Meu melhor acaso

Capítulo 68

Capítulo 68

Pov Dulce

Assim que acabou a aula, joguei todo o material na minha mocha, com toda a presa, e sai andando, não queria que ninguém me fizesse nenhuma pergunta. Eu queria ficar sozinha.
Andei até a minha casa, sozinha, perdida em meio ao meus pensamentos, ouvindo Ed Sheraan, as mais tristes que ele tinha.
Não tinha ninguém em casa, aproveitei para tomar um remédio para dor de cabeça e dormir.

Quando anoiteceu, minha mãe entrou em meu quarto dizendo que eu tinha visita, não estava afim de ver ninguém. Pedi que ela desse uma desculpa, mas a pessoa disse que era importante.

- Não quero ver ninguém, mãe. Estou com dor de cabeça.
- Ele disse que vai ser rápido. O nome dele é... - parou por uns instantes- Lembrei, Bruno.

Fiquei pensando no que o Bruno estaria fazendo na minha casa em uma hora dessas, podia realmente ser importante.

- Tudo bem, peça para que ele suba, por favor - ela assentiu e saiu do quarto.

Não demorou muito para que eu ouvisse o som que ele emitiu ao bater na porta, sempre exibindo gentileza e suavidade, ele pediu para entrar, assenti.

- Oi, Dul, desculpa pelo horário, não consegui vir antes, eu tive um problemão com a minha irmã. - ele diz de forma retraída.
- Ela tá bem? - pergunto.
- Tá sim, mas aprontou na escola, tive que ir resolver - sorri.
- Sem problemas, mas me diga, aconteceu alguma coisa? Pode sentar!
- Sim, sabe o Carlos? - ele senta ao lado da cama.
- Aquele bem alto que quase não fala na aula?
- Esse mesmo. Então, ele e eu tínhamos combinado de almoçar depois da aula, e quando estávamos saindo, ele achou um papel no chão. Reconheci sua letra, e achei melhor te devolver. - ele tirou o papel do bolso e colocou em minhas mãos.

Abri o papel o papel e vi que era uma música que eu estava compondo há um tempo, possivelmente caiu da minha mochila na correria que eu tava quando entrei na sala de aula.

- É meu sim, obrigada por ter vindo me trazer. - sorri.
- Desculpa, mas tive que ler pra saber do que se tratava. - corei.

Não mostrava as coisas que eu escrevia para ninguém, nem mesmo para a Marcela, o único que ouviu uma música minha, fora o Ucker. Então eu fiquei extremamente envergonha ao saber que ele leu.

- Não tem problema. - digo.
- Mas sabe, é autoral? Você que escreveu esse poema?
- Sim.. - coloco uma mecha do cabelo atrás da orelha - Na verdade, é uma música.
- Nossa, achei incrível, de verdade, você tem muito talento.
- Não ficou bom, na verdade, ficou péssimo, não precisa dizer isso para me agradar.
- Não é verdade, eu realmente gostei, e queria pedir uma coisa.
- O que?
- Canta ela pra mim?
- Agora?? - gelei.
- Se puder, eu queria ouvir sua voz.

Fui até o canto do meu quarto e peguei o violão. Comecei a tocar, ele não tirava os olhos de mim. Olhada com ternura, admiração, creio que isso me tranquilizou.

¿Cuantas veces tengo que disimular?
Esconder la realidad mientras muero por tenerte
¿Como es que no puedo decirte que no?
Aceptar que es un error
Y borrarte de mi mente
He llegado al punto de perder la razón
Pero hay algo que me ata a tu calor

Terminei a canção com os aplausos que ele despojava sob mim.

- Meu deus, que voz perfeita. Dulce, você precisa mostrar essa voz para o mundo.
- Nunca teria coragem.
- Estou falando sério, eu tenho um primo que é produtor musical, ele trabalha em uma gravadora, podíamos falar com ele para lançar essa música.
- Não, ninguém dia gostar.
- Claro que iam, é ótima, o mundo precisa ver isso.
- Vou pensar, ok? - ele assentiu.

Quando ouvimos a porta abrir. E o Ucker ficou ali, em frente à porta, parado. Olhando para nós dois.

- Ucker? O que tá fazendo aqui?
- Eu vim te ver, mas acho que você já tem companhia.
- Eu já estava indo, tenho que ficar com a minha irmã.
- Obrigada por ter vindo, Bruno.
- Magina, até amanhã. Tchau.

Ele pega suas coisas e sai, todo envergonhado. Nem sei porque, não tem motivo algum.

- O que você fazia com aquele cara aqui?
- Ué, você é cego? Estávamos conversando.
- Porque você não me avisou? Porque saiu correndo da escola? Tava com ele?