Deitei na cama ofegante e vi pela janela que tinha no quarto que já tava clareando o dia, porra.
Olhei pro Ret que tava tava em pé acendendo um cigarro, levantei e fui no banheiro, tomei um banho e quando sai ele continuava fumando.
Ret: o Maurício deixou vocês virem pro baile? Ele nunca deixa.- ele perguntou sem me encarar.
Anna: não, eu vim porque eu quis, sou dona do meu nariz, faço o que quero.- ele soltou a fumaça e me encarou.
Ret: gosto de mulher com personalidade forte.- ele levantou se aproximando e me encarou.
Anna: é.. acho que tá na minha hora...- engoli seco quando ele passou a mão no meu cabelo e começou a beijar o meu pescoço.
Ret: teu olhar é penetrante pô, me deixa instigado.- sorri de lado afastando ele.
Anna: acho melhor eu ir.- ele me puxou me beijando.
Pra quem não gostava de beijo né.
Separamos por falta de ar e ele abriu a porta, sai sem falar e entender nada. Só fui descendo o morro e pensando no que rolou.
Não sei porque, mas desde a primeira vez não consegui esquecer o jeito que ele faz, é de um jeito que nenhum outro fez.
Entrei no bordel pra pegar minhas coisas e já vi a Karina toda xoxa na cadeira.
Anna: o que foi amiga? Cê tá bem?- ela bufou e eu vi o Maurício vindo com uma cara bolada.
Maurício: resolveu aparecer?- ele falou num tom agressivo.
Anna: Colfoi Maurício?- encarei ele seria.
Tá achando que vai me intimidar com essa marra.
Maurício: vocês duas sumiram do nada ontem, foram pro baile e nem se quer vieram avisar, porra vocês trabalham aqui, tão achando que é bagunça? Vocês tem que cumprir a porra do horário, tem que dar satisfação caralho!- ele falou alto e eu segurei minha raiva.
Anna: a gente também precisa se divertir Maurício, você não ia deixar.
Maurício: tá achando que aqui é bagunça Anna?- revirei os olhos.
Anna: tá cara, eu sei que a gente errou, mas não tinha movimento ontem.
Maurício: foda-se. A Karina sabe muito bem do proceder aqui.- ela respirou.
Anna: fui eu que insisti pra ela ir, na boa Maurício não tô afim de discussão, a gente vacilou, eu sei, mas não vai se repetir.
Maurício: vou deixar passar essa ein, mas da próxima não.- ele falou firme e a gente assentiu.
Maurício: agora me deem o dinheiro que lucraram.- olhei pra ele com deboche.
Anna: tá de brincadeira né.
Maurício: você sabe muito bem que 50% fica com a casa.
Anna: acontece que eu não fiz nada NA CASA.
Maurício: você sabe as regras Anna.
Anna: não rola Mau Mau.- peguei minha bolsa e sai.
Deixei ele resmungando sozinho, cara o Maurício explora demais.
Quando cheguei em casa vi várias ligações perdidas dele, ignorei tudo e fui ajudar minha mãe no almoço.
Anna: oi minha gostosa.
Dalva: oi amor.- ela falou meio tristinha.
Anna: o que foi mãe? O que rolou? Cê tá triste aí.
Dalva: sua irmã.- neguei.
Anna: o que a Geovana aprontou dessa vez?- encarei ela.
Dalva: o de sempre Anna, chegando bêbada em casa e discutindo comigo. Isso me deixa triste, ver a situação dela e ela não querer uma melhora.- respirei fundo e fui pro quarto dela.
Nem bati na porta já fui entrando de uma vez e ela tava deitada com cara de ressaca.
Geovana: chegou a preferida da mamãe.- ela debochou e eu olhei seria pra ela.
Anna: Geovana tu ta achando que tu é criança porra? Você tem 16 anos caralho, toma juízo, para de deixar a mãe triste. Você sabe que ela tá doente, precisa da gente aqui com ela, com a cabeça no lugar.- ela revirou os olhos.
Geovana: nossa, falou a Santa Anna de Calcutá.- ela falou debochando- não vem querer pagar de Santa pro meu lado não Anna, sei muito bem onde tu tá metida.- engoli seco mas continuei firme.
Anna: para de mudar de assunto, você sabe muito bem que a errada aqui é você. Só sabe dar dor de cabeça, se achando a adulta!
Geovana: vai tomar no meio do seu cu e vai cuidar da sua vida caralho!- ela levantou e eu não me aguentei e meti um tapa na cara dela.
Anna: me respeita porra, não sou tuas amiguinhas não!- sai batendo a porta do quarto e escutei ela gritando.
A Geovana era uma fofa até os 14 anos, aí começou a se envolver com umas amizades e daí foi só ladeira a baixo. Fico triste por ela e principalmente pela minha mãe que fica vendo tudo isso e sofrendo.
Por que adolescente acha que é dono do mundo e que tá arrasando em todas as merdas que faz?
Eu espero muito que ela tome juízo e mude essas atitudes dela.
Sei que não sou nenhuma santa, longe disso, mas eu sempre evitei fazer minha mãe passar por preocupação ou vergonha, isso é uma coisa que eu odeio, papo reto.
Mãe nenhuma merece ter desgosto do próprio filho cara.
Dalva: vocês brigaram né?- ela perguntou assim que voltei pra cozinha.
Anna: eu só falei umas verdades a ela mãe, a Geovana tá se achando dona do próprio umbigo. Se ela quiser liberdade pra fazer as merdas dela ela vire uma pessoa independente primeiro e faça bem longe.- ela suspirou.
Dalva: eu odeio ver vocês brigando, minhas menininhas.- abracei ela.
Anna: ela precisa tomar jeito na vida mãe, a gente briga, mas eu amo ela. Falo isso pelo bem dela.
Dalva: eu sei Aninha.- beijei a cabeça dela e coloquei meu almoço.
* * *
Acabei de entrar no morro, pelo menos os vapores pararam de ficar falando gracinha. Quando cheguei lá dentro já vi o Maurício vindo na minha direção.
Maurício: quero você na minha sala agora.- respirei fundo e segui ele.
Anna: o que foi Maurício?- sentei na cadeira enquanto ele fechava a porta.
Maurício: então Estrellinha, você dormiu com o Ret ontem né?- fiz cara de desentendida - não mente porra, eu sei.
Anna: tá, mas e daí? Eu já te disse que não vou dar a porcentagem, eu não fiz nada na casa ou através dela.
Maurício: tudo bem, vou deixar passar dessa vez. Mas eu só queria te lembrar que foi eu que te fiz aqui dentro, foi eu que te lancei como acompanhante, acho que você deveria ser mais grata.- revirei os olhos me levantando.
Anna: eu preciso trabalhar, com licença.- abri a porta saindo.
O Maurício explora muito as meninas aqui, inclusive eu. Ele sempre lucra bastante, mas comigo o negócio é diferente, não vou deixar ele me manipular assim.
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𝙴𝚂𝚃𝚁𝙴𝙻𝙻𝙰 [𝙼]
Romance|| Rio de Janeiro, Colômbia📍 "com ela a vida tem momentos incríveis, com ela todos os meus sonhos são mais possíveis" |+16|