Um péssimo dia

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Capítulo 5 – Um péssimo dia

Ao acordar, seu corpo estava mais relaxado. O calor e aconchego da cama era um convite para um dia de preguiça crônica, porém Rony jogava almofadas nele para que levantasse fazendo com que voltasse a sentir as dores em seu corpo. Não podia culpar Rony, ele não sabia de nada. Por isso apenas avisou que estava acordado com um breve resmungo e escondeu o rosto no travesseiro aguentando a dor das pancadas que em qualquer outro não causariam nada, mas que nele fazia arder a pele como se milhões de facas estivessem prestes a cortar sua carne.

Assim que Rony se afastou recuando o travesseiro Harry respirou fundo e fechou os olhos tentando voltar a sonhar com aquela criatura misteriosa que lhe assombrava os sonhos causando-lhe arrepios que nada tinha a ver com o medo do desconhecido. Mas por mais que tentasse voltar a sonhar com seu cavalheiro negro em meio a uma chuva de pétalas azuis, já não conseguia dormir. Bufando silenciosamente levantou-se devagar e constatou que seu corpo estava menos dolorido. Quase automaticamente seu humor melhorou, tateou o criado mudo em busca dos óculos, ao colocá-lo olhou direto para o local onde ontem havia repousado a belíssima flor azul que lhe fora dado de presente, porém, intrigou-se Harry, não havia nada ali além das embalagens de doce que Rony e Neville haviam devorado no dia anterior.

Um aperto no coração se deu em Harry segundos depois quando percebeu que perdera a única prova de que aquele encontro no alto da torre de astronomia não havia sido um sonho. Desesperado começou a procurar pelo quarto desde embaixo das cobertas até em cima do armário. Não havia nada da flor azul, nem mesmo uma pétala. Sem pensar em nada mais do que recuperar o que lhe fora roubado, Harry desceu até o salão comunal e encontrou os amigos já arrumados o esperando.

- Não vai para as aulas hoje, Harry? – Perguntou Hermione carregando sua enorme mochila recheada de livros pesados e enormes.

- Vou. – Respondeu o menino alheio a sobrancelha levantada de Hermione.

- Então por que ainda está de pijama? Anda, vai se arrumar, a gente te espera.

Harry não quis saber de se arrumar, queria sua flor, queria achar aquela pequena lembrança que um desconhecido lhe deu de uma forma tão singela, sem pedido, sem cobrança.

- Rony, você viu uma flor azul que estava na minha cabeceira?

- Vi, está com o Neville.

Rony apontou para um menino gordinho debruçado sobre uma mesa no canto do salão olhando atentamente para uma flor murcha dentro de um vidro, uma flor azul, a flor de Harry.

- Neville! – Gritou Harry correndo até onde o menino estava. Neville tomou um susto tão grande que quase caiu da cadeira.

- Nossa Harry, que susto.

- Neville, o que você está fazendo? – Perguntou Harry cruzando os braços diante do peito.

- O que? Não estou fazendo nada. – Respondeu o menino gorducho fazendo uma careta como se estivesse pensando no que tinha feito de errado.

- Essa flor. – Apontou Harry. – O que está fazendo com ela? Ela é minha, estava na minha cabeceira.

- Ah Harry, desculpe. Sei que não devia ter pego, mas te chamei várias vezes e você não acordou então peguei apenas para dar uma olhadinha. Essa é uma flor raríssima, não consegui evitar pegá-la e vê-la, sabe que flor é essa?

- Não, Neville, não sei, na verdade não faço a menor ideia. A única coisa que sei é que ela é azul e é minha.

Neville olhou para Harry com as bochechas vermelhas de vergonha e lhe devolveu a flor.

O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora