Capítulo 5 - Conhecimento é a base de qualquer relação

147 23 16
                                    


Faziam alguns minutos que Melissa estava deitada sobre o edredom, encarando o teto branco do quarto. Como não havia nenhuma peça de roupa para ser trocada de fato, aquele tempo sozinha seria primordial para refletir - e entender - como tanta coisa aconteceu em um mínimo intervalo de tempo. Naquela mesma manhã, havia acordado completamente sozinha e decidida a continuar assim por um bom tempo. Mas depois de ver aquele sorriso e sentir aquele novo perfume... Foi como se uma nova Melissa, mais emocional que racional, surgisse de repente. E o pior de tudo: ela precisava admitir que estava adorando se sentir daquela forma. Talvez estivesse empolgada demais, mas era inevitável: desde o Ensino Médio, não sabia mais o que era sentir borboletas no estômago, muito menos suar frio só de pensar na simples hipótese de encontrar aquela pessoa novamente.

Pensar nesse último item, especialmente, fez com que, de fato, sua respiração acelerasse e a barriga começasse a doer - já havia algum tempo que estava ali e era preciso descer para encontrar Edgar a tempo do almoço. Mas era preciso mudar também a forma de agir dali em diante, concluiu. Fugir para o quarto não era uma atitude de uma mulher da sua idade, e Melissa fazia questão de mostrar que estava pronta para o que fosse acontecer dali em diante.

E foi com o pensamento de se entregar ao destino e tudo que aquela viagem poderia proporcionar que Melissa entrou no elevador, encarando confiante a própria figura refletida no espelho. Quando abriu a porta, assim como esperava, Edgar estava pontualmente no mesmo local que combinaram de se encontrar mais cedo, e ambos sorriram ao cruzarem os olhares.

— Espero não ter atrasado tanto dessa vez. — disse Melissa, ainda sorridente.

— De forma alguma. Ainda temos bastante tempo até o fim do horário de almoço. — respondeu Edgar, tão contente quanto sua parceira de viagem. — Vamos?

— Claro. — concordou Melissa, seguindo ao lado do homem até o salão de refeições do hotel. Depois de se servirem e ocuparem uma mesa afastada dos demais hóspedes - especialmente de uma família italiana que falava demasiadamente alto - puderam finalmente conversar de maneira adequada.

— Eu estava pensando, nós não nos conhecemos direito ainda. Eu mal me apresentei e já decidimos sair por aí, acho que pulamos uma etapa fundamental. — falou Melissa, entre algumas garfadas na massa coberta de molho de queijo que escolheu.

— Eu pensei na mesma coisa. Não que pular uma etapa seja tão ruim, né? Quero dizer, nessas circunstâncias, não vamos ficar aqui tanto tempo, precisamos adiantar logo as coisas, não acha? — concordou Edgar, também devorando o mesmo prato que Melissa havia escolhido - confiava nela suficientemente para ser influenciado pela escolha gastronômica. E, de fato, aquela receita era esplêndida.

— Que coisas? — indagou Melissa, curiosa.

— Nossa relação. Relação de colegas, companheiros de viagem, eu quis dizer. — apesar do interesse de Edgar, que até então o empresário fazia questão de manter escondido apenas para si, a quebra de expectativa na resposta do homem fez com que Melissa questionasse se de fato aquela atração era recíproca. Mas, no fundo, isso não importava tanto: ela estava determinada a fazê-la correspondida de qualquer maneira.

— Claro. Vamos começar do básico então, certo? Pode começar dizendo a sua cor favorita. A minha é amarelo. — continuou ela.

— Preto. Idade? — questionou Edgar.

— Vinte e oito. E a sua?

— Trinta e dois. Confesso que agora me sinto um pouco mais velho. Profissão?

— Claro que não! Sou médica.

— Sou diretor de uma empresa da área de iluminação.

— Uau! Então eu aposto que você está bastante familiarizado com todas essas luzinhas de Natal, não é?

Amor de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora