O trabalho de Potter

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Capítulo 13 – O trabalho de Potter

Aquela casa parecia ser perfeita, igual a todas as outras casas da rua, estupidamente iguais com seus jardins verdes e suas janelas impecavelmente limpas ou os carros do ano no jardim. Já era tarde, a noite caia pesada sobre a vizinhança e todas as luzes estavam acesas, tinha alguém em casa. Snape fechou os olhos por um único momento tentando controlar o impulso de entrar lançando maldições para quem quer que estivesse na sua frente. Qualquer pessoa que se relacionasse com gente desse tipo era igualmente podre. Mas precisava se concentrar e seguir com o plano devidamente feito em sua mente. Não podia se entregar ao instinto e ao desejo de matá-los, não agora pelo menos. Por isso seguiu silenciosamente com passos leves e rápidos que o levaram direto para a porta branca. Sua mão tremeu ao levantá-la e batê-la três vezes naquele pedaço de madeira que ele queria tanto socar até quebrar todos os pedaços e deixar apenas os estilhaços no chão misturados com seu sangue raivoso. Mais uma vez fechou os olhos e respirou. Harry precisava de toda a sua concentração agora.

- Mas quem está batendo à essa hora na minha porta?

Uma veia pulsou violentamente em sua têmpora quando ouviu aquela voz grossa e rasgada. Demorou menos de dez segundo para que o grande homem abrisse a porta mostrando sua grande cara feia, gorda e bigoduda. Ele iria ralhar com a pessoa que o estivera incomodando, mas engoliu todas as palavras no instante em que viu a pessoa a sua frente. Snape tinha um olhar duro feito ferro, afiado como navalha e negro como fendas do inferno.

- Acredito que seja o senhor Dursley, correto? – Perguntou Snape evitando a vontade de vomitar cada letra daquele nome.

- Sim. – Respondeu o senhor Dursley olhando-o de cima e tentando se mostrar um homem forte e firme enquanto escondia o pavor que estava sentindo pela presença daquele ser. – O senhor quem é e o que quer?

- Onde está Potter? – Perguntou Snape sem querer demorar mais do que o necessário.

- Para quê quer saber? – Perguntou senhor Valter ignorando o fato do homem não ter respondido nenhuma de suas perguntas. – O quer com ele?

- Se quisesse falar ao senhor, eu falaria. Onde ele está? – A voz de Snape, embora baixa, era cortante e firme, entrava pelo ouvido de Valter e causava-lhe um arrepio na nuca como se fosse a própria morte lhe soprando o cangote. Snape era pior que isso.

- Creio que não seja de sua conta senhor!

Com certeza essa era uma noite que testava a rara paciência de Snape. A essa altura já teria torturado e até mesmo matado se necessário, mas não podia. Essa não era uma noite como outra qualquer onde teria que fazer seu trabalho sujo pelo Lord e usar seu nome como desculpas para descontar sua raiva em outra pessoa. Essa era a noite em que faria algo por alguém muito mais nobre e isso exigia uma atitude muito mais nobre. Snape então ignorou sua grande vontade de sacar a varinha e apontar para a cara gorda do senhor Valter e entrou na casa sem ter sido convidado.

Sua sobrancelha ergueu-se ao olhar ao redor e ver que cada pedacinho o fazia sentir a presença dele. Podia até mesmo vê-lo em cada canto, segurando o choro para não apanhar do tio. Passou os dedos de leve na porta do armário sob a escada e como se um vídeo fosse posto em seus olhos ele o viu. Estava sentado dentro daquele cubículo, seus cabelos pretos e bagunçados haviam sido cortados e agora via-se apenas alguns fios bem curtos que ainda permaneciam na cabeça careca. Seus lindos olhos verdes estavam fechados, mas pelas fendas de suas pálpebras saiam as lágrimas cristalinas e tristes que caiam pelos seus braços que lhe cobriam o belo rosto como se fosse um pecado mostrá-lo. Snape queria encostar nele, queria enxugar suas lágrimas, queria olhar para ele e lhe dizer que tudo ficaria bem, mas ele não estava ali, não estava naquele armário.

O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora