maneira estranha, assimétrica, como se tivesse aberto apenas uma delas. Ela se prepara para entrar quando ouve a voz chamando-a mais à frente, na direção da Cafeteria.

- Ruth??

Ruth abre um sorriso, aliviada por ouvir mais alguém.

- Tomas! - exclama, avançando. - Tomas aqui!

A última palavra quase não sai da sua boca, quando alguém a pega por trás e a puxa para dentro do Laboratório, uma mão sobre sua boca. Ruth tenta se desvencilhar, mas o braço em torno de seu corpo é forte. Ela é arrastada para trás das cápsulas humanas, e logo a pessoa pega a lanterna de sua mão e apaga, deixando-os no completo escuro.

- Mas... - começa Ruth.

- Shhh! - faz Sara, tampando novamente sua boca com a mão. - Quieta.

Ruth olha para o rosto da capitã, que está sério. Ambas observam a luz da lanterna de Tomas iluminar o corredor, enquanto os passos dele se aproximam. Antes de chegar no Laboratório, porém, ele dá a volta e se afasta, como se tivesse desistido. Ruth franze as sobrancelhas.

- O que foi isso? - sussurra, assim que Sara libera sua boca.

- Ele matou os outros. - diz Sara, olhando em seus olhos.

Ruth está com os lábios entreabertos, os olhos questionadores.

- O-o que?

Sara olha para as cápsulas ao redor delas.

- Enquanto você estava desmaiada... As luzes apagaram e o Hugo encontrou o corpo da Laura. Ouvimos um tiro, Tomas disse que tinha sido Wilson, mas Hugo e eu achamos que na verdade foi ele. Ele também estava com Onyx... Não ouvimos nada de Onyx ou Wilson.

- Então prendemos a pessoa errada. - afirma Ruth.

Sara suspira. A soldado estende a mão, tocando o ombro dela em apoio. Dá um sorriso leve. Sara segura sua mão e ficam assim por um tempo, até Sara fungar e se virar.

- Bom, temos que ir. Vamos encontrar o Hugo.

- Onde ele está?

- Procurando por você. Mas vamos nos encontrar no nosso dormitório, achamos o lugar mais estratégico pra se defender do Tomas.

Ruth assente, devagar. Ela olha para a porta e abre a boca para comentar algo, mas Sara está indo no sentido contrário.

- Capitã...?

Sara se volta para ela:

- Ah, não... Você nos ensinou outro caminho bem mais seguro.

Ela continua indo para os fundos do Laboratório, passando pelas cápsulas escurecidas e Ruth a segue, até chegarem à ventilação. Ruth olha para Sara e sorri.

Elas entram na ventilação, um espaço apertado e desconfortável, e se arrastam por ela. Seus movimentos fazem barulhos estranhos que parecem ecoar e não muito depois elas ouvem o ressoar de um tiro em algum lugar da nave.

- Hugo. - diz Ruth.

- Continue. - diz Sara, continuando seu caminho pela ventilação.

Elas prosseguem até se aproximarem da saída no dormitório, onde a lanterna de Sara ilumina manchas sobre o aço. Ela estende o dedo, tocando.

- Sangue. - diz. - Hugo está aqui.

Elas se arrastam pelo que falta da ventilação e saem dentro do dormitório. Sara sorri ao ver Hugo sentado no chão próximo às camas, a arma apontada para a ventilação.

- Capitã. - diz ele, baixando a arma. Seus olhos se iluminam ao ver Ruth aparecendo atrás de Sara.

A capitã se aproxima dele e vê o ferimento em sua perna. Está sangrando muito, mesmo Hugo tendo circundado a perna com um pano. Ele dá de ombros.

- Pelo menos ele não me matou. - diz.

Olha para as duas colegas e os três se deixam sorrir.

- Aproveitando que estamos aqui, eu tenho algo a dizer.

Sara e Hugo olham para ela.

- Estão vindo nos buscar.

AMONG US - A tramaOnde histórias criam vida. Descubra agora