59ºCapítulo

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Gatilho: aborto espontâneo, transtorno de estresse pós traumático.

Tento me mexer mais uma vez mas mãos frias me impedem, tremo de medo sob o toque sem saber ao certo de quem seja. Minha mente ainda está lenta e desorientada, a única coisa que tenho certeza é que estou em um hospital. 

Mas não estou segura.

-Calma, não tente se mexer, você ficou muito tempo em uma posição só. Vou chamar um médico!- A voz diz, sei que conheço quem está falando comigo mas agora não consigo me concentrar. 

Começo a sentar dor nas costas e imagino que seja por ter ficado parada por tanto tempo. 

Tempo...

Quanto tempo eu dormi?!

Quanto tempo fiquei vulnerável?!

Viro a cabeça com mais facilidade e vejo que está claro lá fora, sem sinal de um anoitecer próximo. Talvez algumas horas?!  No máximo um dia.

Não pode ter sido tanto tempo já que passei apenas uma tarde com o meu avô e minha filha. 

Minha filha...

Levo minhas mão à barriga sentindo um vazio que parece querer me afogar. Ela não está mais dentro de mim e constatar isso dói mais do que as surras e os tiros, eu falhei e por isso a perdi. 

Sinto lágrimas escorrerem dos meus olhos e meu coração apertar mais a cada batida.

-Kayla!- Minha voz sai em um sussurro seco e dolorido tanto pelas minhas emoções quanto pela minha garganta seca. 

Ouço a porta abrir, viro minha cabeça em direção ao som completamente desinteressada mas ao ver um homem estranho fico em alerta e enrijeço meu corpo. 

Não toca em mim!

Não toca em mim!

Não toca em mim!

-Olá, senhorita Vanralsem, meu nome é Phil Wilson, sou o médico que está cuidando do seu caso.- Ele se aproxima cauteloso e o vejo pegar uma prancheta. -Sua avó foi me chamar.- Se explica melhor ao ver que não esboço reação. 

Minha avó, a voz. 

A procuro pelo quarto e quando não a vejo começo a me desesperar. 

Eu estou sozinha. 

Sozinha com um homem estranho. 

Não toque em mim, por favor não toque em mim. 

-Respire fundo, está tudo bem, você está segura, está no hospital. Se lembra do que aconteceu?- Eu não consigo falar, a única coisa em que meu cérebro se concentra é em pegar o prego no meu bolso caso ele tente alguma coisa. 

-Senhorita Vanralsem?! Está me ouvindo?!- Ele se aproxima mais e faz menção de tocar minha cabeça, lágrimas começam a descer pelo meu rosto.

Por favor não me machuca!

Por favor não me machuca!

Não toque em mim!

-Não toque em mim!- Tento fazer minha voz soar alta mesmo com minha garganta protestando, ele logo se afasta com cuidado. As lágrimas ainda descem e me sinto tremer por dentro. 

A letargia de antes parece sumir de repente e começo tentar me desvencilhar dos fios para me levantar. 

Eu preciso sair daqui!

A.S.P: True Love (Amor Verdadeiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora