Capítulo 24

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Poncho seguiu rindo e Anahí não pôde suportar mais.
Todo mundo a seu redor estava falando; tinham estragado toda a representação. Passou por cima dele e saiu correndo para o banheiro. Ficou ali um comprido momento mexendo no cabelo. Como podia fazer uma coisa assim? Sabia comportar-se melhor do que o tinha feito essa noite.
Tinha-o feito de propósito e ela sabia. Tinha-o feito para tratar de pô-la em ridículo, de humilhá-la diante das pessoas que ele supunha ser de sua mesma classe. O que mais lhe doía era que o tinha feito para feri-la.
Poncho a estava esperando, tinha a cabeça baixa e olhava a ponta dos sapatos. Ouviu-a aproximar-se e levantou o olhar.
-Já te divertiste -lhe disse ela com dignidade. Vingança, como quiser chamar. Agora que me arruinaste a noite, por favor; me leve pra casa.
- Falou a senhorita Puente, de Charlestón. A dignidade é o primeiro...
-Fica muito pouca dignidade, muito obrigado. E já estou cansada deste jogo de tentar te civilizar. Dou-me conta de quando se trata de um caso sem esperança assim que o vejo.
Os olhos de Poncho brilharam por um momento
-Desistes?
-Oh, sim. Desisto. - falou ela com um sorriso gelado. - E é mais que uma mulher pode aguentar, Alfonso. Ao melhor, se alguém conseguir te pôr umas rédeas, poderá dizer às pessoas que é uma besta e que não sabe te comportar melhor.

A expressão que cruzou o rosto de Poncho foi indecifrável. Deu-se a volta e se dirigiu para a porta. Seguiu em silencio até o carro.
Foi uma larga e tensa volta a casa. Poncho pôs a rádio e a deixou soar para fazer desaparecer o silêncio. Quando pararam à porta da casa de Anahí, ela estava muito esgotada para ficar pensando no ocorrido. Ele a havia dito com seus atos o muito quanto a desprezava.
- Anahí -disse-lhe. Nem sequer lhe olhou.
-Adeus, Alfonso.
-Queria falar contigo - disse-lhe ele entre dentes. Quero explicar-te algo.
- E o que me pode dizer que me interesse? Você e eu não temos absolutamente nada em comum, me convide à bodas, já verei se encontro um pouco apropriado para me pôr. Ao melhor até te faço um presente. Mas tem que ser algo que tenha alguma utilidade para um selvagem como você.
Saiu do carro e fechou a porta com um golpe. Custou-lhe o resto da noite esquecer o olhar que lhe tinha dirigido Poncho quando lhe disse isso. Não tinha querido ser tão cruel, quão único tinha querido era lhe ferir tanto como ele a tinha ferido. Tinha ido dizer que seu mundo era superficial e estúpido e isso tinha sido a gota que encheu o copo; porque foi então quando compreendeu a razão pela que lhe tinha feito tanto dano estar apaixonada por ele. E acabava de lhe perder para sempre.

Anahí nem sequer pôde ir trabalhar no dia seguinte, estava doente pelo que tinha passado a noite anterior. Não teria comportado-se tão mal se Poncho não a tivesse provocado, não lhe tivesse ferido como o fez.
-Tenho enxaqueca -disse a Angie por telefone. - Se me chamar alguém, lhe diga que estarei no escritório amanhã. De acordo?
Angie duvidou.
-Maite estava aqui. Pediu senão quer mais vir o escritório. Perguntou-me se sabia se Poncho estava no cárcere.
Anahí agarrou com força o telefone.
-O que?
-Disse-me que montou uma briga ontem à noite e que disse a Chris que não lhe ocorresse te avisar. Danny teve que encerrá-lo. Me disseram que bateu o recorde de garrafas viradas e, para terminar, colocou seu carro de cabeça na piscina do Jim Handel.
Anahí fechou os olhos e as lágrimas se deslizaram através de seus olhos. Certamente tinha sido por sua culpa, pela forma em que lhe tinha tratado.
-Está ainda ali? 

-Não, May lhe tirou e o levou a sua casa para lhe cuidar. Deve estar bastante machucado, mas ela diz que ficará bem. May pensou que interessava saber.
-Bom, pois não. Não quero voltar ou seja nada de Alfonso Herrera em minha vida. Até amanhã, Angie. - terminou de lhe dizer com um soluço.
Estava na casa de May. Estava ferido e na casa de May.
Lhe estava cuidando, lhe amando... .
Anahí desmanchou-se em lágrimas. Tinha que deixar de chorar de alguma maneira, mas tinha o coração quebrado. Não tomou o café da manhã nem almoçou. Aproximadamente no meio da tarde, ouviu o ruído de um carro aproximando-se.
Olhou pela janela e ficou gelada ao ver a caminhonete de Maite estacionada diante da porta principal. Não queria abrir a porta. Nem sequer ia ter valor para falar com a outra
mulher! Maite tinha Poncho agora, que mais poderia querer?

May tocou a campainha e Anahí fingiu que não a ouvia.
-Annie! -gritou May. - Sei que está aí!
-Vá embora! Dói-me a cabeça e não tenho vontades de falar contigo - respondeu-lhe Anahí.
-Pois vais fazer ! Vou ter que quebrar uma janela?
Anahí decidiu que outra janela quebrada já era muito, assim abriu a porta a contra gosto.
- O que quer?
-Vim verte. Angie me disse que tinha enxaqueca e pensei que talvez queria que fosse à farmácia pegar algo.
- Já tem bastante com um paciente, te ocupe dele e me deixe em paz.
May aproximou-se, observando atentamente a seu amiga.
-Annie, o que acontece?
Isso. foi a gota que encheu o copo, Anahí posse a chorar outra vez.
-Oh, Annie não chore. Não posso suportar verte assim – lhe disse May ajudando-a a sentar-se-. O que te passa? Por favor!
-Nada.
-Nada - disse May olhando ao teto. - Alfonso se mete com o carro em uma piscina e você some do trabalho alegando uma dor de cabeça inexistente, e não lhe ocorre nada.
-Você já lhe tem, por que se preocupa pelo que me passe a mim? -grunhiu Anahí olhando-a.

Tal como é - ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora