67ºCapítulo

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Depois do incidente em Veneza, Jack resolveu que é melhor pularmos a parada em Verona e irmos direto para Trento, também decidiu diminuir o tempo que ficaremos na Itália. Saber que ele está fazendo tudo isso por pura birra me deixa cansada e brava, nunca imaginei ele reagindo daquela maneira a um assunto tão delicado. 

Uma parte de mim grita me alertando que o que aconteceu foi um sinal vermelho, mesmo não querendo tenho a sensação que meu relacionamento está desandando mais rápido do que o esperado. Depois do que ele disse, basicamente jogando na minha cara que sou egoísta, não sei como será nossa vida depois que casarmos.

Eu o amo, muito. Depois que Jack entrou na minha vida tudo mudou, experimentei sensações que nunca pensei serem possíveis, pelo menos para mim. 

Com ele eu tenho uma vida completamente diferente. Mesmo também sendo rica nunca esbanjei dinheiro a torto e a direito, nunca precisei ir em tantos eventos porque meus pais queriam me poupar da exposição por ser menor de idade. Sempre vivi bem, porém simples.  

Agora com o Jack é tudo ao contrário, para ele quanto mais mostrar que tem dinheiro, melhor. Além dos inúmeros eventos que fui ao seu lado nesse um ano e meio de relacionamento, sempre grandioso e extravagante. Foi diferente experimentar esse lado, até bom em alguns momentos, porém quando eu percebi que para ele tudo se resolve com um presente caro fiquei em alerta. 

Desde o começo do nosso relacionamento tem sido assim, ele faz merda e compensa com um buquê, um jantar romântico, joias, música, e tudo "fica bem".

Caiu a ficha de que essa viagem não é para me fazer sentir bem e esquecer o que aconteceu, e sim para perdoá-lo em relação ao beijo com Rebecca. Perceber isso me decepcionou, e muito. 

Não quero desistir desse relacionamento, em parte por medo de ficar sozinha novamente em um situação tão delicada da minha vida, e porque eu o amo demais. 

Respiro fundo e saio do carro encarando a grande casa no meio de um campo verde enorme e com pinheiros altos atrás. Parece um cenário de filme de época, não consigo evitar sorrir com a beleza do lugar. 

A casa tem dois andares e é de madeira e tijolos claros com janelas grandes e altas, de onde estou consigo ver uma grande área com flores silvestres de todas as cores, tem o que parece ser um estabulo e me surpreendo ao ouvir o relinchar dos cavalos. Fico boquiaberta com a beleza do lugar, me transmite conforto. 

Respiro o ar puro fechando os olhos e a imagem do sítio da minha família me vem a mente, sensação de calma me preenche e logo estou animada para conhecer mais do lugar. 

-Não sabia que sua família criava cavalos. 

-É um hobby dos meus pais, eles gostam.- Diz simplesmente sem me olhar, muito atento ao celular. 

Entramos na casa e uma senhora veio nos receber com um sorriso no rosto. Ela usa seus cabelos grisalhos em um coque altos e bem preso, o vestido preto até os tornozelos com a parte da saia mais solta e um pouco rodada e mangas longas, suas sandálias fechadas estilo boneca da mesma cor e um avental branco. 

Me sinto transportada a outro século. 

-Ciao, buongiorno, è un piacere riaverti ragazzo Jack. (Olá, bom dia, é um prazer tê-lo de volta menino Jack.)- Diz educadamente com um singelo sorriso profissional que acentua um pouco suas poucas rugas dos olhos. 

-É bom estar de volta, dona Beatrice.- Jack responde beijando a mão da senhora que cora um pouco, sorrio divertida. 

-Você deve ser a senhorita Kassandra.- Me entende a mão, aperto delicadamente. 

A.S.P: True Love (Amor Verdadeiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora