- Nos perdoe, Annie -disse-lhe May referindo-se a Poncho. Ele a seguiu como um cordeirinho, sem nem sequer olhar pra atrás. Anahí se sentiu então desconjurada. Não estava de bom humor para desfrutar da festa. Mas Chris pareceu dar-se conta do que lhe acontecia e deixou as outras pessoas com que estava conversando para reunir-se com ela.
-Parece que você se sente tão perdida quanto eu, senhorita Puente -disse-lhe ele amargamente-. Eu não sou nem muito amigo destas festas.
-E eu não estou tampouco com humor para estar nesta festa.
Anahí estava olhando a Alfonso. Lhe deu a mão a cada um dos componentes do grupo musical e agarrou um violão. Arrojando então seu chapéu para onde estava May, sentou-se com eles.
-Bom, pelo menos, vamos ouvir tocar o chefe – disse Chris.
-Não está acostumado a fazê-la muito ultimamente.
-Eu não lhe ouvi nunca.
-Não me surpreende. - lhe disse ele olhando-a.
-Provavelmente ele pensa que você prefere as coisas mais clássicas.
-Todo mundo parece me conhecer melhor que eu mesma - murmurou ela.
Na realidade, ela gostava muito da música country.
-Brigaram vocês dois? -perguntou-lhe Chris tranquilamente.
- Esteve verdadeiramente insuportável nos últimos dias.
-Já me dei conta.
Chris encolheu então os ombros e se apoiou contra a porta para escutar a música mais comodamente.
Os dedos de Poncho começaram a rasgar as cordas metálicas do violão em um movimento versão do Santo Antônio Rose. Anahí ficou extasiada. Até então, supunha que não o ia fazer mal, mas o que estava fazendo com esse instrumento fazia que lhe tremessem os joelhos. Era um perito
-É bom, verdade? -disse-lhe Chris.
-Sempre hei dito que tinha que fazer-se profissional; mas ele sempre me respondeu também que isso de ir de um lado a outro com um conjunto não lhe parecia divertido. Gosta mais ser boiadeiro.
Anahí dirigiu a Poncho um olhar carregado de tristeza.
-É maravilhoso - disse brandamente e, pelo tom que empregou estava claro que não se referia somente a suas qualidades como músico.
Chris a olhou com curiosidade, sentido saudades pelo que havia dito e pela curiosa expressão que se refletia em seus olhos cinzas. Assim. Voltou a olhar a seu chefe e sorriu.
Maite estava perto dele, aplaudindo e concentrada. Poncho a olhou e sorriu quando terminou a canção.
-Que tal se cantarem Dois mundos? -gritou Chris, Alfonso lhe olhou e franziu o cenho quando viu que Chris estava ao lado de Anahí.
-Sim, cantem. -apoiou May.
-Adiante, Poncho, canta-a!
-Ele escreveu essa canção -disse Chris a Anahí.
-Tivemos que lhe obrigar a registrar, mas nunca deixou que ninguém a canta-se ou gravasse em disco.
Era uma canção de amor. Falava de dois mundos muito diferentes, sem possibilidade de aproximação entre eles. E Poncho a cantava com uma voz profunda e modulada. Era a voz mais atrativa que Anahí tinha ouvido e durante o tempo que durou a canção esteve como hipnotizada. Em uma pausa, Poncho levantou o olhar e olhou a May. Anahí teve que fechar os olhos, embargada pela pena e a dor.
Quando terminou, produziu-se um momentâneo silêncio e, imediatamente depois, uma quebra de onda de aplausos.
- E se dedica a cuidar de gado. Lhes podem acreditar isso. - gritou
May rindo. Inclinou-se sobre ele e lhe beijou nos lábios firmemente.
-É grande!
Anahí se sentiu mau e Chris disse algo rude em voz baixa. Então a olhou, deu-se conta da palidez que subitamente se preocupou ao ver seu rosto e a agarrou pelo braço .
-Encontra-se bem?
-Só um pouco enjoada. -respondeu-lhe ela nervosamente. - Estive trabalhando muito ultimamente.
-Não foi você sozinha. Também o esteve fazendo o chefe.
O conjunto tinha começado a tocar de novo, esta vez música de baile. Chris olhou a seu chefe, que também estava olhando em sua direção, e desviou o olhar.
- Gostaria de dançar comigo, senhorita Puente?
- Bom...
-Eu acredito que podemos jogar o seu mesmo jogo- disse Chris olhando a Poncho.
-Não o entendo.
Ele a acompanhou então à pista de dança.
-Não importa. - murmurou.
Chris dançava tão mal, quanto Poncho na famosa noite das lições de dança... May, por sua parte, estava-lhes olhando com um ar de curiosidade. Chris lhe dedicou então um frio sorriso e continuou dançando com Anahí.
Então lhe olhou e viu uma expressão cheia de fúria em seu rosto. Era isso, Chris e Poncho estavam competindo por Maite. Suspirou. Então não era ela a única que sofria.
Instintivamente que Poncho ganharia de Chris em qualquer terreno, especialmente quando se tratava de amor.
-Está segura de que se encontra bem? -perguntou-lhe Chris.
- Na realidade, não -admitiu ela- mas o suporto.
Ele sorriu.
-Sim, senhorita. Imagino que o pode fazer.
A festa prosseguiu e Poncho não deixou os Gibson nem por um instante. Esteve todo o tempo tocando, e May estava perto dele embevecida. Anahí se sentou depois da primeira dança, deixando que Chris se ocupasse um pouco das outras mulheres. Havia muita gente ali, mais do que ela imaginava. E todo mundo parecia estar muito bem.
Anahí foi ficando mais e mais melancólica, até que terminou por rogar que se acabasse a festa para poder ir-se a casa. Nunca havia sentindo-se tão deslocada em sua vida. Ver o quanto bem que se davam May e Poncho era mais do que podia suportar. Ao cabo de um momento, Chris voltou para seu lado e ficou ali, observando como conversavam Poncho e May.
- Maite está muito bonita -disse Anahí tranquilamente.
Ele encolheu os ombros e olhou a uma parte de corda que tinha entre os dedos e com o que estava fazendo um nó de forca.
-Sim, suponho que sim.
Anahí sentiu então um súbito sentimento de solidariedade com o Ucker e murmurou impulsivamente:
-Você também, né?
Ele levantou o olhar, ruborizou-se e voltou a baixá-lo.
-Talvez é contagioso.
-A sério? Se encontrar um antídoto, diga-me isso.
-Eu mesmo digo.
Chris voltou a olhar a Poncho e a May.
-É desagradável Ela é muito jovem para ele.
-Mas você tem quase a idade de Poncho. Também é um pouco jovem para ti, não?
-E o que tem isso que ver? -protestou Chris.
Anahí se limitou a sorrir. Provavelmente ele se sentia tão deprimido quanto ela, assim apoiou amavelmente uma mão sobre um de seus largos ombros.
-Não te venha abaixo. Agarra um violão e pratica.
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Tal como é - aya
RomanceO mal educado granjeiro Alfonso Herrera queria aprender boas maneiras para assim apaixonar a uma mulher, e Anahí Puente era a única pessoa do povo que teria a suficiente educação para levar a cabo esse trabalho. Nenhuma outra mulher se atreveu a apr...