Capítulo 25 - A volta da rosa
O tempo passou rápido e a desconfiança de Harry com Malfoy cresceu na mesma velocidade, mas parecia que somente ele via coisas como os sumiços do loiro e seus atos estranhos, tudo parecia relativamente normal para outras pessoas como Rony e Hermione e até mesmo para Dumbledore. Mas o que ninguém reparava em Malfoy, reparava no diretor cada vez mais cansado e com sua mão cada vez mais enegrecida. Por mais que não falasse, aquilo incomodava Harry de uma forma monstruosa. Dumbledore não poderia ficar doente agora, não nesse momento que o mundo bruxo precisava dele.
"E você também" Pensou lembrando-se dos vários momentos em que ouvia aquela voz em sua cabeça. Já se passaram três meses desde que tinha chego a Hogwarts para um novo ano letivo e em cada noite ele ouvia a voz em sua cabeça antes de dormir, por diversas vezes tomou a poção para dormir sem sonhar, mas a poção era extremamente perigosa se tomada várias vezes consecutivas e nas vezes em que não a tomava Harry era tomado e aterrorizado por pesadelos envolvendo Voldemort, Dumbledore, Snape e os olhos amendoados de um loiro que ele não reconhecia.
Ele sabia que deveria ter ido procurar Dumbledore e contado sobre as dores, os pesadelos e a voz, mas o diretor já tinha coisa demais para se preocupar para ainda ter que cuidar de sua cicatriz, sendo que Harry sabia o que era aquilo e a culpa era completamente sua se não aprendeu oclumência com Snape, se foi tão curioso a ponto de deixá-lo com muita raiva quando viu suas lembranças no ano anterior. Era tudo culpa sua. Na verdade, Snape se distanciara por sua burrice ao ser capturado, mas era melhor culpar sua pequena visita a penseira.
Ao pensar em Snape o peito de Harry se apertou, desde o início do trimestre o mestre de poções não falara com Harry, não lhe dirigira uma única palavra, nem mesmo para tirar-lhe pontos, o tratava como um nada, pior que um fantasma.
- Harry? – Chamou Hermione sentando-se ao seu lado na sala comunal. – Tudo bem?
- Tudo, estou só um pouco cansado, os treinos de quadribol, sabe como é.
- Sei. – Respondeu a amiga esfregando uma mão na outra e olhando de canto para o amigo.
- Fala logo Mione.
- Como que você está lidando com o time com a Gina como artilheira?
- Normal.
- Tem certeza?
- Mione não é só porque terminei o namoro com Gina que nós não nos daremos mais bem.
- Harry, o término do namoro de vocês foi catastrófico, você gritou com ela e só não a envergonhou mais porque só eu estava presente.
- Eu não tenho culpa se não queria mais namorar com ela e ela queria, ela é muito possessiva e me traiu com aquele corvinal loiro e ridículo, aquele Renus Marcos. O que você queria que tivesse feito? Continuado com ela?
- Não, mas não precisava tê-la tratado daquela forma, você nem ao menos a deixou se defender antes de chamá-la de vaca para baixo, você a humilhou.
- Só disse a verdade.
- Algumas verdades não são ditas Harry.
- Tá bom Hermione, eu já entendi tá bom, agora se me dá licença eu vou pro meu quarto.
- Espera, tem algo mais que quero te falar sobre a Gina.
- O que é?
- Bom, desde o dia em que vocês terminaram, eu percebi que a Gina tem saído a noite do castelo usando uma das saídas secretas que Fred e Jorge ensinaram antes de sair daqui no ano passado e bem, estou preocupada.
- Preocupada com o que?
- Com o que ela possa estar fazendo. Sabe que ela tem um gênio difícil e é cheia de fazer surpresas.
- Se está tão preocupada então pergunte a ela. Agora me dá licença.
Harry não se dirigiu para seu dormitório, saiu da sala comunal e foi direto para a cozinha. Ao contrário dos outros anos, quando tinha que voltar para a escola depois de trabalhar o verão inteiro com seus tios, Harry tinha muita fome agora, vivia comendo e bebendo na cozinha fazendo os elfos ficarem deslumbrados por estarem o servindo. O menino andava sem perceber ao certo por onde ia e não percebeu que alguém vinha em sua direção sem também ver por onde andava. Os dois só perceberam quando se encontraram no meio do corredor.
- Mas o que...?
- Que droga, não olha por onde anda?
- Olha o modo como fala senhor Potter.
Para que o menino não caísse com a trombada, Snape o segurou pelos braços e somente naquele momento percebeu que ainda permanecia segurando-o. Suas mãos pareciam não querer se soltar, queriam sentir toda a sua pele e não somente o pedaço onde estavam no momento. Lentamente Snape o puxou para mais perto até que os dois estivessem tão próximos que era possível ouvir a respiração de ambos. Era a primeira vez que Snape falava com Harry no trimestre e o som de sua voz entrou em seu corpo como um remédio para uma doença muito grave. A proximidade de seus corpos acendia em Harry um nervosismo imenso e o menino quase tremia nas mãos do professor.
- O que faz aqui senhor? – Perguntou sem pensar.
- Eu é quem faz as perguntas, senhor Potter. – Respondeu Snape percebendo o quanto estivera perto de beijá-lo, o que seria um erro imenso. – E não é da sua conta o que faço ou deixo de fazer. - Sua voz era agora um fio áspero ao soltá-lo de suas mãos.
- Desculpe senhor.
Alguma coisa dentro de Harry se remoia enquanto ele olhava para os olhos negros de Snape e sentia os braços quentes, onde antes estiveram as mãos do professor. Por que estava se desculpando com ele? Ele nem ao menos se importava com Harry até agora, ele não ia até o quarto do grifinório para ampará-lo quando tinha pesadelos, ele não cuidava de Harry quando o mesmo pensava nas coisas ruins. Harry lutava contra a raiva e contra todas as coisas que estava pensando naquele momento, sabia que aquilo tinha influência de Lord Voldemort e não queria sentir aquilo, mas sentia, aquilo fazia parte dele.
- Com licença.
Sua cicatriz começou a doer quando pegou um caminho que não levava para a cozinha, mas sim para a torre de astronomia. O ar gelado era refrescante e torturante, mas era o melhor que ele conseguia fazer para impedir a dor em sua cicatriz.
- Para. – Pediu internamente com a mão na cabeça. – Para, por favor.
"Você precisa sentir, sentir como é sua vida agora"
- Não, para, para com isso.
"Você precisa saber que isso é o que uma pessoa como você merece"
- Não mereço mais, eu sai dessa vida, isso é passado.
"Isso será sempre você. Não pode fugir de sua história."
- Posso sim.
Aos poucos a dor foi aumentando, até que o atingiu por completo deixando Harry ofegante se segurando firmemente no beiral do terraço. Aos poucos algumas gotas geladas de chuva atingiram seu rosto, o menino fechou os olhos e sentiu algo macio tocar-lhe a pele. Seus olhos abriram-se devagar para ver uma linda rosa azul pousar entre suas mãos.
A rosa não era estranha para ele, era como uma parte de seu ser, de sua vida. Aquela rosa significava alguma coisa, por mais que custasse lembrar. Lembrava alguém, mas quem?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Veneno que Corrói a Alma (Snarry)
RomansaE se tudo pesasse? Se os pesadelos lhe levassem para a morte recente de um jovem lufano? Se o trabalho que seus tios lhe obrigavam a fazer nas férias pudesse agora ser feito no mundo bruxo o trazendo mais dor? O que você faria? O que Harry faria? Co...