Capítulo 26

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Logo marcou o número de Poncho e esperou, esperou muito, até que, por fim respondeu.
-Sim, me diga- disse ele com uma voz profunda e triste, como de derrota.
Anahí teve medo de que a fosse desligar, assim que lhe disse brandamente.
-Sinto muito...
Houve um comprido silencio.
- Por que te desculpa por dizer a verdade? -perguntou-lhe finalmente.
Pelo menos, estava falando com ela. Então, sentou-se no sofá com os olhos fechados.
-Como está?
-Viverei.
A Anahí não lhe ocorria nada mais que lhe dizer. Exceto possivelmente: Quero-te, parque lhe queria desesperadamente. Ma lhe havia dito que a amava, mas esses dias já se perderam no tempo.. Ela sabia que tinha matado esses delicados sentimentos que Alfonso tinha para ela.
-Ne... necessita algo?
-Não de ti, Anahí.
Ela já sabia, mas lhe ouvir a fazia dano e começou a chorar.
-Só queria saber como estava. Boa noite.
Quando estava prestes a desligar ele chamou por seu nome de uma forma que a impediu.
-Sim? -suspirou ela.
Houve então um largo silencio e ela conteve a respiração, esperando com toda esperança que lhe dissesse algo que demonstrasse que ainda sentia algo, por mais pequeno que fosse, por ela.
-Obrigado por ligar -disse-lhe ele depois de quase um minuto de espera.
-Vão ser me de grande utilidade essa espera- lhe respondeu ela e desligou.
Maite estava equivocada, pensou Anahí desesperadamente. Melhor havia outra mulher que nenhuma delas conheciam e de que não sabiam nada. Uma mulher de Phoenix ou de qualquer outra cidade. E esse pensamento esteve-a torturando durante quase todo o resto da noite.

Os seguintes dias foram uma agonia para Anahí. Perdeu o apetite, perdeu quase tudo, inclusive a vontade de viver. Pela primeira vez em sua vida, o trabalho não era suficiente para mantê-la viva e as lembranças de Tom, que a mantiveram ocupada, durante anos, se tinham transformado em umas agradáveis saudades do passado. Sentia falta de Poncho. Era como estar vivendo só com a metade do corpo.
Uma vez, meteu-se acidentalmente no restaurante de comidas rápidas da cidade, ia comprar um refresco para tomar no caminho do escritório e, precisamente quando saía, chegava ele.
O coração lhe subiu à garganta e baixou a cabeça. Nem sequer se sentia capaz de lhe olhar. deu a volta e saiu por outra porta. O olhar que tinha adivinhado em seus olhos tinha sido suficientemente expressiva.
Ao cabo de duas semanas, May passou por sua casa para convidá-la a ir com ela ao Rodeio que se ia celebrar na cidade.
- Lhe vejam -disse-lhe. -Estiveste trancada chorando muito tempo. Necessita um pouco de diversão.
-Bom...
-Pode vir com Chris e comigo. As coisas vão muito bem por esta parte do mundo; poderia dizer, inclusive, que já quase lhe tenho apanhado.
Anahí sorriu.
-Me alegro por ti, de verdade.
Mas não podia pensar sequer em ir na caminhonete ao lado de Chris, lhe ouvindo falar de Alfonso, assim procurou uma desculpa:
-Tenho algumas coisas que fazer antes na cidade, assim que eu irei em meu carro e nos veremos lá. De acordo?
-De acordo.

Anahí imaginava que Poncho estaria lá e, no último momento, quase se arrependeu de ir. Mas ele estaria como competidor, como quase sempre, e não ia ter que estar perto. Ia poder ve-lo, pensou, e essa tentação foi muito para seu faminto coração. Só lhe ver seria para ela como o céu.
Saiu de casa um quarto de hora antes de que começasse o rodeio e demorou muito em encontrar um lugar onde estacionar. Teve que deixar o carro em dobro fila junto a uma grande caminhonete, sabendo que teria que sair dali antes de que o dono queria ir-se.
May lhe fez um gesto com a mão de onde estava sentada com Chris. O braço do capataz lhe rodeava a cintura.
-Bem a tempo - disse-lhe May.
- De todas formas, mais vale tarde que nunca.
-Não encontrava estacionamento. Olá, Chris -disse Anahí sentando-se ao lado de May.
Parecia como se esse dia tivessem trocado ambas de forma de vestir. May levava um precioso vestido verde estampado e Anahí expunha uns jeans e uma camiseta azul.
-Olá -disse Chris sorrindo.
-Não sabia que você gostava dos rodeios.
-Ultimamente eu gosto de um montão de coisas estranhas. Parece que ao final, não necessitaste aprender a tocar o violão;
Chris riu e apertou Maite ainda mais contra si.
-É uma sorte, porque sou um desastre. Sabe que o chefe vai montar hoje?
Somente lhe ouvir nomear fez que o coração lhe desse um salto.
-Sim?
-Esteve treinando. Espero que leve o prêmio.
Anahí lhe buscou com o olhar por todo o recinto, tentando também ver se havia por ali alguma mulher que o fora desconhecida.
-E não trouxe mais para gente, para que lhe anime?
Chris e May trocaram um divertido olhar de cumplicidade.
-É obvio, está aqui. Somos nós.
-Surpreendente. Pensei que o objeto de seus cuidados estaria por aqui. Que tal está ficando a casa?
-Preciosa - respondeu-lhe Chris.
-De todas formas, parece como se ele tivesse perdido todo o interesse por ela, diz que não vai voltar a utilizá-la.
-Não há nenhuma outra mulher -murmurou May. - Já te disse que foi você.
Anahí se ruborizou.
-Já não.
-É que deixa de amar às pessoas simplesmente porque te zanga com ela?
Não, pensou Anahí. Ela não tinha deixado de amar a Poncho. Mas, o que tinha isso de bom para ela? Ia se morrer de um amor não correspondido e isso era tudo.
A competição de subida de cavalos selvagens foi muito emocionante. Muitos dos peões participantes fizeram muito boas montarias e as pontuações estavam bastante altas. Mas
quando Poncho entrou violentamente na areia, montando um cavalo chamado TNT um rugido surgiu dos degraus.
Montava maravilhosamente, pensou Anahí observando sua magra figura. Os zahones flutuavam ao vento e seu corpo se curvava elegantemente, com graça, como se absorvesse os golpes dos selvagens movimentos do cavalo. E quando soou o sinal do final de tempo, todo mundo soube que o prêmio maior o ia ser de Poncho.
-Maldito seja! Não é bom? -disse Chris.
-Acreditava que você fosse montar também esta vez. 

Chris olhou pra Maite com uma expressão sonhadora.
-Não, tinha coisas mais importantes no que pensar.

May se ruborizou e lhe aproximou ainda mais. Anahí se sentiu então vazia, fria e sozinha

Tal como é - ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora