Sobre Deuses e Escolhas - Passado Distante - Parte I (Bônus 1)

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Observação antes de começar a história: esse bônus contará a interação de Hodr (irmão de Balder) com amigos, família e ao mesmo tempo que veremos um pouquinhos dos personagens que amamos e conhecemos em SHD...


A respiração já estava quase lhe faltando enquanto ela corria para longe dali. Havia escapado e só os deuses dos deuses sabiam como. Encostou-se em uma árvore tentando acalmar-se, mas era impossível. As lágrimas corriam por seu rosto enquanto ela alisava o enorme ventre. Estava cansada, com fome, com sede e bastante preocupada com seu filho. As dores de parto já começavam.

Aquele grupo era conhecido por todos os Nove Reinos. Saqueavam quem estivesse em sua frente, estupravam as mulheres e matavam as crianças. Quando chegaram, Narea estava dormindo e Okrum ainda não havia chegado em casa. Estivera fora a noite inteira por conta de um serviço extra. Tinham que arranjar dinheiro para as despesas com a criança que estava por vir.

Ela os ouviu e por isso acordou. Já estava nos últimos dias de sua gestação e mal conseguia mover-se. O seu irmão, Ellia, estava cuidando dela naquela noite e foi ele que a ajudou a fugir. Lutou contra vários daqueles saqueadores, mas foi pego pela espada de um deles. Narea não viu a hora, corria desesperada para dentro da mata.

Já havia corrido por quase duas horas e não aguentava mais. Sentou-se no chão enlameado e chorou ainda mais forte. As pernas estavam dormentes e ela mal conseguia manter seus olhos abertos. Fechou-os apenas por alguns minutos, para tentar recuperar um pouco da sua força e voltar a correr. Os cabelos loiros estavam soltos e caiam por sobre os seios. O vestido fino, de alça, não a protegia do frio e por isso começou a sentir a musculatura contraindo-se. Na tentativa frustrada de gerar calor. Estava quase completamente adormecida quando ouviu passadas ali próximo.

Não sabia o que fazer. Não sabia se conseguiria continuar correndo. Não sentia suas pernas e não conseguia mais se mexer.

– Desculpe, meu amor. Mamãe tentou. – falou alisando a barriga. A boca tremia bastante. – Eu queria ser mais forte, mas não consigo mais. – o passo ficou ainda mais próximo. – Desculpe. – Ela encolheu-se como pode e esperou que a morte chegasse, mas ao invés disso, sentiu um manto cair por cima de seu corpo. Olhou para cima e viu um dos homens de sua aldeia tentar aquecê-la.

– Narea! – seu marido chegou rápido até ela. Ajoelhando-se diante da mulher e segurando seu corpo nos braços. Ela tremia fortemente. O inverno de Vanaheim não era tão percebido durante o dia, mas a noite, era quase insuportável. – Vai ficar tudo bem.

– O bebê não se mexe. – falou ela quase em um sussurro.

– Eu vou colocar você um lugar seguro e vamos ver o que está acontecendo, está bem? Não se preocupe – comentou ele segurando-a  nos braços. Colocou-a em seu cavalo e correu com ela para a casa de uma das parteiras dali.

A mulher passou a sentir as contrações ainda mais fortes e a parteira logo decidiu que era hora de fazer a criança nascer. Colocou-a deitada em uma das suas camas e mandou que o marido esperasse do lado de fora.

Os gritos que se seguiram estavam quase enlouquecendo Okrum e aquilo ficou pior ainda quando a parteira saiu do quarto, pedindo ajuda para duas outras mulheres. Completamente ensanguentada e com a fisionomia de espanto. Ele sabia o que estava acontecendo. Narea parou de gritar.

Depois de doze horas de completo desespero, a mulher saiu do quarto. Estava cansada e soava muito. Limpava as mãos em um pano e o encarou tristemente.

– São dois meninos. – falou encarando o homem.

– Dois? – ele sorriu abertamente, mas então lembrou-se do estado de sua mulher. – mas e Narea?

Sobre Humanos e Deuses | LokiOnde histórias criam vida. Descubra agora