Quando a Tormenta Passar

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Houve um rápido escurecimento na visão e depois tudo voltou a tomar foco. Havia uma mesa grande onde várias pessoas estavam sentadas. Entre elas a família real: Odin, Frigga, Thor e Sigyn, que acabara de entrar naquela enorme sala. Procurou uma cadeira e sentou-se entre Sif e Volstagg. Analisou a mesa e percebeu a ausência de um deles.

- Mãe, onde está o Loki? - perguntou para Frigga que conversava com uma mulher do reino. A mãe de Balder.

- Ele informou que não vai jantar conosco hoje, querida.

- Ele está bem?

- Não me deixou entrar em seu quarto. Mandou o recado pelo mensageiro. - Frigga respirou fundo. - Também estou preocupada.

- Com licença. - falou a garota.

- Aonde vai? - perguntou Odin.

- Vou falar com o meu irmão.

- Volte e sente-se! Seu noivo está à mesa. - O rei apontou para Balder que sorriu. Sigyn olhou para Frigga, implorando que ela intervisse a seu favor.

- Deixe-a ir, meu rei. - pediu a mãe. - Loki só escuta a ela. Talvez ela descubra o que está acontecendo. - Odin assentiu e Sigyn cumprimentou a todos. O vestido amarelo, de chiffon e cetim, dançava conforme ela caminhava em direção ao dormitório. Parou na porta do quarto de Loki e bateu.

- Abre, sou eu, Sigyn. - pediu ela, mas não obteve resposta alguma. - Loki, abre essa porta.

- Vai embora. - Ele respondeu quase inaudível.

- Loki, se você não abrir essa porta, eu... - ela falava enquanto batia.

- Você o que? O que vai fazer? - uma cópia do deus da trapaça apareceu atrás da garota, assustando-a.

- Eu juro que não falarei mais com você, enquanto eu viver. - O deus ergueu uma das sobrancelhas. - E lembre-se: Eu sou a deusa da fidelidade. Eu tenho um compromisso com aquilo que assumo. - A projeção sorriu tristemente e a porta se abriu. Ele sabia que era verdade e não queria perdê-la. A garota olhou o quarto em volta, completamente desarrumado. Móveis destruídos e papeis espalhados pelo chão. Loki estava sentado na cama, os cabelos desarrumados e o rosto bastante abatido. - O que aconteceu, Loki?

- Senta aqui, Sigyn. - ele falou apontando para a sua cama, ao lado dele. A ruiva não hesitou e sentou-se onde ele havia mandado. O deus lhe passou um papel. - Leia em voz alta.

- "Hoje teve fim a batalha de Jotuheim". - a garota franziu o cenho e parou de ler. - Essa é a letra do papai. Você pegou o diário de batalha dele?

- Só continue lendo. - respondeu Loki e se levantou. Os olhos azuis da garota voltaram para as páginas antigas.

- "Não conseguimos encontrar Laufey, de imediato, mas o exército dos Jotuns caiu. Estávamos prontos para voltar a Asgard quando eu ouvi um choro, fraco e quase inaudível, mas alto o bastante para chamar a minha atenção. Caminhei pelo palácio dos Jotuns, acompanhado de alguns soldados, e a cada passo que eu dava, mais alto se tornava o lamento daquele bebê. Segui aquele choro até que encontrei um quarto, completamente destruído, e o corpo de uma gigante de gelo, caído por sobre o berço. Os meus homens retiraram aquela mulher e eu a reconheci: Era Farbauti, esposa de Laufey. Enquanto eles puxaram o corpo para um lugar qualquer do quarto eu o vi. Estava deitado no berço e chorava de fome e medo. Era um menino, pequeno demais para ser um gigante". - Sigyn parou de ler. As palavras se aglomeravam em sua garganta.

- Leia. - Loki falou rude.

- "Assim que o toquei, a tonalidade azul e todas as suas marcas desapareceram e ele tomou a aparência de um bebê normal. Os olhos vermelhos transformaram-se em um tom de verde claro, quase que instantaneamente, e ele parou de chorar. Sorriu para mim". - Sigyn parou outra vez quando ela percebeu que seus olhos estavam marejados. Sabia onde aquilo iria dar. - Loki, acho melhor...

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