Capítulo 2 – Caindo em desgraça
Sem abrir os olhos, Harry foi voltando ao consciente, saindo aos poucos do mundo seguro em que estava, onde não havia dor e nem lembranças. Queria realmente continuar ali, não sair jamais, porém não podia lutar contra seu corpo e mente, eles lhe ordenavam a abrir os olhos e assim o fez. Descobriu-se então deitado em algo macio que deixava seu corpo quente e confortável. Por um momento pensou que estava deitado em sua confortável cama na torre da Grifinória e que provavelmente Rony já tinha descido com Neville para o café, afinal, não escuta os roncos dos dois. Entretanto ao focalizar os olhos no teto percebeu que não olhava para o teto de sua cama e sim para a parede maciça e nua. Com a testa franzida Harry se sentou e percebeu pela primeira vez que não estava no seu quarto e muito menos na sua cama. Estava deitado em um colchão com lençóis negros que descansava no chão de uma sala de aula vazia. Balançando a cabeça percebeu, também, que estava sem camisa. Passou a mão pelo peito nu e estremeceu, esqueceu-se de que ainda não estava em condições. Tentando esquecer disso o menino se levantou e pegou sua roupa que estava devidamente dobrada ao lado da cama junto com os sapatos que não lembrava de ter tirado.
Assim que se levantou o colchão desapareceu e em seu lugar apareceu uma rosa azul. Intrigado Harry se aproximou e pegou-a, não tinha espinhos e nem perfume, mas era linda em todo seu esplendor. Suas pétalas eram lisas e sedosas. Era realmente muito bonita. Respirando fundo Harry olhou para os lados e tentou forçar sua mente a se lembrar como fora parar naquele lugar. Quando nada lhe veio a mente o menino fechou os olhos e apertou a rosa na mão. Precisava se lembrar, perda temporária de memória para ele poderia significar um desastre. E se alguém descobrisse?
Não queria pensar naquela possibilidade, em lugar disso forçou um pouco mais sua mente a se lembrar e finalmente teve algum resultado. Lembrou-se do vento frio e cortante como gelo em sua pele, depois veio a voz maléfica e afiada que lhe falava dentro de sua cabeça. E lembrou-se também da morte, do desejo pela morte, a súbita vontade de se jogar para o vazio e sumir. Mas não fez isso, ao invés de ir para frente ele recuou. Agora estava claro em sua mente o momento em que deu passos para trás que se transformaram em corrida pelos corredores vazios. Correu tanto, sem rumo até que finalmente parou ao trombar com alguém que o fez cair e desistir. Seus olhos fechados se recordaram dos pés com sapatos negros e surrados que se aproximaram devagar antes de implorar pela morte e então tudo escureceu. Ele havia desmaiado.
Quando abriu os olhos percebeu que estava intrigado. Seja lá quem for a pessoa que lhe achou, deveria tê-lo levado para a enfermaria, um aluno estava seminu e desmaiado no meio do corredor. Quem em sã consciência não o carregaria diretamente para a enfermeira da escola? A resposta veio instantaneamente, sonserinos. Mas nenhum sonserino o deixaria deitado em um colchão tão confortável como aquele e dobraria suas roupas ou tiraria seu sapato. Muito menos deixar uma rosa azul no lugar. Não, deveria ser outra pessoa. Mas quem?
Harry olhou em volta procurando alguma coisa, algum indício de quem poderia tê-lo deixado lá adormecido e bem cuidado, mas não havia nada ali que fosse fora do normal a não ser a rosa azul em suas mãos que não lhe dava nenhum tipo de resposta sobre quem poderia ser a pessoa. Desistindo de procurar algum sinal, Harry saiu da sala e viu por uma janela do corredor que já era cedo, o sol já havia se levantado. Droga, perdera o café. Teve que correr para a torre da Grifinória com a barriga roncando e nem mesmo podia ir até a cozinha afanar um pouco de comida, tinha aula de poções em trinta minutos e ainda tinha que tomar banho. Teria que aguentar a fome mais um pouco.
Depois de correr no banho, se arrumar de qualquer forma e caçar seu livro de poções no malão bagunçado, o menino derrapava diante da porta da sala de aula de poções. Olhou para o relógio, estava cinco minutos atrasado. Amaldiçoando-se por isso, bateu na porta e a abriu rezando por algum milagre que tivesse feito o professor se atrasar também e não estar na sala, mas a sorte não era tão sua companheira quando se tratava de Snape.
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O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)
RomansaE se tudo pesasse? Se os pesadelos lhe levassem para a morte recente de um jovem lufano? Se o trabalho que seus tios lhe obrigavam a fazer nas férias pudesse agora ser feito no mundo bruxo o trazendo mais dor? O que você faria? O que Harry faria? Co...