Um homem livre

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Capítulo 20 - Um homem livre

Harry descia lentamente os degraus da torta escada dos Weasley, seus pensamentos estavam tão longe que nem percebeu a chegada de Rony e quase pulou tamanho o susto que levou.

- Ei cara vamos logo, preciso de uma companhia agradável lá embaixo.

- Como assim?

- Digamos que minha família aumentou um pouco. O Gui vai se casar e imagina com quem?

- Quem? – Perguntou Harry após perceber que o amigo queria mesmo que ele adivinhasse.

- Fleur Delacour.

- A Fleur do torneio?

- Essa mesmo.

- Deve ser legal, você não era amarradão nela? Só a Hermione que não vai gostar.

- Na verdade Mione vai adorar. Eu não suporto aquela mulher. Harry você tem que ir lá embaixo agora. Gina é legal e tudo o mais, mas não igual a ter você ali. Vamos logo.

- Tá bom, vamos então.

Rony praticamente o empurrou escada abaixo fazendo-o derrapar pelo chão recém limpo da senhora Weasley. Harry endireitou-se e sorriu para a senhora Weasley que lhe abraçou novamente e lhe disse que estava realmente muito feliz que ele estivesse ali.

- Obrigado, senhora Weasley.

- Olá Harry. – Disse Gina quando o menino sentou-se ao seu lado.

- Olá Gina.

A mesa dos Weasley foi estendida para que coubessem ao todo onze pessoas. Senhor e senhora Weasley, Gina, Rony, Fred, George, Gui, Fleur, Harry e os convidados Lupin e Tonks.

- Oi Tonks.

- Oi Harry.

Tonks estava diferente do que Harry se lembrava, seus cabelos não estavam rosa berrante, estavam quase um vinho. Seus olhos estavam caídos e enfeitados com olheiras fundas e negras. Ela estava péssima. Lupin ao seu lado não estava em seus melhores dias. Havia acabado de passar a época de lua cheia e o ex professor ainda sentia-se afetado pela recente época de transformação.

Após todos os cumprimentos Harry começou a comer em silêncio. Ao seu lado Gina conversava animadamente com os irmãos e Harry não pôde não rir das piadas dos gêmeos. Fleur era constantemente um alvo para eles, era como se não pudessem ver ninguém mais na sua frente, como se suas mentes nublassem qualquer informação sobre outras pessoas. Eles só viam Fleur e seus defeitos.

Em meio a toda a conversa Harry tentava se lembrar do sonho. Não lembrar-se, mas imaginar quem era aquele vulto imaginário. Ele sabia que era da sua cabeça, sabia que era pura ilusão pensar que era alguém, mas não podia evitar, toda hora o nome dele, o rosto dele, a voz dele vinha em sua mente. A única pessoa que ele podia pensar, que ele queria que fosse, era Snape. Snape e seu jeito introvertido, seu anti-socialismo, sua voz grossa e rouca, seus olhos vazios, afiados e penetrantes. Simplesmente Snape. Mas a pessoa que ele via, a pessoa que o fez delirar em seu sonho, que o fez atingir o ápice de seu corpo, que o fez suar e desejar, a pessoa não era igual Snape. Snape era cruel, era injusto, era sarcástico, era totalmente diferente, ele não gostava de Harry, ele odiava Harry e deixara isso claro para quem quiser ouvir e saber. O professor das masmorras não podia ser o homem que o tocou com tanto carinho, que lhe falou palavras doces ao pé do ouvido, que se preocupou em não o machucá-lo, não era ele, ainda que quisesse que fosse.

Sua mão foi levada até o peito onde ainda sentia dor pelo rompimento feito com Snape após saírem das masmorras de Voldemort. O contrato que Snape fez com seu tio o prendia ao homem, ele era dele, mas agora não era de mais ninguém. Snape não o queria, Snape o dispensou, Snape não o tocou, Snape sentiu repulsa dele, Snape o odiou. Mas pelo menos o libertou das garras do seu tio, ao menos era o que havia escrito na carta que mandara havia apenas alguns minutos. A coruja que chegou um pouco antes de Harry descer para o jantar estava em cima do armário de Rony e a carta estava perfeitamente fechada e dentro do bolso do menino. As palavras escritas com a letra fina e juntinha de Snape ainda passava por seus olhos.

O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora