Capítulo 4

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-Espero que tenha razão -disse Maite levantando-se e abrindo os braços-. Oh meu Deus, tudo isto é meu!
-Teu e do banco.
-É tão jovem, Annie -disse-lhe May enquanto ficava olhando o lábio ferido com curiosidade-. Ouvi que lhe viram com o Ucker a altas horas da madrugada na caminhonete.
- Estes lugares pequenos! –exclamou Anahí-. Sim, Poncho estava armando um show no bar.
-Como nos velhos tempos -respondeu-lhe Maite com um estranho alívio-. Poncho é como um urso selvagem, verdade? Acredito que agora quase me teria que ocupar dele, é como um touro
-Não te aproxime muito dele, poder-te-ia fazer pó.
-A mim? Não acredito que Poncho faça algo assim, é muito educado.
-Homem! Isso está bem! -disse-lhe Anahí renda-se amargamente- É um selvagem. Como se lhe tivessem tirado das cavernas.
-Pois comigo sempre se levou muito educadamente. Não te resulta estranho que não se casou alguma vez?
Anahí sentiu como se lhe fervesse o sangue.
-Não me parece estranho. Está muito incivilizado para viver com uma mulher. Teria que deixá-la sem sentido e apontá-la com uma pistola para consegui que alguém se casasse com ele!
-Eu acreditava que era teu amigo.
-Era-o -disse-lhe Anahí friamente-. Bom, tenho essa reunião dentro de uma hora; é melhor que vá comer. Me alegro de que você goste do local.
-Eu também -disse-lhe Maite renda-se-. Me diga, você crê que Poncho será tão mau como pensa também na cama? É tremendamente sexy. - Anahí se sentiu incapaz de olhar nos olhos de sua amiga.
-Se você o disser... Já te chamarei quando tiver todos os detalhes da venda preparados. De acordo?-disse-lhe com um sorriso forçado.
-De acordo. Obrigado de novo.
-De nada.

Anahí tomou uma salada em um café, mas apenas sim se inteirou do que comia. Seus pensamentos não se separavam do Alfonso e das coisas que havia dito Maite a respeito dele. Depois, foi a seu escritório, onde o cliente a estava esperando dando-se passeios acima a abaixo. Anahí piscou os olhos um olho ao Angie, sua nova secretária.
-Olá, senhor Denton lamento chegar tarde. Estava terminando outro negócio.
-Não há nenhum problema -respondeu-lhe ele. Era um homem alto e com aspecto digno vestido com um traje cinza-. Eu gostaria de ir ao rancho, se for possível.
Ela duvido- Acredito que antes seria melhor ver se estiver o senhor Herrera.
- Já o comprovou sua secretária. Ele nos está esperando , iremos em meu carro.
A Anahí não gostou da forma autoritária de comportar-se, mas não podia discutir com um possível cliente, assim esforçou-se em sorrir e lhe seguiu.
-Sinto muito -disse-lhe Angie.
Anahí lhe fez um gesto de despedida e voltou a lhe piscar um dos olhos. Durante o tempo que durou o trajeto até -o rancho, Anahí se sentiu como se tivesse um nó no estômago. Não queria ver a Poncho. Por que o destino a atormentava dessa maneira? Seu esportivo negro, estava estacionado perto da casa, talher de pó e sujeira, o que fazia ver bem às claras o pouco que se utilizava, e a caminhonete que estava acostumado a utilizar Ucker para lhe recolher estava estacionada também perto... O curral estava deserto e a porta principal da casa estava aberta, embora não se podia ver nada dentro.
- É aqui onde vive? perguntou-lhe o senhor Denton enquanto estaciono seu carro diante da rústica casa de madeira.
-É um pouco excêntrico.
- Está louco -murmurou ele. O senhor Denton desceu do carro e Anahí lhe seguiu a contra gosto.

Quando estavam chegando às escadas, Alfonso saiu de repente ao alpendre. Parecia ainda mais alto do que era com suas botas de trabalho. Levava uns jeans desgastados e uma camisa azul, desabotoada que deixava ver seu peludo peito. Parecia cansado, mas seus olhos esverdeados estavam alertas e, pelo menos, parecia que estava de bom humor.
-Senhor Herrera? -disse-lhe o comprador com a melhor de seus sorrisos-. Tem uma bonita propriedade.
Alfonso acendeu um cigarro, ignorando por completo a mão que lhe estava oferecendo o homem.
-Parece que não lhe basta com um não por resposta, verdade? -perguntou-lhe Alfonso com um frio olhar.
Denton ficou desconcertado durante uns segundos, mas terminou por retirar a mão e voltar a lhe oferecer o sorriso.
-É assim como me fiz rico. Olhe, vou aumentar minha oferta em dois mil dólares a mais por hectare. É um sítio perfeito para me fazer uma casa quando me aposentar. Água suficiente, boa terra, paisagens bonitas...
- Você olhe -disse-lhe Alfonso lhe interrompendo-. Eu não gosto que me envenenem. Estas terras não são minhas e não quero as vender, já o disse; e também a ela acrescentou olhando a Anahí -Estou cansado já de falar, assim que a próxima vez que lhe veja por aqui, tirarei a pistola.
-Não me pode tratar assim, obtuso...
-OH, não! –gritou Anahí cobrindo o rosto, com as mãos.
Sabia o que ia passar a seguir. Estremeceu-se ante o ruído do golpe, o grito afogado e, por fim, o ruído surdo de um corpo caindo ao chão. Olhou então através dos dedos. O comprador estava tratando de sentar-se, e Alfonso estava de pé perto dele, fumando o cigarro como se não tivesse passado nada.
-Comprido de minhas terras, filho de...! -seguiu uma fileira de insultos enquanto se inclinava e agarrava ao homem da lapela lhe obrigando a levantar-se: Colocou a empurrões no carro e fechou a porta de repente.
Anahí ficou como petrificada quando o carro arrancou. Ficou olhando durante um comprido instante e então, com um suspiro, começou a andar seguindo o mesmo caminho que o carro.
-Onde demônios acha que vai? -perguntou-lhe Poncho.
-A cidade.
-Ainda não, quero falar contigo.
Ela se deu a volta e lhe olhou.
-Mas eu não quero. - Ele a agarrou do braço e a levou até a casa.
-Perguntei-te eu algo?
-Não, não o faz nunca! Faz o que te dá a vontade! Ele te ofereceu um preço bastante generoso. Me vais custar uma fortuna!
-Já te disse que não lhe trouxesse aqui.
-Mas você disse a minha secretária que podia vir!
-Demônios! O que disse a Angie é que podia vir se acreditava que estava em seu dia de sorte. E a pobre Angie não se deu conta do que aquilo queria dizer na realidade.
-Angie é nova -murmurou ela, permanecendo de pé no desmantelado salão.

Tal como é - ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora