Uma desagradável surpresa

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Capítulo 30 – Uma desagradável surpresa

Ele achava que iria morrer naquele exato momento, a dor que saia de seu braço atravessava seu corpo, não era uma dor normal, era intensa demais, era uma urgência do Lord, uma felicidade dele e então o medo também se abateu sobre ele. E se o encontraram? E se... se...

- Não. – Disse ofegando. – Ele está vivo, ele está vivo. – Repetiu tentando acreditar em suas próprias palavras.

A marca agora mexia-se como se estivesse dançando sobre sua pele, fazendo-o enjoar com seu movimento. Estava tão escura, tão nítida como nunca antes, algo realmente sério acontecera. Tentando respirar normalmente, Snape apoiou-se na antiga cadeira de Dumbledore para se erguer do chão onde caíra quando sua marca começou a arder. Com dificuldade sentou-se e afastou os cabelos do rosto suado. Precisava ir, precisava saber, ter conhecimento do que ocorreu.

- Preciso ir. – Disse baixinho virando-se para o quadro de Dumbledore. – Ele está chamando.

- Eu sei, acha que algo grave aconteceu?

- Não sei. – Disse com sinceridade. – Mas ele está feliz, feliz demais.

- Então vá, ele não quer que se atrase.

Snape olhou mais uma vez para aquele rosto velho e desejou que ele estivesse ali naquele aposento, vivo, para colocar a mão em seu ombro e dizer que ficará tudo bem. Parecendo ler os olhos tristes e receosos de Snape, Dumbledore sorriu e disse:

- Vai ficar tudo bem Severus.

O diretor não respondeu, apenas acenou um sim e virou-se para sair de seu gabinete. Desceu a escada em espiral quase no piloto automático, sua mente estava ainda jogando imagens difusas do que poderia ter ocorrido, mas ele não podia se dar ao luxo de ficar pensando essas coisas, tinha que raciocinar, pensar com lógica. Fazer o que deveria fazer, ser quem deveria ser. Ser aquele que não é ele, ser aquele que o mandam ser. Ser o comensal da morte fiel ao Lord.

Pensando assim olhou-se em um espelho no meio do corredor vazio e viu seu rosto mudando, transformando-se em uma máscara fantasma, uma máscara do comensal que um dia foi, o comensal que não queria que voltasse, mas que foi obrigado a abrigar em si novamente. Seus olhos agora cheios de raiva e ódio fecharam-se e abriram-se rapidamente para depois seus pés seguirem o caminho até os portões de entrada e por todo o caminho ele via, gravado com tinta amarela, os dizeres daqueles que não abandonaram Potter, daqueles que resistiam ao regime que fora obrigado a impor à essas crianças, daqueles que ainda apanhando dos Carrows, lutavam por uma causa que nem ao menos sabiam se estava viva ou morta.

"Armada de Dumbledore" "Estamos esperando por ti Harry" "Viva Harry Potter" " Potter para sempre"

Palavras que ele sentia dentro de si, seus desejos mais secretos, aqueles que afloram somente em seus sonhos mais profundos. Deixou os dizeres para trás e seguiu pelo jardim sem ver a beleza das flores que cresciam conforme a primavera chegava, nem na lua que brilhava cheia no céu. Snape abriu o portão com um aceno da varinha e se dirigiu ao perímetro onde os feitiços de proteção da escola não atingiam. Ele desaparatou aparatando diretamente no perímetro da Mansão Malfoy. Antes de continuar a andar se concentrou com todas as suas forças, empurrando as lembranças mais fortes para o fundo de sua mente, trancando-as em um local inalcançável, um local só dele. Em seu rosto ele aprofundou os detalhes de seu disfarce e somente quando teve certeza de que estava pronto marchou para dentro do território do Lord das Trevas.

A porta abriu sozinha com sua proximidade e em segundos se viu no hall de entrada da majestosa mansão, nada ali lhe agradava, o gosto de Lucius para arquitetura antiga e arcaica era extremamente dispensável. Sem sequer gastar um único segundo olhando os feios quadros na parede prosseguiu subindo o lance de escadas que levava até a sala de jantar onde sabia estar o Lord. Quando chegou perto o suficiente para ver a grande mesa iluminada pelo grande lustre no alto, ele diminuiu seu passo, sua marca ainda doía e a desconfiança era sempre sua amiga, não podia confiar plenamente de que estivesse seguro, sabia que algo estava errado.

O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora