Capítulo 25 - Despedida (FIM)

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Edgar apertava os dedos com tanta força contra a cintura de Melissa que o tecido da camiseta que a moça usava ameaçava romper-se a qualquer momento. Ele a abraçava como se a própria existência dependesse daquilo. Não queria perdê-la, e por mais que prometessem não deixar aquela chama se apagar com a distância, sentia-se inseguro. Não conseguia aceitar a ideia de que acordaria sem seu beijo, que seu perfume em breve desapareceria de suas roupas. Não podia sequer imaginar como voltaria à sua vida normal, naquela monotonia das quatro paredes que ficava recluso em seu escritório, que se antes lhe parecia perfeitamente bem, agora era quase uma tortura.

Queria que os dias ao lado de Melissa durassem para sempre, seja na Suíça, no Brasil ou em qualquer lugar do universo. Com ela, sentia-se capaz de viver feliz até em um planeta inabitável.

Melissa sentia o mesmo. Abraçava Edgar com a mesma voracidade, em uma força tão absurda que nem mesmo um tornado a tiraria dali naquele instante. Estava atônita em imaginar que não mais teria aqueles braços seguros para se esconder do mundo, aquela voz que tinha a propriedade calmante sobre ela mais que qualquer fármaco já descoberto, aquele beijo que era capaz de fazer todos os problemas desaparecerem em questão de segundos.

Tudo o que ela mais desejava naquele momento era que uma tempestade tomasse conta dos céus de São Paulo para que não mais precisasse entrar naquele avião, e então ficaria com Edgar por mais um tempo, e, sucessivamente, outros empecilhos apareceriam até que a espera se prolongasse por toda a eternidade.

Seria o cenário ideal. Mas não aconteceu. Enquanto o saguão de embarque se esvaziava, os dois permaneceram ali, até o último segundo. Unidos por um laço tão forte, que naqueles instantes pareciam terem se fundido e passado a constituir um único ser. Até que aquela frase, tão temida por ambos, ecoou pela sala:

— Senhores passageiros, última chamada para o embarque ao vôo com destino a Belo Horizonte.

Por mais que não quisesse, Melissa tinha que ir. Precisou ser forte como nunca, e relembrar que no outro dia teria na cidade a sua família e seus pacientes à espera, embora aquele pensamento não fosse tão convincente mais, já que estava convicta de que trocaria toda a sua rotina de sempre por mais um tempo ao lado de Edgar. Ainda assim, a obrigação falou mais forte, e como se Edgar também entendesse - e concordasse - com aquilo, a cabeça dela, que antes estava gentilmente acomodada sobre o peito do namorado, foi de encontro a dele, onde os olhares se cruzaram de perto pela última vez.

Selaram um beijo doloroso, salgado pelas lágrimas que desciam incessantemente pela face bronzeada de Melissa e fazia com que as peles de ambos tornassem parcialmente grudadas por aquela cola penosa.

— Eu te amo tanto, Edgar... — disse ela, entre soluços.

— Eu te amo mais ainda, Melissa... — respondeu ele, passando os polegares pelas bochechas avermelhadas da namorada, em uma tentativa completamente falha de livrá-las da umidade, já que a cada vez que sentia seu toque, a moça derrubava mais lágrimas ainda.

— É só um tempo, meu amor. Em breve, estaremos juntos novamente e iremos nos lembrar de tudo isso. — consolou Edgar, que, por mais que estivesse destruído por dentro, tentava a todo custo devolver para Melissa o sorriso com qual era tão apaixonado.

— Nós vamos. — concordou Melissa, como se tentasse afirmar para o próprio subconsciente que deveria aceitar aquele destino. De fato, ela concedeu ao homem um último sorriso. No entanto, diferente das outras vezes, aquele gesto era carregado de uma tristeza subjetiva, que disputava espaço com a alegria simbolicamente atrelada àquele ato.

Quando se separaram, e o calor confortável do corpo de Edgar foi substituído pela frieza das malas de mão que carregava, foi como se Melissa perdesse o chão. Estava completamente vazia por dentro, e tinha certeza que nenhuma despedida em sua vida havia sido tão difícil quanto aquela. Ela, que sempre estava tão acostumada a lidar com a dor física, percebeu naquele instante que os acometimentos externos não simbolizavam nada diante da magnitude que a dor emocional poderia assumir. Seu coração estava apertado, a barriga doía e ela não conseguia limpar os olhos.

Amor de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora