Como um relâmpago

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Anna

Os dias passaram como um relâmpago, de início era pra ser uma estadia de apenas 7 dias , esse era meu plano , achei que seriam suficientes para pelo menos respirar um pouco , mais os 7 dias se passaram , viraram 14 e hoje faz exatamente 1 mês que estou aqui . E antes que vocês imaginem que sou extremamente rica para bancar 1 mês em L.A e em um hotel ( que piada) eu juntei minhas últimas economias pra embarcar nessa viagem e pra falar a verdade nem pensei no depois, mais os dias aqui foram passando e eu percebi que não estava pronta pra voltar, talvez nunca estivesse.Então antes que fiquem preocupados comigo , eu arrumei um emprego , estou trabalhando como garçonete naquela mesma lanchonete que fui no primeiro dia que cheguei aqui, incrível não ? Foi exatamente no décimo dia que estava aqui , lá estava eu indo até a Sally's ( adorável o nome vocês não acham) engordar mais um pouco , quando avistei a placa na porta , dizendo que estavam contratando . Entrei e fui até a moça sempre sorridente que atendia no balcão .
- Com licença - e lhe estendi um sorriso.
- O que vai querer hoje querida? - era a quarta vez que ia até a lanchonete desde que cheguei, sim eu adoro fast-food, pra onde vai? Também não sei , porque sou magra o que você vê de frente você vê de lado literalmente , nada de peitos e nada de bunda minha gente , consequentemente lembrei do meu primeiro dia aqui , aquele garoto bonito de sorriso fácil me questionando exatamente sobre isso , balancei a cabeça focando novamente no meu objetivo ali.
- Eu vi a placa lá fora , estão contratando ainda?
- Tem experiência com atendimento a mesas ?
- Na verdade esse tipo de atendimento não ,mais já trabalhei com atendimento ao público, sei lidar com pessoas - e sorri- e aprendo muito muito rápido , e preciso muito desse emprego , caso contrário terei que enfrentar meu trágico destino - dramático não ?
- E que trágico destino seria esse? Me respondeu sorrindo.
- Voltar pra casa, e simplesmente ainda não estou preparada.
- Qual seu nome querida?
- Anna
- Eu me chamo Sally
- uowww , esse lugar é seu então? É simplesmente adorável de verdade , e não estou tentando ser agradável pra você me contratar , não é nada disso .
- Então Anna , gostei de você , vamos fazer uma experiência , o que acha? 1 semana pra ver se você se adapta , se der tudo certo no final dessa semana você estára contratada.
E aqui estou eu , contratada , consegui meu visto de trabalho para continuar no país e de quebra consegui um lugar ótimo pra ficar , advinha com quem ? Com a Sally claro .
Sally tem 32 anos , é linda , loira , cabelos ondulados até a cintura , um corpo incrível , super vaidosa , ao contrário de mim que sou magra, tenho apenas 1,60 de altura , cabelos curtos pretos e ondulados. Toma conta do próprio nariz desde os 18 anos , já foi casada , mais como ela mesmo descreve foi a pior escolha que já fez na vida , e hoje vive os dias como se fossem os últimos , abriu seu próprio negócio ( o Sallys) aos 25 anos , sem ajuda de ninguem , e eu acho o máximo , ela é incrível e em poucos dias se tornou minha melhor amiga, não ela se tornou um anjo em minha vida ( estaria eu na cidade correta , a cidade dos anjos) por assim dizer e me aluga um quarto no seu apartamento. Sally me tira dos meus devaneios .
- Querida , estou falando com você, em que mundo está hoje? Seu celular está tocando .
- Me desculpa Sally , não ouvi , estava só pensando na vida .
- Novidade , você só faz isso , está em uma cidade enorme , com tanto pra se fazer , tantos lugares pra ir , tantas possibilidades e o que você faz , se tranca no quarto e se perde em seus livros, minha querida achei que quisesse uma mudança em sua vida , não foi o que me disse ?
Sally estava certa , certíssima na verdade , mais eu simplesmente não conseguia sair , achava errado , eu preferia me perder em livros do que tentar me divertir , simplesmente não parecia certo.
- Não vai atender ? Isso está tocando a horas .
Peguei o celular do bolso da minha calça e vi o nome estampado da minha mãe na tela, era a décima vez que ela ligava só hoje . Desde que cheguei aqui apenas falei com ela 2 vezes , e ela ainda podia se dizer sortuda porque era a única que eu ainda atendia e avisava que ainda não estava morta.
- Não , não preciso atender agora. Sally me olhou compreensiva como sempre fazia , mais com uma pitada de " Querida você precisa viver" essa era a frase favorita dela.
Estava quase no final do meu expediente , quando vi que um grupo de garotos se acomodou em uma das mesas .
- Boa tarde meninos , o que vão querer? Falei olhando pra ninguém em específico colocando os cardápios em cima da mesa. Um garoto pigarreou , chamando minha atenção pra ele. Era o garoto lindo e de sorriso fácil do meu primeiro dia aqui , Vinnie era seu nome, achei que nunca mais o veria , não que quisesse , não era relevante , não estava a procura de ninguém , mais a cidade é enorme , mais aqui está ele, com seu sorriso e olhos encantadores. Ele não disse nada , talvez não se lembrasse de mim como eu me lembrava dele.
Eles fizeram seus pedidos , e então voltei ao balcão , passando o pedido para o Bob, que era o nosso excelentíssimo cozinheiro. Os pedidos ficaram prontos e me dirigi novamente até a mesa dos meninos pra entrega- lós , notei que Vinnie sempre estava com os olhos em mim , mais não me importei , pois ele não parecia em suas atitudes como o menino intrometido do meu primeiro dia aqui. Estava terminando de atender a outra mesa, quando virei e vi que um dos meninos acenava pra mim , um menino loiro dos cabelos compridos , com ar de superioridade, pois é eu avalio as pessoas rápido assim , e eu sou muito intuitiva , ou era pelos menos .
- Vão querer mais alguma coisa ? O garoto soberbo quem respondeu.
- Que tal o seu telefone ?
- Desculpe , mais não acredito que meu número esteja disponível no cardápio, mais se quiser algo específico do " cardápio" ficarei feliz em ajudar. Vinnie e os outros começaram a rir , mais Vinnie parou logo quando percebeu meu olhar.
- Então mais alguma coisa ? Ou posso trazer a conta?
- Ah qual é , vai dizer que nunca deu seu número pra nenhum cliente que tenha pedido, nós poderíamos nos divertir sabe.
- Não que eu lhe deva satisfação , mais não , eu não saio distribuindo meu número por aí e honestamente você não daria conta - e dei uma piscada- volto já com a conta - e voltei até o balcão , deixando pra traz a mesa com os meninos rindo do seu amigo soberbo, aquilo na verdade não me afetava , cansei de receber cantadas por aí , e principalmente desde que comecei trabalhar aqui , infelizmente as pessoas são assim. Voltei com a conta , eles pagaram e foram embora , levando com eles o garoto do sorriso fácil não tão fácil hoje.
Como já era fim de expediente , aguardamos o último cliente sair , fechamos tudo e fomos pra casa, amanhã era outro dia.

Meu Garoto de L.AOnde histórias criam vida. Descubra agora