Capítulo 27

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Os peões seguiram competindo com as montarias de touros e jogando o laço a novilhos. Poncho era o último a competir e quando desceu do cavalo e ficou diante dos largos chifres do animal, outro rugido alagou a areia. Ficou plantado sobre os talões quando o touro investiu, fez, um rápido movimento quando lhe passou ao lado e, lhe agarrando fortemente pelos chifres, girou seus poderosos braços e um segundo mais tarde, o touro estava no chão. Os aplausos estalaram nas escadarias, mas Anahí conteve a respiração quando Poncho voltou a ficar em pé. O touro voltava a lhe atacar.
-Não! -gritou ficando em pé.
-Poncho!
Mas era completamente desnecessário. Ágil como um gato, já tinha saltado a barreira quando o animal investiu.
Anahí voltou a sentar-se, mas estava completamente pálida. Maite lhe passou um braço pelos ombros.
-É -disse-lhe amavelmente.

-Leva já muito tempo fazendo isto. Está tudo bem.
-Sim, é obvio que o está - respondeu-lhe Anahí sobrepondo-se a seu medo.
Quando conseguiu relaxar-se de novo, ficou sentada, já tranquila, até o final do rodeio.
Tempo depois, quando se dirigia ao estacionamento para ver se o carro incomodava, May a agarrou pelo braço e a desviou de seu caminho. Alfonso estava colocando o cavalo no reboque e Chris se aproximou para lhe dar os parabéns.
-Chefe, tem-no feito muito bem. Parabéns.
-Isso quer dizer que não é muito velho -acrescentou May lhe abraçando quando chegaram junto a ele. Estou orgulhosa de ti.
Ele a abraçou também, sorrindo de uma forma que fez com que Any lhe encolhesse o coração. Pelo menos, May e ele eram ainda amigos. Nesse momento, deu-se conta de que tivesse preferido não ir, nem aproximar-se dele, nem ter que lhe falar. Alfonso levantou a vista, e a viu; então seu rosto adquiriu uma expressão muito séria.

- Vamos ver o Billy um momento -disse May.
- Nos esperem aqui!
Arrastou consigo Chris, que parecia alegre e triunfante.
Anahí fez um nó no lenço que levava ao pescoço enquanto Poncho a olhava.
-O... fez muito bem -disse ela tentando romper o comprido silêncio.
Ao redor deles havia um contínuo movimento de peões e cavalos e um contínuo murmúrio de conversações que lhes recordava que estavam em um lugar muito pouco íntimo.
-Não esperava verte em um rodeio -disse-lhe ele acendendo um cigarro. Não é exatamente o tipo de diversão que você gosta.
-Sim que eu gosto dos rodeios.
Nesse momento Anahí se deu conta de que Alfonso tinha um grande arranhão no peito, visível pelo pescoço da aberta camisa.
- Poncho, está ferido! O touro lhe... -disse-lhe aproximando uma mão para lhe tocar.
Como se esse leve e momentâneo contato lhe incomodasse a agarrou pelos pulsos e lhe apartou bruscamente.
-Não me toque, maldita seja! -exclamou com fúria.
Anahí ficou pálida e lhe olhou horrorizada. Era certo, odiava-a tanto que nem sequer podia suportar o contato de suas mãos. Tivesse querido morrer. As lágrimas apareceram a seus olhos e um gemido se afogou em sua garganta. Deu a volta e começou a correr por entre a multidão, chorando tanto que não ouviu a exclamação de Poncho nem seus passos enquanto a seguia. Anahí corria como uma louca, empurrando às pessoas, saltando cercas e atirando meninos e velhos ao chão.
Fez até que lhe faltou a respiração. Queria ir pra casa. Queria partir dali. Este era o único pensamento que havia em sua mente torturada.
Por fim chegou ao carro e se meteu dentro. Estava tão cegada pelas lágrimas que quase não podia ver para colocar a chave no contato, mas o obteve. Acabava de pô-lo em marcha e estava dando marcha atrás quando a porta se abriu de par em par e uma robusta e violenta mão se introduziu no carro, apagou o motor e ficou com a chave.
-Está louca! Te vais matar conduzindo nestas condições! -disse-lhe Poncho.
Respirava com dificuldade e a olhava furioso.

As lágrimas se fizeram mais abundantes.
-E que demônios importa? Não me importa morrer! Alfonso se sentou então a seu lado, olhando-a. Suas mãos emolduraram-na o rosto e a beijou, saboreando suas lágrimas e seus lábios trementes. E o soluço que escapou então da boca de Anahí se meteu diretamente na de Alfonso, mesclando-se com sua própria respiração.
Então ele fez que jogasse a cabeça para atrás e a apoiasse no respaldo do assento, sob a pressão de seus lábios. Acariciou lhe a língua com a sua, e a introduziu logo na suave e doce escuridão de sua boca. O duro peito de Poncho apertava seus peitos e pôde notar a potência de seus músculos, o calor de sua pele e o selvagem golpear de seu coração.
Era tão doce, tão doce... Depois de tantos dias e noites de desejo, necessidade, amor e pena... Anahí lhe deslizou as mãos pelos ombros e as afundou entre seu espesso cabelo.
-Alfonso - murmurou dolorosamente.

-Estou aqui - respondeu-lhe ele voltando a beijá-la.
-Tenho fome... de ti - murmurou ela. -Tanta fome... de sua boca, de suas mãos...
-Menina... -protestou ele voltando a inundar-se na quebra de onda erótica que lhes envolvia.
Muito tempo depois, ela sentiu como suas bocas se separavam. Abriu os olhos e estudou o rosto de Poncho.
Estava claro que podia sentir por ela o que fosse, mas que, pelo menos nesse momento, seu olhar refletia também uma enorme paixão insatisfeita.
-Quero... te ter -murmurou Anahí brandamente, lhe olhando nos olhos.
-Isto não mudara nada! -respondeu-lhe ele com os dentes apertados.
-Pelo menos, você daria um pouco de paz.
Os olhos de Poncho voltaram a abrir-se e procuraram os dela; ali encontraram dor, ânsia e solidão.
Anahí tentou um sorriso trêmulo.

-May me disse uma vez que devia tentar te seduzir. Que, provavelmente, deixaria
-Isso estaria bem como tema de um livro. Não? Uma virgem tímida seduzindo a um animal como eu
-Você gostaria?
Poncho começou a tremer e, até um momento depois não pôde controlar a reação dê seu corpo
- Serei... muito cuidadosa contigo -prosseguiu ela com uma risada nervosa e não te vou deixar incomodado. Prometo-lhe isso.
Poncho explodiu em gargalhadas, mas seus olhos permaneceram tranquilos e solenes. .
-Annie...
-Por favor - suplicou-lhe ela já quase sem esperanças.
-Não há forma. Você e eu somos muito diferentes, e o desejo se esfuma rapidamente. Está claro que nos desejamos, mas isso não resolve o problema, é mais, pode fazer que as coisas piorem ainda mais entre nós.
Ele suspirou profundamente e se separou dela.
-Não, querida. Você tem sua própria vida. Algum dia te encontrará com algum que tenha sua mesma educação e gostos, e viverá felizmente com ele. Eu estava louco quando pensei o que podia mudar algo. Adeus, Anahí.
Alfonso saiu do carro e a deixou sentada ali, lhe olhando. Então, ficou a pensar no que lhe havia dito e um lento sorriso de felicidade se foi formando em seus lábios. Secou-se as lágrimas e foi pra casa. Tinha algumas coisas a fazer.
Perto da meia-noite, Anahí havia tomado um agradável banho quente e se perfumou com o melhor perfume que tinha, além de maquiar-se como não o tinha feito em sua vida e colocar um precioso vestido amarelo grampeado por diante. Não levava nada mais. Escovou-se também o cabelo até que brilhou. Quando teve terminado com tudo isso, meteu-se no carro e se dirigiu para a casa de Alfonso.
Todas as luzes estavam apagadas. Estacionou diante do alpendre dianteiro, estava segura de que todos os meninos haviam saído, porque era sábado. Sorriu maliciosamente quando pensou no que estava disposta a fazer.

Tal como é - ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora