Capítulo 14 - Procurando por você

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"Não desistirei de nós

Mesmo que os céus fiquem violentos

Estou lhe dando todo meu amor

Porque até as estrelas queimam

Algumas também caem sobre a terra

Temos muito a aprender

Deus sabe que somos dignos

Não, eu não desistirei"

Edgar passou a mão tantas vezes pelo cabelo que as madeixas rebeldes tornaram-se ainda mais eriçadas, ressaltando o desespero em sua aparência enquanto caminhava em círculos pelo quarto. Tinha que encontrar alguma forma de se comunicar com Melissa, estavam no século XXI, era impossível que uma pessoa fosse tão isolada a ponto de não ter nenhuma informação sua por aí.

Pensando nisso, pegou o seu laptop dentro de uma das malas, que ainda estavam intactas no canto do cômodo, e com uma pressa nunca vista anteriormente ligou o notebook. Incontáveis palavrões saíram de sua boca quando o sistema resolveu atualizar bem naquele momento, como se já não houvessem entraves suficientes para atrasar a sua busca por Melissa, em que cada segundo era crucial, afinal, ele não fazia ideia de onde ela estava, e nesse exato momento ela poderia estar indo rumo a alguma outra viagem, para um lugar que tornaria aquela tarefa muito mais difícil. Edgar tremia só de pensar naquela possibilidade, mas reiterando seu juramento, prometeu novamente a si mesmo que a encontraria independente de onde fosse.

Estava certo de que ligações tão fortes, como a que ele sentiu no momento em que viu Melissa pela primeira vez, aconteciam apenas uma vez na vida e apenas com sujeitos de sorte, e, portanto, não poderia jamais desperdiçar aquela chance que o destino lhe havia concedido.

Sem paciência para esperar o tempo requisitado pelo sistema do computador - que, por sinal, ainda estava com o progresso em 8% - pegou o celular em seu bolso e decidiu procurar por ela ali mesmo, ainda que os recursos fossem razoavelmente mais limitados.

Com sorte, conseguiu se lembrar do seu sobrenome, que Melissa havia lhe contado em uma das conversas matinais que sempre tinham. Melissa Garcia. Até mesmo o nome dela conseguia ser surpreendentemente harmônico, e saía como melodia dos lábios de qualquer um que a chamasse.

As buscas no site de pesquisas foram até satisfatórias, para a alegria de Edgar. No campo das imagens, apareceram alguns registros de Melissa em congressos e simpósios. Tão inteligente, pensou ele. Nas buscas em palavras, encontrou desde a lista de aprovação na época que ela havia prestado o vestibular até o site de seu consultório. Touché! Ali havia também um número de telefone, que obviamente deveria ser o dela.

Mas a decepção de Edgar foi eminente quando, ao invés da voz doce e suave de Melissa, ouviu do outro lado da linha telefônica uma gravação robótica e artificial:

— A marcação de novas consultas estará suspensa em virtude do recesso de Natal. Ligue novamente a partir do dia três de janeiro, por gentileza. Desejamos ótimas festas para você e sua família. — e desligou.

— Inferno! — esbravejou Edgar, atirando o celular com certa voracidade contra a cama.

As outras informações de contato disponíveis na internet se resumiam ao e-mail profissional e uma conta no LinkedIn cuja a última atualização fora há dois anos. A última alternativa que restava era aquela, e foi então que percebeu que havia uma estranha dificuldade em comunicar-se informalmente naquela plataforma.

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