18. Ordem de prisão parte 2

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Onyx olha em volta, todos os olhares estão postos nela. Ela engole em seco.

 - Quando Wilson teve reações depois de acordarmos, eu levei amostras da saliva dele até o Laboratório de Lucas. Mas... Eu não sabia nada sobre informações ou algo assim... Eu só soube quando Léo nos falou.

Sara assente.

 - Não se preocupe, Onyx. Porque existe mais uma questão: Sol e Lucas sabiam de algo e agora ambos estão mortos. Sol nunca deu sinal de depressão ou de auto agressão, o que nos leva a pensar que... Sol não cometeu suicídio. E se Lucas foi morto pelo que sabia, Sol também foi. E você não tinha acesso ao quarto de Sol.

 - Mas você tinha. - diz Wilson. - Você encontrou o corpo.

 - Sim. - assente Sara. - Sol liberou seu painel do dormitório para o meu crachá, por algum motivo. Mas eu não tinha acesso ao sonífero que matou Sol, apenas duas pessoas tinham: Onyx e Wilson.

Wilson se empertiga. Hugo pigarreia, alto, para chamar atenção para si.

 - Tomas também teve acesso ao sonífero, provavelmente.

 - O que? - faz Tomas.

Hugo respira fundo.

 - Eu estava nas câmeras e vi você e a Onyx juntos.

 - Hugo? - diz Ruth, baixinho, em tom de reprimenda, apenas para o amigo ouvir. Onyx abre a boca, mas seus olhos estão assustados.

 - É claro que nos viu juntos, a gente se esbarra na nave a todo momento! - diz Tomas, alterando a voz.

 - Eu os vi juntos demais para um ambiente de trabalho. - retruca Hugo.

 - Chega! - exclama Sara. Ela olha para Hugo e Tomas, e depois para Onyx. - Eu estou aqui para explicar a minha decisão: Léo era o único de nós que tinha tanto acesso ao dormitório de Sol como ao Laboratório, sabia de algo que não sabíamos e também teve acesso ao sonífero. Ele era responsável por organizar as caixas do Depósito, onde esses materiais estavam armazenados.

Todos ficam em silêncio profundo quando Sara termina. Onyx e Tomas se olham, enquanto Wilson olha para baixo.

 - Você realmente está dizendo... Que o Léo matou os dois? - pergunta Hugo, baixinho, mas a sala está tão silenciosa que sua pergunta consegue ser ouvida por todos.

 - Ele é o único que tem um porquê e teve as oportunidades para agir. - diz Sara. - Ele pode abrir todas as portas. Conhece a nave como ninguém.

 - Então... - diz Tomas. - Se ele sabia que uma hora ou outra Lucas iria usar aquela roupa e ser infectado com algo... Por que nos contou sobre a conversa entre Lucas e Sol? Por que expor que sabia alguma coisa?

Sara olha para Wilson.

 - Porque ele sabia que mais alguém ia aparecer lá. E infelizmente ele estava duas vezes certo, duas pessoas a mais para culpar. Ele também alimentou essa ideia de que estamos servindo a propósitos diferentes... O que é uma ideia falsa.

Hugo suspira e vira o corpo, extremamente incomodado, num movimento de alguém tentando fazer algo para maquiar o nervoso que sentia. Wilson se levanta.

 - Eu concordo.  - diz. Todos olham para ele, até mesmo Sara, surpresos. Mas ele não tem apenas isso à dizer. - Ainda assim, você disse que não sabe qual a informação que Sol e Lucas tinham. Não pode prender alguém por assassinato se essa pessoa não tinha um motivo para matar outra.

 - Os fatos falam o suficiente para manter ele preso em prol da nossa segurança. - diz Laura.

 - Uma hora ou outra ele irá dizer o que sabe. - Sara diz com uma voz confiante. - E se não disser aqui, de qualquer modo irá responder num tribunal quando chegarmos à Marte.

Tomas se levanta também.

 - Bom... Então é isso. Esse pesadelo acabou.

Sara sorri de verdade, pela primeira vez desde a morte de Sol.

 - Tomem o tempo que precisar para descansar e... Se recuperar de tudo isso. Estão dispensados.

Os tripulantes começam a se dispersar. Sara caminha na direção de Ruth e Hugo, e Ruth olha para ele com um olhar de aviso e cuidado. Ela se afasta, silenciosamente, enquanto a capitã se aproxima.

 - Aqui. - diz ela, estendendo a mão para ele.

Hugo estende a mão aberta, e seu coração parece parar quando Sara deixa escorregar o crachá de Léo, tornando-o responsável pela mecânica da M09-2140.

[RECADO DO AUTOR: Léo, o doce, insensato, rebelde e apaixonado Léo. Léo é o mais provável, aquele que teve todas as possibilidades para realizar tais assassinatos. Ele é o assassino


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AMONG US - A tramaOnde histórias criam vida. Descubra agora