Capítulo 29 – O momento em que te perdi
Toda vez que Snape abria os olhos e se via diante de um Harry nu e adormecido em sua cama ele se amaldiçoava por não conseguir impedir o menino de se atirar para cima dele. Mas, pensava enquanto afastava os cabelos revoltos da testa do grifinório, era difícil dizer não quando após uma estressante aula de DCAT Harry ficava para conversar e ardilosamente se esgueirava para trás de sua cadeira, postando suas mãos em seus ombros largos, e começando uma delicada massagem que o fazia largar a pena com que corrigia os trabalhos dos alunos e relaxar na cadeira. Era mais difícil ainda impedir as mãos dele de desabotoar seu casaco enquanto a boca dava pequenas mordidas no lóbulo de sua orelha.
Se condenava por isso, mas não podia negar dar à ele a atenção que precisava. Harry não era qualquer um, Harry era frágil, delicado e carente. Tinha medo de ser rejeitado e seus olhos diziam isso claramente quando tentava lhe dizer que não podiam fazer aquilo, mesmo que sua boca não dissesse nada. Suspirando levantou-se e colocou o roupão antes de ir ao banheiro. Após lavar seu rosto e afastar os últimos resquícios de sono, mirou seu reflexo no espelho. Era o mesmo rosto de sempre, os mesmos olhos negros e vazios, os mesmos cabelos negros, escorridos e oleosos. A única coisa que mudava eram as rugas que apareciam em sua pele, seja pela idade que avançava dia após dia, seja pelas obrigações que lhe tiravam a qualidade vital. Respirou fundo abaixando a cabeça ao lembrar-se exatamente de suas obrigações. Aquelas a qual não poderia dizer não.
- O que eu estou fazendo? – Perguntou-se esfregando os olhos e voltando a encarar seu reflexo que não lhe deu resposta.
Voltou para o quarto devagar sentindo o chão gelado sob seus pés descalços. Parou ao lado da cama onde Harry estava de bruços dormindo tão pesado que um pequeno filete de saliva escorria pelo canto da boca. Delicadamente para não acordá-lo afastou o lençol negro de seda e contemplou o corpo do menino. A pele era alva e macia. Os pés eram adequados ao seu tamanho, as pernas tinham pelos negros e finos que acabavam perto da virilha. Snape ergueu as mãos e sem tocá-lo passou pelas extensões da perna recordando-se o quanto gostava de apertá-las enquanto transavam e Harry gemia seu nome. Depois vinham as nádegas macias e quentes, dois montes perfeitos com ralos pelos, visíveis apenas quando iluminado pelo sol. Passou as mãos sobre eles e sentiu uma imensa vontade de tocá-los, apertá-los entre seus dedos e depois beijá-los com devoção. Continuou a subir a mão pelas costas magras, e que agora estavam torneadas por não ter mais os maltratos dos tios e poder se alimentar e exercitar corretamente. E finalmente chegou ao rosto emoldurado pelos cabelos bagunçados de sempre. Os cílios eram grandes e as sobrancelhas fartas. O queixo era fino e embelezava os traços perfeitos.
Tão lindo e tão errado.
Ah, se pudesse tê-lo em suas mãos para sempre. Se lhe dissessem que ele era seu e que jamais iria precisar deixá-lo, agarraria-o com força em seus braços, correria com ele para o local mais afastado, mais escondido e se prenderia para sempre em seus verdes olhos. Ah, se pudesse.
Lembrou-se de como tinha que se esconder sob um manto de escuridão para poder vê-lo no alto da torre de astronomia sem poder dizer-lhe quem realmente era. Parecia apenas uma loucura de quem se descobriu recém apaixonado, mas com o tempo se tornou necessário, ainda mais ao ser correspondido. Recordou-se de quantas vezes sentiu vontade de lhe contar quem era realmente, mas não podia. E agora estavam ali, juntos, entrelaçados em corpo e alma.
- Droga. – Resmungou esforçando-se para se afastar e trocar de roupa para se encontrar com Dumbledore no café da manhã.
Por um momento Snape queria dizer não à Dumbledore, negar o pedido que lhe foi feito, deixar que o Voto Perpétuo o matasse por não cumprir seu juramento. Ele queria, só Deus sabe como ele queria, mas havia a maldição que impregnara em Dumbledore, que o estava matando. Havia Draco, que não merecia sentir o peso de um assassinato em suas mãos e havia Harry, principalmente Harry. Conhecia a importância de permanecer no plano de Dumbledore, seguir suas regras e mandos, sabia que Harry era a peça chave de tudo isso, mas não sabia o porquê e nem mesmo o menino queria lhe contar porque ficava tanto tempo no escritório do diretor. Tudo isso era frustrante e irritante. Dando uma última olhada nele saiu deixando-o dormindo e sonhando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)
Roman d'amourE se tudo pesasse? Se os pesadelos lhe levassem para a morte recente de um jovem lufano? Se o trabalho que seus tios lhe obrigavam a fazer nas férias pudesse agora ser feito no mundo bruxo o trazendo mais dor? O que você faria? O que Harry faria? Co...