Pov Dulce
Depois de toda a história que o Bruno contou, eu estava um pouco desnorteada, não podia
- Eu não tinha ideia da gravidade de tudo isso, estou tão chocada - digo a ele, notei que algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto.
- Não acho que eu fosse o melhor a te contar tudo isso, até porque existem outras versões, mas isso é o que rolava nos corredores da escola.
- As pessoas tem medo do Ucker, é isso? Agora eu entendo todos os olhares e comentários a respeito do meu namoro, meu deus isso é horrível.
- Eu gosto de você, e se achasse que você corria algum tipo de risco com ele, teria te falado, mas não acho. Não estou dizendo que ele é santo ou algo do tipo, mas não acho que tudo nessa história seja verdade, a Gabriela é uma otaria, não duvide disso.
- Obrigada por ter me contado tudo isso, de verdade, mas isso não muda os fatos, não quero julgar ninguém pelo passado, mas parece que ele não mudou, continua se afogando em mentiras para não encarar nenhuma situação que tenha feito, e eu não quero isso para a minha vida. Dele eu só quero distância!Conversamos por mais alguns momentos, depois fui caminhando até a minha casa, ele insistiu para que acompanhar, contudo tive que recusar a companhia. Queria ficar um pouco sozinha, precisava pensar em tudo que estava acontecendo. Em tudo que tinha mudado na minha vida e no meu coração. Fui até uma praça que fica perto da minha casa, sente-me no banco ao lado de algumas crianças, que estavam brincando, e fiquei lembrando das vezes em que Ucker e eu estivemos naquele local.
Nós só tivemos três meses de namoro, mas pareci ter sido muito mais, eu estava tão feliz, parecia que realmente tinha encontrado o meu lugar, tanto com ele, como em relação a amigos. Mas tudo desmoronou.Uma das meninas que estava brincando, deixou a bolar cair perto de onde eu estava sentada, então ela correu em minha direção, eu peguei a bola e entreguei a ela.
- Obrigada, tia - ela sorriu. Aquele momento em que você percebe que esta mais velha porque uma criança já te chama de "tia", por um lado, é satisfatório, mas por outro, é o atestado da idade chegando.
- Magina, princesa - pisquei para ela.Vendo a cena dela voltar para onde estava deus amigos e continuar a brincar, remeteu-me a minha infância, como tudo era mais fácil, sinto gana saudade disso.
Senti alguém se aproximar por trás de mim, e pelo perfume forte e tão cheiroso, eu não tinha como não saber de quem podia ser.
- Ucker? O que você está fazendo aqui? - pergunto, ríspida.
- Eu estava te procurando, já faz um tempo, porque não atende o celular? - ele pergunta, ofegante, parecia que tinha corrido uma maratona.
- Eu não quero falar com você, não me ligue mais! - grito
- Calma, não fica brava, agora não é o momento disso. Sua mãe me ligou, porque achou que você pudesse estar comigo, já que você não atendia o celular.
- Eu estava ocupada, meu celular acabou a bateria, o que ela queria?
- Amor, você tem que ser forte. - ele aproximou sua mão do meu rosto.
- Você está me deixando assustada. O que aconteceu? - pergunto, nervosa.
- Sua avó está na UTI, ela passou muito mal.
- O que? - grito, desesperada. - Como isso aconteceu? Meu deus. - desabei em lágrimas. - Onde ela está?
- Não sei de nenhum detalhe porque vim te procurar, mas sei qual é o hospital, vamos! - ele pegou em minha mão e fomos correndo para o hospital.Meu deus, eu nunca fico com o celular desligado, logo hoje que eu só queria me distrair, esquecer um pouco de tudo que tinha acontecido, e minha vó esta no hospital.
O hospital não era tão próximo de onde estávamos, então o caminho era longo, e contando o fato de eu não querer falar com ele, parecia piorar tudo. Não falei nada, apenas encarava a janela do carro e pedia para que Deus ajudasse a minha avó. Ele segurou a minha mão por alguns momentos, olhava-me fixamente, mas não disse nada, apenas continuou a dirigir.
Assim que chegamos ao hospital, corremos para o andar da UTi, felizmente, eu já sabia o caminho, aquele hospital sempre foi o mesmo que a minha família ficava, até porque minha fia é enfermeira aqui há anos, consideramos um ótimo lugar, quando eu pensei em fazer medicina, queria trabalhar aqui, mas esse sonho já acabou, percebi que não tinha nenhum tipo de aptidão com biologia, na prática, claro. Imagina ter de fazer uma cirurgia em alguém? Não tenho psicológico pra isso.
- Mãe! - corri para abraçá-la.
- Filha, onde você estava? Eu estava tão preocupada com você.
- Estou bem, eu sai com um amigo e a bateria do meu celular acabou. O que aconteceu?
- Sua vó teve um AVC. - conclue, aos prantos.
- Meu deus, como isso aconteceu? - choro.
- Ela começou a passar mal, não conseguia reagir, ligou para sua tia, que de imediato, já chamou a ambulância.
- Quero vê-la!
- Ainda não pode filha, ela está em cirurgia, temos que esperar e rezar para o melhor acontecer.Minha avó já tinha 79 anos, eu estava com muito medo do que pudesse acontecer, mas afastei todos os pensamentos negativos da minha cabeça. Sentei em um dos bancos da sala de espera afim de me acalmar.
- Quer comer ou beber alguma coisa? - Ucker diz ao se aproximar de mim.
- Não, obrigada. - respondi. Ele sentou ao meu lado. - Te agradeço por ter me procurado e ter me trazido até aqui, mas você não precisa ficar, já fez muito, vá descansar.
- Não, estou bem. Vou ficar aqui com você, claro, se a minha presença não for tão ruim para você. Não quero falar ou fazer nada, só ficar ao seu lado nesse momento - segurou em minha mão - mas se você quiser que eu vá embora, eu vou.
- Não precisa ir, pode ficar, obrigada por isso - aquele não era o momento para eu despejar minhas frustrações e mágoas sobre ele, até porque, mesmo não admitindo, eu queria estar ao lado dele. Mesmo que não devesse.Depois de algumas horas sentada naquela cadeira tão desconfortável, a cirurgia que haviam feito já tinha terminado, mas ainda não tinha nenhuma notícia da situação concreta dela, ainda teríamos de esperar mais um tempo. Que angústia.
- Filha, acho que você tem que ir para casa descansar um pouco. - Minha mãe diz enquanto acariciava meus cabelos.
- Não, vou ficar. Só saio daqui quando souber que ela está melhor.
- Não teremos notícia por enquanto, vai, qualquer coisa eu te ligo, juro. Ucker, você poderia deixá-la em casa?
- Claro que sim. Vamos, Dul? - Apenas assenti, minha mãe ainda não sabia que nós tínhamos terminado, e esse não era o momento certo pra dizer isso a ela. Então beijei sua testa, e sai com ele.Quando ele estacionou o carro em frente a minha casa, pensei em como seria difícil permanecer sozinha naquelas casa a noite inteira, sabendo que tudo que estava acontecendo.
- Obrigada, por me trazer. - digo.
- Não tem que agradecer, mas desculpa, você não vai se livrar de mim hoje.
- Que? - pergunto, confusa.
- Não vou embora, vou dormir com você.
- Não, Ucker. Não é uma boa ideia.
- É sim! Não vou te deixar sozinha, prometi para a sua mãe. Não precisa falar comigo se não quiser, só quero ter a certeza de que você vai ficar bem. - apenas assenti com a cabeça, afinal, ele tinha razão e eu não queria ficar sozinha.
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Meu melhor acaso
RomanceAs diferenças podem pesar ou nos fortalecer? Até onde o amor pode nos levar?