Capítulo 67

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Pov Dulce

Acordei tão indisposta naquele manhã, não tinha vontade de sair da cama, queria apenas ficar deitada o dia inteiro, mas tinha uma prova importante de física chegando, e eu não podia faltar. Resolvi vencer o desânimo e ir tomar um banho.

Eu estava pensando na Marcela enquanto a água corria pelo menos corpo. Como eu sentia falta da minha melhor amiga. Como eu queria que ela tivesse aqui. Ela sempre foi a única que me entendia, que me escutava de verdade. Eu precisava falar com ela. Eu resolveria isso depois da aula.
Saí do banho e fui me trocar.

Fui caminhando, dessa vez. Essa tala me incomodava tanto, eu não via a hora de tirar isso, porém o médico disse pra usá-la por duas semanas. O que a bicicleta fez comigo? Meu deus, era para ser algo tão simples. Não nasci para dirigir nenhum tipo de automóvel, eu que me contentasse com as minhas caminhadas.

Andei em uma baixa velocidade, queria ter um pouco de paz, curtir uma música e olhar a vista, o céu azul, os carros passando, só.

Quando cheguei à escola, fui até o banheiro, eu já estava atrasada, mas preferi esperar que a aula já tivesse começado para entrar, não queria falar com ninguém.

Mas quando entrei no banheiro, vi que a Gabriela estava se maquiando em frente ao espelho. Não cumprimentei, apenas desviei o olhar dela e foquei no meu celular.

- Oi, Dulce - ela fala, sem ao menos olhar em meu rosto.
- Oi - respondo.
- Você parece abatida, está tudo bem?
- Está tudo ótimo - respondi, tentando manter a voz firme.
- Sinto muito por todos os comentários que tem rolado com o seu nome nessa escola, sabe como as pessoas adoram uma fofoca né, mas você não tem culpa de namorar alguém com essa fama.
- Não precisa sentir muito, dispenso. Nada disso me afeta! São comentários mentirosos sobre coisas que não diz respeito a ninguém. - Alterei a voz. Eu nem acreditava que eu tinha falado aquilo.
- Olha, Dulce. Eu entendo o seu lado, mas o Ucker não é o santo que você acha, ele já vacilou com muita gente. Inclusive comigo.
- Vocês não simplesmente terminaram? Qual é o seu problema?
- Terminaram? Ele disse que me amava, e me deixou por causa dela. Ela me odiou e forçou uma gravidez para segura-lo.
- O que? - Eu estava paralisada. Grávida? A Thalita já esteve grávida do Ucker? Onde essa história ainda iria chegar?
- Eu acho que falei demais. É... melhor esquecer essa conversa - Ela sai correndo do banheiro.

Eu estava paralisada. As lágrimas caiam do meu rosto. O Ucker continuava me escondendo as coisas. Eu não aguentava mais estar no meio dessa situação.
Não quero pensar nisso, já chega. Minha vida não pode se resumir a isso, vou focar no que interessa, na aula.

Entrei na classe, pedi licença para a professora e sentei à carteira mais distante de todos. Não queria falar com ninguém. Abri o caderno para tente acompanhar o que a professora já dizia.

Pov Ucker

* Flashback:

- Porque você está fazendo isso comigo, Ucker?
- Você não entende que a gente não consegue se entender nunca? Depois de cinco meses de relacionamento, a única coisa que a gente faz é brigar! - falo.
- Claro que brigamos, você simplesmente me ignora, a todo momento. Acha que você ainda está solteiro?
- E você acha que eu tenho que viver para você? Para de tentar me sufocar, assim não vai dar certo.
- Você não nasceu para estar com ninguém, não consegue manter ninguém ao seu lado - ela chora - vai perder todo mundo se continuar assim.
- Chega, para mim, acabou. Eu não aguento mais isso.
- Essa é sua palavra final?
- Não, mas... precisamos mudar se queremos fazer isso dar certo.
- Sim, e vamos! - ela me puxa para um abraço.

Sai da casa dela naquela noite com a cabeça explodindo. Uma frase que ela havia dito não saída da minha cabeça "Não consegue manter ninguém ao seu lado". Doeu mais do que um tiro no meu coração, e o pior é que eu não podia tirar a razão dela, eu sempre tenho atitudes que afastam as pessoas da minha vida, involuntariamente.

Sentei à mesa de um barzinho perto da minha casa, eu queria beber e esquecer dos meus problemas.

- Oi, Ucker. Tá sozinho? - ouvi alguém me chamar. Virei-me.
- Oi, Gabi. Tô sozinho sim, senta aqui. - puxei a cadeira para que ela pudesse sentar.
- Tá tudo bem?
- Não muito.
- Porque?
- Briguei com a Thalita, como de costume.
- Não sei como vocês conseguem manter uma relação em que só brigam.
- Não sei até quando.
- Imagino. O que você precisar, estou aqui. - ela coloca a mão dela sob a minha.

Meu melhor acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora