Sev

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Capítulo 8 - Sev

O caminho sempre fora mais curto, mas naquele momento estava tão longo quanto percorrer a Floresta Proibida do começo ao fim. Cada passo ficava mais devagar e pesado como se algo mais forte quisesse impedi-lo de chegar até seu destino. O corpo do menino em seus braços estava tão mole e fraco que chegava a ter medo de que não houvesse tempo. Quando Snape finalmente chegou à Ala Hospitalar carregando Harry, encontrou o diretor já esperando ao lado de Madame Pomfrey.

- Coloque-o aqui, Severus. – Disse a enfermeira indicando uma cama ao lado da porta.

Nem Dumbledore nem Madame Pomfrey perceberam quando Snape colocou Harry com delicadeza e afastou os cabelos de sua testa antes de se afastar.

- O que aconteceu, Severus? – Perguntou a enfermeira já examinando o aluno.

- Potter tentou se matar. Cortou os pulsos. Eu fechei o ferimento e o curei antes que acabasse morrendo, mas ele perdeu muito sangue.

- Por Merlin! – Exclamou Madame Pomfrey antes de sair em busca das poções necessárias.

- Posso falar com você, Severus? – Perguntou o diretor indo em direção a porta. – Ele ficará bem. – Disse ao ver que Snape não se movera e continuava olhando para Harry. – Deixe-o descansar por hora.

Snape virou-se e acompanhou Dumbledore até seu escritório. Caminharam em silêncio ouvindo apenas o eco de seus sapatos batendo no chão conforme os passos dados. A gárgula saltou para o lado ao ouvir a voz do diretor dizendo a senha, sua voz só foi ouvida novamente quando já estava sentado atrás de sua mesa olhando para Snape que estava sentado na cadeira a sua frente.

- O que houve?

- Eu não sei ao certo. – Respondeu Snape baixinho. – Estava passando pelo corredor, quando vi Potter ser atingido por Weasley. Não interferi a princípio, fiquei apenas ouvindo pensando ser uma briga idiota entre os dois. Mas Weasley estava completamente fora de si, não que isso não seja normal da parte dele. Acontece que percebi, tarde demais, o que estava acontecendo de fato.

- Não se culpe Severus, se não tivesse agido logo, Harry estaria morto a essa hora.

Snape estava inquieto enquanto olhava para o diretor. Ainda pensava em o que acontecia ao menino para agir daquela forma.

- Antes que pergunte, eu não sei o que aconteceu para ele agir assim.

- Severus, além de Voldemort, você é a única pessoa que teve a honra de ler a mente de Harry e saber sobre a vida pessoal dele.

- Eu já lhe disse que por incrível que pareça, Potter consegue manter uma parte de sua mente onde não tenho acesso, o restante é uma vida normal como qualquer outra tirando somente o fato dele ser grifinório.

- Então sabemos o que você deve fazer. – Disse Dumbledore ignorando a ofensa aos grifinórios.

- Sim, eu sei o que devo fazer.

- Sei que não gosta disso Severus, mas é importante e você é o mais experiente nesse feitiço por...

- Fazê-los em minhas vítimas, eu já sei disso. – Respondeu Snape com amargor. - Com licença.

Snape levantou-se e foi para a porta lentamente, seus pensamentos borbulhavam em sua cabeça. O cheiro do sangue jovem ainda impregnava suas roupas.

- Severus. – Chamou o diretor antes do mestre sair. – Logo ele saberá a verdade. – Snape não olhou para trás antes de fechar a porta.

A escada em espiral parecia não terminar, parecia levá-lo direto para o inferno onde queimaria os pecados que trazia em cada cicatriz, em cada veia, em cada gota de sangue que corria em seu corpo.

O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora