Capitulo 21

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Alysson

Dois dias.
Fazem dois dias que estou presa numa cadeira de ferro, amarrada com cordas que cortam meu pulso cada vez que tento me mexer.
Dois dias sentindo tanta fome que minha barriga dói. Sentindo minha garganta tão seca que nem a saliva ajuda a molha-lá.
Dois dias sendo torturada pelo meu próprio corpo.
Dois dias sendo torturada pelo Gael.

Aqui é escuro. Tem cheiro de mofo. É abafado, agonizante, e me faz preferir a morte.

Gael abre a porta, e a claridade machuca meus olhos.

Gael- Pensou melhor?

Pensei muito bem.

Alysson- Eu fugi porque você é um escroto arrogante que só pensa em si mesmo. Não sabe o quanto foi bom ficar longe de você.

Ele me da um tapa forte no rosto. Sinto minhas bochechas latejarem, e meus olhos encherem de água.

Seus dedos alisam por minha bochecha e limpa as lágrimas.

Gael- Não diga mentiras meu amor.

Não consigo segurar as lágrimas.

Alysson- Me deixa sair daqui.

Digo entre dentes, suplicando.

Alysson- Por favor Gael...

Vejo um sorriso abrir em seu rosto. Ele aproxima sua boca do meu ouvido.

Gael- Implora mais meu amor.

Talvez a fome esteja me fazendo delirar. Talvez a sede esteja me fazendo ficar insana. Eu sinto vontade de mata-lo, e ver ele engasgar com o próprio sangue.

Eu não vou aguentar. Ele precisa me tirar daqui, ou me matar de uma vez. Mas esse é o jogo dele, me ver definhando. Me ver loucamente insana, me ver implorar.

Alysson- Pra você isso sempre foi um jogo não é?

Gael- Eu disse que íamos nos divertir.

Alysson- Me ver morrer é divertido pra você?

Sua expressão muda, vejo ele ficar sério.

Gael- Tudo tem uma consequência. Essa é a sua.

Por um momento achei que ele estava se referindo a me ver morrer, mas na verdade é outra coisa.

Gael- Você me desobeceu. Fugiu de mim, e conspirou com outra pessoa Alysson.

Meu corpo inteiro arrepia.

Gael- Esse foi o seu maior erro.

Ele chega próximo de mim, sua boca fica a centímetro da minha.

Gael- Seu erro foi achar que conseguiria se esconder de mim. Não importa o quanto tente, eu sempre vou te achar.

Fico imóvel, sentindo o ódio em minhas veias.

Gael- Mais uma chance. Quem te ajudou Alysson?

Alysson- Você se gaba tanto de ser o "maioral", e não consegue descobrir quem me ajudou?

Chego mais perto, tão perto que sinto sua respiração quente na minha boca.

Alysson- Isso é tão patético.

Dou um sorriso de lado. Ele bufa de ódio e se afasta de mim.

Gael- Suas chances acabaram Alysson.

Ele sai, e quando volta está com uma pessoa, um homem.
Meu sangue gela, e eu não consigo esconder a minha reação.

Alysson- Por que ele está aqui Gael?

Pai- Alysson...

Gael- Essa é a sua consequência meu amor.

Alysson- Do que está falando? Gael o que vai fazer?

Tento me mover, mas a dor latejante dos meus pulsos me impede.

Pai- Não chora querida, vai ficar tudo bem.

Gael da uma gargalhada alta.

Gael- Ficar tudo bem? Acredita mesmo nisso?

Não consigo me mover, não tenho forças.

Gael- Está aqui Victor, por causa da sua filha. Só o deixei vivo porque sou encantado pela Alysson. Apenas por isso. Mas dês do início eu dei regras, e a avisei das consequências. Todos os atos tem consequência. Ela tentou fugir de mim, e agora vai pagar as consequências desse ato.

Gael pega uma arma pequena e a segura com as duas mãos. Me debato na cadeira. Não me importo com a dor que estou sentindo nos pulsos, não importa a dor que estou sentindo em lugar nenhum. Grito, grito tanto que minha voz some.

Pai- Perdão filha por te fazer carregar essa culpa...

No mesmo segundo, seu corpo cai no chão sem vida.

Presa a você. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora