Capítulo 12 - Solidão

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"— Não senhorita, sinto muito. Era o único hóspede com esse nome e agora ele não consta mais nos registros."

Aquela frase se repetiu por mais algumas vezes na cabeça de Melissa, como um eco que ressoa dentro de uma caverna. Uma caverna, era exatamente em um local assim que ela sentia que estava agora: frio, escuro e assustador. E o pior, estava sozinha. Absolutamente sozinha. Não entendia o que poderia ter acontecido para Edgar resolver deixá-la, até a última noite ela tinha certeza absoluta de que tudo estava perfeitamente bem entre eles.

Os próximos minutos foram torturantes para Melissa, e ela se sentia como um recém-nascido abandonado pela mãe. Desde quando chegou ali, por mais que estivesse bem com a ideia de viajar completamente sozinha, descobrir novos lugares e apreciar a própria companhia, ao conhecer Edgar todos esses planos foram por água abaixo e foi criada uma relação de dependência com o seu mais novo parceiro de viagens que a fez acreditar que estariam juntos até o último momento. Ou pior, acreditava ainda que seria possível estender aquele amor para além da viagem.

Mas agora seus planos foram para o espaço, novamente, sem que qualquer ideia melhor chegasse para substituí-los.

Estava desolada, se sentia como uma adolescente rejeitada pelo primeiro amor. E foi então que se deu conta de que seus olhos estavam marejados. Sempre foi muito boa em controlar as emoções, em segurar o choro, em fingir perfeitamente que estava tudo bem mesmo quando não estava. Mas, depois de Edgar, seu lado racional passou a ser a parte mais tímida de sua consciência, e a emoção, que nos últimos dias foi o sentido mais preponderante, gritava dentro de si naquele momento.

E foi assim que Melissa se dirigiu em passos lentos e vacilantes para o seu quarto, com a visão turva e a audição bagunçada, em que as vozes e risos que ecoavam pelos corredores do hotel pareciam mais uma melodia fúnebre para comemorar o fim da sua grande história de amor.

Quando chegou no quarto, sentiu-se, finalmente, livre para pular no emaranhado aconchegante de cobertores que estavam sobre a cama e afundar a cabeça contra o travesseiro fofinho que recebeu a sua face em um consolo.

Melissa chorou, chorou feito criança, chorou até soluçar e os pulmões implorarem por um pouco de ar, chorou até não restar mais lágrimas em seus olhos e uma dor de cabeça terrível tomar conta de si. Chorou porque foi abandonada, chorou porque se sentia sozinha e chorou mais ainda por perceber que, mesmo assim, não conseguia deixar de gostar de Edgar.

Nem se quisesse, conseguiria odiá-lo por ter feito aquilo. Se ele voltasse e dissesse que ficou louco, que apenas desistiu, que havia deixado de gostar dela, ela ainda o perdoaria. E voltaria para os seus braços se pedisse, porque percebeu que desde o início da sua existência, aquele havia sido o lugar que mais gostou de estar. Era como se fosse, realmente, o seu lar.

Ela tentou entender os seus motivos, talvez tivesse acontecido algo com a sua família, talvez tivesse sido sequestrado, quem sabe até ele não estava planejando algo? Mas era impossível procurar uma hipótese plausível diante daquelas circunstâncias que não apontasse para a primeira impressão que ela tivera: ele havia a abandonado. Precisava aceitar. Ninguém vai embora sem dizer adeus, sem deixar um sinal, sem dizer ao menos para onde está indo, se tem a intenção de voltar.

Então aquilo era tudo. Edgar decidiu conhecê-la, a fez se apaixonar perdidamente por ele, e de forma tão súbita, como tudo começou, também decidiu descartá-la.

Se não tivesse chorado tanto a ponto de debilitar seu aparelho lacrimal, provavelmente se acabaria de soluçar novamente.

Mas estava cansada - não podia imaginar jamais que uma desilusão amorosa teria o mesmo efeito que correr uma maratona. E então, com os olhos pesados e o rosto inchado, acabou pegando no sono, sobre aquele travesseiro molhado e os cobertores desarrumados.

Amor de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora