3. A informação

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O carrinho de ferramentas de Léo faz um barulho seco com as rodas em contato com o aço. Despreocupado, o mecânico anda devagar. Ele acena para a câmera que fica no corredor da Enfermaria e segue seu caminho para a Cafeteria.

A Cafeteria está vazia, já que todos os tripulantes estão ocupados em seus compartimentos específicos. Apenas Hugo e Ruth, dois soldados, estão por ali. Ruth está limpando o salão, enquanto Hugo passa um pano nas mesas.

- Eu não lembro de ter sujo isso. - diz Léo, se aproximando de Hugo.

O soldado sorri e para de limpar, se voltando para ele.

- Eu não lembro de ter desinfetado tudo antes da gente comer, também...

- O regulamento é grande pra lembrar.

- O regulamento é grande pra lembrar. - ecoa Hugo.

Léo e ele se encaram por alguns segundos. Léo é o primeiro a desviar o olhar, observando Ruth. Ela claramente está fingindo não prestar atenção neles.

- Você parece calmo demais pra alguém que tem a nave toda pra avaliar. - solta Hugo.

- Ah, é... - Léo coça a cabeça, envergonhado. - Eu... Bom, estava pensando se você não quer passar numa sala de máquinas depois... Você é o meu substituto, então... É bom estar habituado com a nave.

Hugo solta um riso leve. Eles tiveram treinamentos intensos em suas especialidades antes de embarcarem. Ele estava muito mais que habituado.

- Eu apareço por lá.

Léo sorri, e se afasta, o carrinho mais uma vez fazendo barulho. Do outro lado do salão, Ruth olha para Hugo.

- Você vai ter problemas. - diz ela. - Se comporta.

Hugo dá de ombros, voltando a limpar a mesa.

O carrinho segue fazendo seu barulho seco. Léo continua seu caminho, até o Laboratório. As portas metálicas do compartimento estão fechadas - O que é bem comum. O Doutor Lucas gosta de trabalhar com privacidade. Léo passa seu crachá no leitor e as portas se abrem. Lá dentro, ele dá de cara com Lucas e a Capitã Sol.

O Laboratório é, talvez, maior do que as duas salas de máquinas juntas. Nas cápsulas negras de aço e vidro, estão os mil e quinhentos colonos, adormecidos, que devem ser levados à Marte em segurança. As cápsulas criam prateleiras que se esticam à distância, com pequenas bancadas entre elas que Lucas usa para seus estudos e supervisão.

- Eu... Não quero atrapalhar. Só vou ver as ventilações. - diz Léo.

Lucas e Sol estão próximos à uma mesa perto da porta. Ela desvia o olhar dele. Lucas assente.

- Pode ir lá. Você sabe onde fica.

Léo assente e continua o caminho, puxando o carrinho. Percebe que ambos esperam ele se afastar para voltarem a falar. Então se abaixa e empurra o carrinho, para que ele siga sozinho, enquanto volta alguns passos, escondido entre as cápsulas de colonos. Em silêncio, ele tenta ouvir o que eles dizem.

- ... mas ainda não entendi porque vir falar comigo, especificamente. - O Doutor Lucas está falando.

- Porque de todos aqui, só nós dois sabemos disso. Então você é a primeira opção, ou é confiável, ou não.

- Nós todos fizemos nosso treinamento em conjunto, Capitã. Se fosse um de nós, eu acho que saberíamos.

Léo aperta os olhos. Sol parece hesitar, pois sua voz está mais baixa ao falar novamente.

- Não pode ser alguém do exército. Ninguém tem essa informação.

- Pelo que me disse, alguém tem.

Silêncio.

- Sol... - É Lucas. - Isso não muda nada. A missão está segura. Pode ser que não exista alguém deles entre nós. Só precisamos manter a calma...

- E a guarda. - completa a Capitã. - Muito bem. Bom serviço, Doutor.

[RECADO DO AUTOR: Oooi, espero que estejam gostando!! Nesse capítulo foi incluso o primeiro elemento do nosso grande mistério :) Quero agradecer por ter lido até aqui, e perguntar: Estão gostando da leitura? Dois capítulos por dia pode ser uma rotina okay? Estou tentando seguir o mesmo tamanho nos capítulos para não cansar a leitura, então me dêem um feedback! E até amanhã :) ]

AMONG US - A tramaOnde histórias criam vida. Descubra agora