Capítulo 1

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(Gael)

Privilegiado.
Eu diria que a riqueza é uma parte boa. Mas como toda família, a minha tem problemas. Discussões. Desentendimento em muitas coisas. Faz parte desse "privilégio".
Meus pais são divorciados, eu moro com meu pai, e minha madrasta.

Mas tem algo nessa maldita cidade, que me chama a atenção. É a Alysson. Ela se mudou recentemente. Ela trabalha em uma lanchonete, sempre vou lá. Mais ela é tão tímida, que mal me olha.
Ela é tão bela. Seus cabelos ruivos e seus olhos verdes é o que me chama mais atenção.

Hoje tem uma festa. Onde meu pai convidou várias pessoas. Meu pai foi eleito a prefeito. Roubando votos claro.

Estava terminando de enlaçar a gravata, quando ouço batidas na porta.

Gael- Pode entrar.

Alysson- Sou eu Gael.

Aquela voz magnífica. Abro a porta do quarto, e lá está ela. Radiante. Com uma saia Jens rasgada, e uma regata branca com um desenho do peito esquerdo. O cabelo preso em um coque e uns fios soltos encaracolado. Meus olhos brilham em ve-la.

Alysson- Eu vim trazer esse bilhete de mal gosto que deixou no restaurante hoje.

Ergo uma sobrancelha surpreso.

Gael- Obrigado.

Pego o papel e continuo a olhando.

Gael- Não gostou?

Alysson- Acho que sabe que tenho namorado.

Gael- É, eu sei.

Ela olha pra mim envergonhada. Volto a me olhar no espelho arrumando a gravata.
Ela vem em minha direção, e fica na minha frente. Toca nas minhas mãos, ela tira minhas mãos da gravata. E começa a laciar.

Alysson- Se você acha que me deixando um bilhete de péssimo gosto inclusive, vai me conquistar, está muito enganado.

Gael- Você não sacou?

Alysson- O que?

Ela continua fazendo o nó na gravata.

Gael- Mesmo eu deixando um "bilhete de mal gosto". Você está aqui no meu quarto afinal.

Ela me olha fundo nos olhos. Abro um sorriso.

Alysson- Você é um babaca.

Ela solta a gravata e sai do quarto. E então começo a rir.

Desço a festa, e já tem várias pessoas. Vejo Alysson me encarando as vezes. Vou até onde ela está com o pai, e ela me olha de cima a baixo.

Gael- Está linda Alysson.

O pai dela me olha com raiva.
E então meu pai começa seu discurso e promessas falsas.

Passa um tempo, e vejo várias pessoas indo embora.

Pai- Que ótimo.

Gael- O que?

Bebo um gole de whisky.

Pai- Você em uma festa não arrumou confusão.

Começo a rir.

Gael- Você que pensa.

Me levanto e vou até meu quarto. Fecho a porta. Passa um tempo meu pai bate na porta.

Pai- Gael eu preciso conversar com você.

Gael- Pode falar.

Pai- Estou conquistando essa cidade aos poucos. Pessoa por pessoa.

Gael- Isso tudo é uma máscara. Está se orgulhando disso?

Pai- Sim. Isso tudo é motivo de orgulho. Saber controlar tudo e todos. Se você não estiver por cima, vão pisar em você.

Gael- O que você quer pai?

Pai- Quero te ensinar. Quero que aprenda tudo sobre o negócio da família Duarte.

Gael- O que é o negócio da família?

Pai- Me encontra amanhã cedo no meu escritório. Você é herdeiro de tudo isso, tem que comandar. Nasceu pra ser um grande líder. E está na hora de aprender.

Ele coloca a mão no meu ombro, e sorri, logo em seguida sai do quarto. Tiro toda a minha roupa, e tomo um banho. Enquanto estou no banho, penso no que meu pai me disse. No fundo eu fico feliz por ele me incluir no negócio da família. E por outro lado, fico receoso por esperar qualquer coisa vindo dessa família.
Já é de madrugada e não consigo dormir.

Desço a cozinha, para preparar um lanche. Trombo com a minha madrasta.

Madrasta- Gael, vai logo dormir. Achei que era alguém querendo roubar.

Gael- Já estou indo.

Sorrio falso.

Madrasta- Ótimo. E anda logo.

Fico irritado, quem essa mulher pensa que é pra falar comigo desse jeito. Ela sobe.
Escuto vozes no escritório do meu pai. Me aproximo.
Que porra o pai da Alysson tá conversando com meu pai? Não sabia que eles se conheciam. Não consigo escutar nada da conversa, desisto e vou para o quarto.

Ainda na madrugada, sem dormir, escuto barulhos lá em baixo. Me levanto, e escuto meu pai gritando, e um barulho de tiro tão alto, que tudo fica mudo por uns segundos.
Vou correndo ver, e então o vejo morto, com um tiro na cabeça. Sangue para todos os lados, seus olhos ainda estão abertos, e ainda usa a roupa da festa.
Apesar de tudo, eu amava ele, e aquilo foi como uma facada no coração, cambaleio pra trás ainda raciocinando. Não consigo acreditar. Meus olhos enchem d'água, e uma lágrima cai. Meu coração se aperta, e fico com falta de ar. Ele se foi. Ele morreu.
Olho para o pai da Alysson. Aparentemente bêbado. O cheiro de gasolina queima minhas narinas.

Victor- Apodreça no inferno!

Ele pega um fósforo e acende. E então joga no chão. E tudo começa a queimar. Corro para a porta dos fundos, e então a casa toda pega fogo. Foi tudo tão rápido. Tudo explode, em questão de segundos. Fazendo com que eu caia no chão. O impacto machuca meu joelho e meu braço. Mas estou com tanto ódio e tanta dor, que isso não é nada. Nada comparado ao que vai acontecer a ele. A Victor.

Me levanto, e fico parado olhando a casa em chamas. Um ódio cresce dentro de mim... A raiva me consome. Fecho os punhos.

Me aguarde Victor, vou te fazer sentir a dor que estou sentindo... E eu digo, que vai ser muito pior. Viro-me, deixando a casa em chamas para trás. Deixando o velho Gael, para trás...

Presa a você. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora