Tal como é - aya

Capítulo 21

-Se nem sequer sei tocar a gaita - suspirou ele.
-Pois, e você tinha que estudar veterinária.
-Deprimo-me quando vejo sangue.- Chris lhe respondeu sorrindo.
-Acredito que os dois estamos deslocados.
-Eu também.
Foi uma má sorte que não olhassem nesse momento ao outro lado da sala. Se o tivessem feito, teriam visto dois furiosos pares de olhos, lhes olhando.
Poncho não tinha dançado nada essa noite, mas quando o conjunto tocou uma valsa agarrou a Maite e dançaram muito juntos durante todo o tempo que durou a musica, a última da noite.
Quando terminou a música, deu-lhes a mão aos Gibson, a May deu um beijo na bochecha lhe agradecendo a festa , e se dirigiu para onde estava Anahí tão a contra gosto, que lhe entrou o súbito impulso de ficar, gritar e de atirar qual .
-Obrigado, May -disse a sua amiga com uma forçada amabilidade-. Passei-me isso muito bem.
-Me alegro - respondeu-lhe May da mesma maneira.
-Já nos veremos.

Anahí saiu apressadamente da casa e entrou no carro como se alguém a perseguisse, mas Poncho tomou com mais calma e demorou um pouco mais em chegar.
-Parece que tem pressa - disse-lhe quando entrou por fim no carro e o pôs em marcha.
-Estou cansada - respondeu-lhe ela olhando pelo guichê.
-Do que? Só dançaste uma vez com Chris.
-Chris dança muito bem.
-Pois, todo o momento te pisou.
Anahí seguiu olhando ao exterior, esteve a ponto de dizer: Quão mesmo ele outra noite. Mas não ia cair nessa armadilha, assim guardou silêncio.
-May estava muito bonita, verdade? -prosseguiu ele. Nunca a tinha visto com o cabelo solto e num vestido como esse.
-Sim, estava encantadora - o respondeu ela entre dentes.
-Quer que façamos uma trégua? Pelo menos até que vamos ao balé. Seria uma pena desperdiçar essas entradas.
-Eu não vou a nenhum maldito balé contigo e não, não quero nenhuma trégua. Odeio-te! Estive-te vendo muito frequentemente ultimamente e acredito que isso afetou a meus neurônios.
-Eu acreditava que isso lhe tinha produzido isso a lembrança de seu defunto noivo.
Ela se voltou para ele com os olhos brilhantes pela fúria que a embargava.
-Para o carro! Quero descer agora mesmo!
Surpreendentemente ele fez justamente isso. Parou o carro em seco.

-De acordo! Se quer andar, adiante. Só ficam dez quilômetros até sua casa...
-Maravilhoso, eu adoro os passeios largos!
Anahí saiu do carro e fechou a porta de repente. Então, ele arrancou, desaparecendo na noite e deixando as marcas das rodas na estrada.
Não podia acreditar: Não lhe cabia na cabeça que ele tivesse podido lhe fazer isso. Ficou olhando um instante as luzes traseiras do carro e pôs-se a chorar. Sentiu-se sozinha e abandonada e; nesse momento, sim que lhe odiou de verdade por deixá-la abandonada de noite nessa estrada deserta. Olhou a seu redor nervosamente. Quase não podia ver-se os pés e sabia que os arredores estavam cheios de serpentes de cascavel. Começou a caminhar sentindo falta de com toda sua alma uma lanterna e desejando ter sido o suficientemente inteligente como para haver-se calado, pelo menos até que tivessem estado perto de casa. Tinha obtido que ele voltasse a separar-se dela, justo quando parecia que ia ficar de melhor humor.
Os lábios lhe tremeram. Agora se que tinha medo de verdade, não se via nem uma alma. Dobrou uma curva e se estremeceu quando viu o carro de Poncho que estava ali, apoiado no capô, fumando um cigarro.
-Maldito seja! -disse-lhe, mas estava chorando e não se entendeu o que havia dito. Ele soltou um ordinarismo e jogou no chão o cigarro. Instantes depois, ela estava entre seus braços.
Ele a sujeitou então com seus robustos e protetores braços. E ela seguiu chorando pela horrível noite que tinha passado e por como ia tudo entre eles.
-Sinto muito - disse-lhe ele ao ouvido-. Sinto muito.
Annie tremeu ante a profunda suavidade de sua voz.
-Tinha medo - admitiu ela por fim.