Meu melhor acaso

Capítulo 22

As aulas acabaram, eu não conseguia me concentram em nada, mas logo veio o intervalo.
A Marcela não tinha aparecido. Decidi que eu iria até a casa dela depois da escola.

- Vamos para a cantiga, gente? - Annie pergunta.
- Vão vocês, eu vou lá fora tomar um ar - Respondo.
- Tá bom, Dul, mas qualquer coisa, chama a gente. - May diz.
- Obrigada meninas - Sorrio e sigo andando até chegar ao jardim.

Sentei perto de uma árvore e via-me perdida em meus pensamentos. Coloquei fones no ouvido. Eu ouvia "i won't give up" do Jason Mraz.
O momento em que nossa mente é capaz de lembrar de tantos momentos de uma vez só, a sua incrível capacidade que relembrar tudo aquilo que mais te fez amar alguém, querer a pessoa em sua vida. Nossa mente é como um livro que tanto gostamos, podemos ler e depois seguir em frente, todavia sempre lembraremos de cada detalhe que nos marcou, e nos encantou, só que se formos ler novamente, podemos ter outra visão, outro sentimento.

- Oie Dul - Alguém fala por trás de mim.

Era aquela voz. A voz que era capaz de me estremecer, e de me tranquilizar, ao mesmo tempo. A voz que eu queria ouvir do amanhecer até o dia terminar. Quando eu tinha me tornado todo esse clichê?

- Oii... - Olhei no fundo dos olhos dele.
- Você está bem? - Ele pergunta.
- Estou sim - Sorri e ele senta ao meu lado.
- O que você está ouvindo? - Ele pega um dos meus fones. - Adoro está música, sei tocar no violão.
- A May comentou que você tocava, posso ouvir qualquer dia desses?
- Sim, eu toco, amo. Ficarei honrado de tocar para você. - Sorrimos.
- Desculpa por ficar fugindo de você. - Coloco uma mexa do cabelo pra trás da orelha. - Eu só...não sei, é complicado.
- Tudo bem, não tem que se explicar.

Nesse momento, o sinal toca. Vemos todos voltarem para as salas de aula, teríamos que fazer o mesmo.
Logo quando eu tomo coragem para dizer tudo que precisava, algo interrompe?

- Temos que ir - Digo enquanto me levanto.
- Espera, podemos sair... hoje a tarde?
- Sim, me manda mensagem depois da aula, beijo. - Concluo e saio andando.

Pov Ucker

Estava sentado com os meninos, no intervalo, enquanto eles falavam da festa que teria do nosso amigo, Vini, estavam muito empolgados por ele ter chamado muitas de mulheres de sua nova escola dele.

- Imagina isso? As gatinhas que o Vini conhece? Meu deus - Chris fala.
- Vai ser uma noite e tanto - Poncho sorri. - Você não está animado, Ucker?
- Eu? Ah, to.

Eu não estava nenhum pouco animado para esta festa onde eles encheriam a cara e eu seria aquele que os levaria para casa.

- Tá cada dia mais velho e apaixonado, cuidado ein. É recíproco pelo menos? - Chris pergunta. Eles riam.
- Não quero falar disso, vou lá fora para ver se a minha dor de cabeça passa.

Era difícil falar dessas coisas com ele, pois eles nunca entendiam, prefiro ficar quieto.
Fui até o jardim, e notei que mais à frente havia aqueles cabelos ruivos, enrolados, voando junto ao vento. Era ela.
Fui até ela e falei por trás de seu ombro.

- Oi Dul - Eu estava todo nervoso, e nem sabia o motivo.
- Oie - Me encara.

Dessa vez, eu sentia segurança em suas palavras. Conversamos por um tempo, sabia que ela diria algo importante, porém fomos interrompidos pelo sinal. Tínhamos que ir. Até poderíamos ficar, mas conhecendo-a, já sabia a resposta. Iríamos para a aula.
Convidei-a para sair depois da aula, ela aceitou.