Part IV

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1/6 - Jennie Kim

Antes de torcer o tornozelo, minha vida era tão feliz e eu ainda reclamava, se lembra? Só agora me dei conta disso.

Se antigamente eu pensava em Jisoo vez ou outra durante o dia, desde o dia que sai do hospital é como se ela estivesse morando em minha mente, sem pagar aluguel.

Ainda consigo sentir o calor do corpo dela quando ela me abraçou, ainda consigo sentir o cheiro dela em minha roupa que Lisa fez questão de colocar para lavar porque, se fosse por mim, eu não colocaria.

Aquela era a lembrança mais real e próxima que eu tinha de Jisoo nos últimos anos e eu não queria que água e sabão a tirassem de mim com tanta facilidade, mas meus protestos foram ignorados.

E aqui estou eu. Sentada em uma maca, em um consultório normal, sem nenhum detalhe pessoal ou algo que eu possa identificar a quem pertence, mas sei que não é de Jisoo, não há nenhum detalhe roxo ou azul e ela adora essas cores. Então é impossível que essa sala seja dela.

Ainda estou tentando imaginar como seria o consultório dela quando ela entra pela porta, com uma prancheta e anotando algo.

O cabelo preso em um rabo-de-cavalo, todo esse rosto perfeito e exposto para que eu possa tentar memorizar cada detalhe que o faz tão único em todo o mundo. Dessa vez, o jaleco está aberto, revelando que ela está usando apenas uma camisa social azul petróleo e uma calça jeans clara bem justa. Meu olhar cai automaticamente em suas pernas. Se antes eu já admirava suas coxas, nem preciso dizer que estou babando agora.

A medicina fez mais do que bem para ela e bem que ela poderia me ensinar algumas coisas sobre anatomia. Jennie??? Pare com isso! Ela nunca ficaria com você. Solto um suspiro irritado ao pensar nisso e Jisoo levanta o olhar da prancheta, me encarando com a sobrancelha arqueada.

- Algum problema, senhorita Kim? - tem algo em sua voz que não consigo identificar o que é.

- Sim, vou ter que ir embora de táxi e eu odeio andar com estranhos. - não chega a ser mentira, mas não posso dizer que estou irritada por ela não querer me dar algumas aulas.

- Oh, por que? - ela parece curiosa de repente, começo a balançar minhas pernas dependuradas na maca, já que não alcanço o chão.

- Todo mundo está ocupado com algo e ninguém pode me buscar - faço beicinho e a vejo mordendo o lábio inferior - É horrível depender dos outros.

- Não se preocupe, tenho certeza que você conseguirá resolver seu problema. - ela dá um sorriso divertido e coloca a prancheta ao meu lado, desenrolando o estetoscópio enquanto se aproxima de mim. Meu coração parece que vai saltar. - Como você tem passado? Alguma dor ou incômodo? Inchaço? Você está seguindo minhas recomendações?

- Estou bem, eu não faço nada o dia todo, não é como se alguém me deixasse fazer algo. - dou de ombros - Nada da dor usual, mas sigo 85% do que você disse.

- O que são os outros 15%? - ela coloca o estetoscópio no ouvido e para na minha frente, ficando entre minhas pernas e se inclina para ouvir meus batimentos. Droga, ela vai descobrir.

- Eu, uh, não sei, não estou me alimentando muito bem, não sinto fome ou vontade de comer. - suspiro ao perceber que ela está concentrada em ouvir minha respiração e me perco aproveitando a proximidade entre nós duas.

- Na sua próxima visita, vamos fazer alguns exames de sangue para ver como esse seu corpo está nutrido. - vejo ela observar meu corpo e engolir em seco, acabo sorrindo com isso.

- Claro, doutora, tudo que você quiser. - ela arqueia a sobrancelha para mim e acabo soltando uma risada baixa.

- Você está de bom humor. - ela sorri, pela primeira vez, ela está sorrindo para mim. Esse dia já valeu todo a pena.

Idol? Ex? Doctor? What?Onde histórias criam vida. Descubra agora